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Acabo de assistir na Band News ao comercial do colégio J. Piaget.

O foco é no sistema de ensino (claro!), que usa material didático próprio. Como sempre, assisti com aquela curiosidade e olhar crítico publicitários. E, claro, pesquei um problema.

Sou pai de uma menina de 3 para 4 anos e já estou naquela fase de procurar um colégio para ela estudar, já que a escolinha vai até o jardim “alguma coisa”. Eu já estava assistindo aos comerciais quando surgiu o do J. Piaget na tela. Opa, pensei, vamos ver o que esse colégio pode oferecer à minha menina.

A primeira frase me incomodou muito (sou redator, lembra?!), mas fui assistindo ao resto. Nas últimas frases me liguei no que estava pegando: um maldito vício de linguagem repetido pela coordenadora pedagógica do colégio. Vamos lá…

O filme começa com a seguinte frase: “O produto do J. Piaget Sistema de Ensino, ele é um material didático…” Argh! Essa é uma das encrencas que mais me incomoda a respeito da língua portuguesa (ou no total desrespeito à ela). Se o sujeito já foi empregado na frase, por que raios tem que repetí-lo, ou usar um pronome para “reforçá-lo”? E o massacre continua. “Porque nós sabemos que, hoje, o aluno, ele é multimídia.”

No decorrer do filme, mais nenhum problema. Assistindo mais algumas vezes pelo Youtube (cuja versão é a mesma da TV e que fiz questão de colar no fim do post), percebi que a moça só pisa na bola quando ela é mostrada falando com um interlocutor oculto. Quando a voz dela fica na locução em off, o texto é interpretado, sinal de que ela estava lendo o que falava naquele momento.

Enfim, minha dúvida é: a equipe responsável pela execução do filme e da Campanha como um todo deixou passar essa, ou a escola faz questão de nadar a favor da corrente que prega que devemos combater o “preconceito linguístico”?

Fico preocupado com isso, pois independente de qual seja o caso, eu estou ferrado. Como professor de Publicidade, devo ensinar aos meus alunos que na Publicidade, agora, devemos nos render deliberadamente às aberrações linguísticas, destratando a nossa pobre “flor do Lácio” nas nossas campanhas? Ou, pior, devo me preocupar com o futuro da minha pequena, que sentirá uma confusão ao chegar da escola, falando errado porque a professora ensinou assim, e eu, pobre Publicitário, tendo que corrigí-la, ensinando o certo e explicando que a nossa língua deve obedecer à evolução?

 

 

Estou esperando o dia em que Pedagogos e Linguistas promoverão uma versão pocket da Reichskristallnacht, esculhambando os nefastos “preconceituosos linguísticos”.

Foi lançado nesta semana o comercial da Vivo para o Dia dos Namorados. Uma puta sacada (Africa), usando a música Eduardo e Mônica (Legião Urbana) como enredo. Simples, mas eficiente, principalmente porque foi bem produzido (O2).

Já no primeiro dia foi parar nos TTs mundiais e bombou no Youtube, Facebook, blogs e afins. Um baita sucesso!

Mas, no mundo da Publicidade, sempre tem alguém querendo azedar o lado de outro alguém. Ontem, recebi um tweet do Meio & Mensagem sobre uma campanha da década de 1990, criada pela Salles para a empresa de telefonia móvel ATL, usando a mesma Eduardo e Mônica como pano de fundo e roteiro. Bom, não preciso nem dizer o estouro que deu nas redes sociais.

É aí que mora o perigo…

Já logo de cara, o povo começou a gritar “plágio”, “chupação” etc. Mas, o tio aqui tem uma opinião diferente a respeito.

Ok, os dois filmes usam Eduardo e Mônica. Mas, e daí? A música é da banda Legião Urbana, não da ATL, nem da Salles, nem da produtora. Além do mais, usar a música e não usar um casal para representá-la é praticamente uma idiotice, já que são um casal que se conheceu de maneira inusitada. “Mas, Lelo, poderiam ter usado um casal de chinchilas, por exemplo. Aí não ficaria tão igual!” Isso mesmo! Que tal você tentar treinar chinchilas para usar um celular? Será que teria o mesmo efeito?

Outro fato que notei (e aposto que todo mundo, inclusive os cricas de plantão) é que o comercial para a Vivo é bem mais comprido que o para a ATL. O desenrolar da história no atual é bem mais completo e complexo que o do seu antecessor. A Mônica do antigo parece ter a mesma idade (senão menos) que o Eduardo. Já no filme produzido pela O2, a moça parece ser mais velha e madura que o rapaz.

A edição do primeiro filme (ATL) nem chega perto da qualidade do segundo (Vivo). Tudo bem! Antigamente, não dominávamos tão bem algumas técnicas e, atualmente, em produção, é tudo muito mais bem desenvolvido e moderno. Mas, ainda assim, é diferente!

É claro que algumas cenas e situações dos dois filmes são muito parecidas (ou iguais, como alguns disseram). Mas, repito, a música é quem dá o tom do desenrolar da história. Além do fato de alguns elementos serem recorrentes em ambas as épocas. Um exemplo é o fato de os dois Eduardos acordarem e olharem a hora no celular, enquanto as duas Mônicas estavam tomando um conhaque no bar.

Porra! O que é que a música diz? Por um acaso as duas versões são diferentes a ponto de mudarem a letra de uma para a outra? Levante a mão quem é que nunca acordou e olhou as horas no celular pelo menos uma vez na vida!?! E, por fim, alguém consegue imaginar diferente alguém tomando conhaque num bar, tipo um bar diferente de um bar e um conhaque diferente de um conhaque?

As situações são as mesmas, mas os detalhes são muito diferentes.

Pensem em refilmagens, por exemplo. A Identidade de Bourne é uma refilmagem; Onze Homens e um Segredo também; idem para Thomas Crown. Alguém ficou de mi-mi-mi para essas refilmagens serem refilmagens ou acusaram de plágio seus roteiristas e diretores? Alguém ficou bradando que eram representações da mais pura falta de criatividade?

E para finalizar, por falar em Criatividade, vai aqui a definição que uso e cito todas as vezes que preciso falar dela:

“Criatividade é a capacidade de criar algo novo, inédito, diferente, nunca visto. Assim como tornar algo existente, já feito, em algo novo, diferente, nunca visto.”

Agora, assistam aos dois comerciais e tirem suas próprias conclusões.

… o “Don’t worry, be Suzuki”?
Primeiro, porque parece que o jingle foi escrito nas coxas. Tuuudo bem! Veio de uma puta Agência que eu respeito muito, mas que foi nas coxas, foi.
Aí, o meu irmãozão Filipe Crespo lança a história do Donato, redator da Ogilvy, que num tom meio irônico disse que se chama a atenção, não importa como, mesmo que seja tosco, tá valendo. Ok. Tosco chama a atenção, mas o povo de Planejamento há de concordar comigo que, em se tratando de Posicionamento, a última coisa que uma montadora quer é ser lembrada pela tosquisse que foi a sua última campanha.
Além disso, a letra é tão ruim que o jingle fixa na cabeça, mas as imagens do carro ficam de lado na memória. Vale salientar que o jingle fixa por ser ruim demais, como a patética canção Friday, da aspirante a imitação de cantora Rebecca Black.
“Ah, Lelo! Mas pelo menos a canção emplacou!” Claro! Entre as mais espinafradas da história do Youtube.
É como Dolly. Fica na mente, mas comprá-la no supermercado é o equivalente a usar palito de dente após as refeições.
Enfim, vão me chamar de frustrado, rabugento e me excluir do hall da fama da Publicidade (ou pelo menos destruirão minhas humildes esperanças de só ser lembrado), mas acabo de ler um trecho do livro da redatora Marina Negri (Contribuições da Língua Portiguesa para a Redação Publicitária), que resume de maneira fantástica o que eu sinto por essa nova safra de jingles horríveis:

“Vem de algum tempo a instauração de um modelo criativo que exibe claro, gradativo e disseminado empobrecimento do aspecto verbal de anúncios impressos e eletrônicos, baseado em gratuidades, repetições e modismos eventuais; em desproporção com o aspecto visual, cada vez mais sofisticado e quase onipresente nas peças.”

Ou seja, nem as imagens do comercial da Suzuki salvam a campanha.

O maior Publicitário que pisou na face da terra (e não discuto essa minha opinião com ninguém, foda-se), certa vez escreveu uma carta ao seu chefe, alertando-o sobre os perigos de o sucesso engessar a criatividade da agência em que trabalhava na época, a Grey Advertising. Li o texto pela primeira vez na graduação e, desde então, todas as vezes que leio, sinto um nó na garganta. Mas é de orgulho. Orgulho de ter tido um “antepassado” tão foda, mas tão foda, que mudou a Publicidade a ponto dela ser uma das profissões mais nobres que o mundo já viu.

Por mais que nos difamem, critiquem ou espinafrem, somo diferentes, somos bons, somos fodas. E esse texto me lembra disso a cada vez que leio. E cada palavra dele me diz que eu fiz a escolha certa.

Contemplem um verdadeiro tratado de poucas linhas sobre o que é, realmente, ser um Publicitário.

Valeu, Bill!

Nova York, 15 de maio de 1947

Caro senhor:

Nossa agência está crescendo. Isso é motivo para nos deixar satisfeitos, mas também para nos preocupar. Eu não me importo de dizer que estou profundamente preocupado. Estou preocupado de cairmos na armadilha da grandeza, de abordarmos técnicas em vez de essências, de seguirmos o curso da história em vez de criá-lo, de estarmos sendo dominados por superficialidades em vez de nos apoiarmos em princípios sólidos. Eu temo que nossas artérias criativas comecem a se solidificar. Existem muitos ótimos especialistas em publicidade. Infelizmente, eles só falam da melhor parte do assunto. Eles conhecem todas as regras e podem dizer a você se as pessoas em um determinado anúncio conquistarão um número maior de clientes entre os leitores de uma publicação. Eles são capazes de lhe dizer se uma sentença deve ser extensa ou breve. Podem dizer de que forma fragmentar um texto a fim de torná-lo mais atraente. Eles podem lhe dar fatos e mais fatos. São os cientistas da publicidade. Só há um pequeno empecilho. Publicidade é fundamentalmente persuasão e persuasão não é uma ciência e sim uma arte. É aquela faísca criativa de que sou tão orgulhoso em nossa agência e que eu estou tão desesperadamente amedrontado de perder. Eu não quero acadêmicos. Eu não quero cientistas. Eu não quero pessoas que façam coisas certas e sim gente que faça coisas inspiradoras. No ano passado, eu devo ter entrevistado cerca de oitenta profissionais – redatores e diretores de arte. Muitos eram de agências supostamente poderosas. Foi espantoso ver como eram poucas as pessoas verdadeiramente criativas. Claro, elas tinham experiência em propaganda. Sim, elas estavam a par das técnicas publicitárias. Mas olhe além da técnica e o que é que você encontra? Uma mesmice, um cansaço mental, uma mediocridade de idéias. Mas essas pessoas poderiam justificar cada anúncio baseadas no argumento de que obedecem às regras da propaganda. É como venerar um ritual em vez de Deus. Tudo isso não é para dizer que a técnica não é importante. Habilidade técnica superior torna um homem bom melhor ainda. O perigo é a preocupação excessiva com a habilidade técnica e o erro de confundi-la com o talento criativo. O risco está na tentação de comprar indivíduos padronizados que têm uma fórmula para a propaganda. O risco está na tendência natural de se ir atrás do talento comprovado, aquele que não nos deixa fora da competição, mas certamente nos fará parecer com todos os outros. Se vamos avançar, devemos exibir uma personalidade distinta. Devemos desenvolver nossa filosofia e não a filosofia publicitária de outros imposta a nós. Deixe-nos traçar nossos caminhos. Deixe-nos provar para o mundo que bom gosto, boa arte e boa redação podem ser bons de venda.

Respeitosamente,

Bill Bernbach

Filipe Crespo, dono e proprietário do Blog do Crespo, meu amigo e colega de profissão resolveu partir para outra carreira.

Agora ele resolveu ser o Amaury Jr. da Publicidade e entrevistou nada mais, nada menos que Ângelo Franzão, uma das maiores lendas vivas da Publicidade.

Brincadeiras à parte, uma entrevista bem legal que vale a pena ser conferida, principalmente nas dicas.

Por exemplo, Franzão destaca o quanto a categoria Titanium de Cannes é ainda pouco explorada pelos brasileiros (#ironiarulez); ou quando ele fala do mercado de Mídia lá fora e aqui no Brasil (coisa que meus alunos do 1o semestre tiveram em primeira mão com o Crespo); ou quando ele fala sobre o que um egresso do curso de Publicidade deve levar em conta na hora de procurar uma colocação no mercado.

Enfim, resumindo mesmo, leitura obrigatória. Passa lá!

P.S.: Viu, Filipe!? Não reproduzi!

Não é segredo para ninguém que eu sou um fã incondicional das redes sociais. Eu sempre falo delas nos meus posts, aulas e conversas com amigos. Todas as vezes que algum aluno vem me pedir um conselho sobre o planejamento do seu Projeto Experimental, sempre penso em algo que possa ser usado em alguma rede social. Todos os clientes da Agência PUC saem com alguma sugestão de Social Media.

A rede do meu coração é o Twitter. Simples, curto e prático. Mas, volúvel que sou, tenho a minha quedinha pelo Facebook, ainda mais que agora estou encontrando amigos da minha época de Exército que não via há 20 anos. E não é que a plataforma fez com que parecesse que nos vimos a última vez há uns dois dias, no máximo?!?

Agora, além de ter me proporcionado encontrar velhos amigos, criou uma nova plataforma para a minha quarta maior paixão (minha filha, minha esposa, meus pais e minha irmã são as quatro primeiras): a Publicidade.

O Facebook Studio é uma espécie de Facebook pra publicitários e agências. Pela sua própria conta no FB, você se conecta e, a partir daí, você pode postar suas campanhas ou de sua agência para que publicitários e Agências de todo o mundo possa analisá-las, criticá-las e comentá-las.

Da mesma maneira, todas as campanhas das agências estão ali para que sejam vistas por você e todo mundo que estiver por ali.

De acordo com o Ad Age, é a oportunidade do Facebook se aproximar da comunidade criativa mundial e agências de Publicidade.

Vale a pena dar uma passada lá e conferir. Assista ao vídeo da Coca-Cola e você vai entender.

Qual seria o resultado se combinássemos a marca Nike, referência e praticamente sinônimo de esporte, com Robert Rodriguez, um dos diretores mais brilhantes da nova geração do cinema? É pouco? Adicione Kobe Bryant, Danny Trejo, Bruce Willis e Kanye West. Voilá!

O resultado, você vê a seguir:

Pra quem gosta de cinema, basquete, publicidade ou os três juntos, um prato cheio!

Via Meio & Mensagem

Novo comercial da Harley Davidson criado por um consumidor da marca.

Saiba mais no Meio & Mensagem.

Todas as vezes em que se fala em ensino a distância (EAD) numa das instituições que dou aulas, todos se arrepiam. Desde os docentes, coordenadores, corpo administrativo e, principalmente, os alunos. Apesar de ser uma tendência relativamente antiga no meio acadêmico, aqui no Brasil ainda engatinha, por isso ainda há alguns contratempos, sejam eles técnicos, sejam por parte dos alunos, que ainda têm dificuldade em assimilar a proposta.

Independente do culpado, o processo pode até não andar a uma velocidade desejada, mas tem que andar. Assim, os professores (não me cabe falar dos outros envolvidos no processo) fazem das tripas coração para que a coisa saia do melhor jeito. Em algumas instituições, usa-se algum tipo de plataforma acadêmica para reunir todas as ferramentas necessárias a uma “aula não-presencial”, que pode ser através de textos para serem baixados, vídeo-aulas, fóruns, chats etc. Acho, realmente, uma coisa muito legal mas, como disse, ainda precisa de muitos ajustes para funcionar bem. Alguns até dizem que o EAD não tem futuro, como li numa reportagem dessas revistas do segmento educacional.

Mas, seja contra ou a favor, o EAD é uma realidade e os professores, de fato, se esforçam bastante, inclusive lançando mão, para os alunos que não conseguem se adaptar ao sistema, de artifícios tão conhecidos da era pré-EAD, como xerox na pasta, atendimento no corredor na hora do cafezinho e email.

Eu, por questão de tempo (pretendo concluir meu Mestrado até setembro deste ano), estou sem disciplinas EAD há algum tempo. Mas, de certa forma, continuo a dar os meus tiros na modalidade. Uma das coisas que mais faço quando estou conectado à internet é responder aos emails dos alunos, seja para assuntos da Coordenação, ou mesmo para matar dúvidas de aula. E vou te contar: alguns dos emails saem melhor que muita aula que ministro.

Por exemplo, um email que reproduzo abaixo, sobre qual estratégia meus orientados deveriam utilizar no seu Projeto Experimental. A aula sobre o assunto, foi ministrada (por mim mesmo) no semestre passado:

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From: Tiago Efectus
Date: 14 de fevereiro de 2011 09:49:49
To: “Prof. Lelo Brito”
Subject: Dúvida: posicionamento

Bom dia, Lelo, tudo bem?

Estamos com dúvidas quanto ao posicionamento. Aqui vai uma:
Podemos utilizar mais um tipo de posicionamento? É que, pelo que analisamos aqui, o Itaucard pode ter posicionamento por benefícios, mente, foco e escala.
Podemos trabalhar estes tipos ou é melhor “escolher” um e trabalhar mais pesado em cima dele?
Abraço!

Tiago Vieira Silva de Jesus

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From: “Prof. Lelo Brito”
Date: 14 de fevereiro de 2011 10:39:29
To: Tiago Efectus
Subject: Re: Dúvida: posicionamento

Bom dia, Tiago!
Não. É preciso escolher apenas uma estratégia de posicionamento.
Posicionamento é criado para se estabelecer a maneira como a marca será reconhecida/lembrada/associada pela mente do consumidor.
Se opta-se por mais de uma estratégia, corre-se o risco de se criar um posicionamento confuso na mente dele, resultando ou em rejeição, ou em dispersão.
Pessoalmente, optaria pela estratégia de benefícios, já que esse é u dos grandes diferenciais do cartão.
Primeiramente, listem todos os atributos do cartão. Num segundo momento, listem os benefícios. Feito isso, releiam a lista de atributos e determinem em que tipos de benefícios cada um deles pode se converter e completem a lista de benefícios.
Me tragam essas duas listas nesta quarta-feira para estudarmos juntos.

Por que não os outros?
Por mente, ou lembrança, pelo simples fato de que a marca Itaú já faz isso pelo cartão, assim como por todos os seus produtos. Assim, seria arriscado apenas contar com os valores agregados da marca, que poderia resultar até em um futuro problema.
O posicionamento por foco é uma estratégia difícil e complicada de se aplicar. Há um risco enorme em se utilizar o conceito equivocado. Por isso, é necessário, antes de tudo, fazer uma pesquisa profunda, mais quali, para tentarmos identificar o conceito que o PA mais se identifica e fazer alguns testes. Aquele case da Skol que usei como exemplo dá a entender que foi fácil. Mas só deu essa impressão porque está pronto e mastigado pelo Prof. Lelo. O conceito do “redondo” não surgiu da noite pro dia. Infelizmente, não temos tanto tempo para aplicar uma pesquisa decente para tal propósito.
O por ESCADA (não escala), definitivamente, não é o caso. A marca Itaú pode não ser a líder no market share nem share of mind, mas, com certeza, a diretoria e os acionista não acham atraente a ideia de se trabalhar com o conceito “o segundo melhor cartão”, ou “a marca que está entre as 5 mais respeitáveis de cartão de crédito”. Uma instituição bancária da envergadura do Itaú, jamais poderia se dar ao desfrute de se posicionar dessa maneira. Afinal, em se tratando de dinheiro (principalmente o nosso e não do banco), confiabilidade vem agregada apenas a conceitos como “melhor”, “maior”, “mais sólido” etc.

Ajudei?
Qualquer coisa, grite novamente!

Abração,

Lelo

Os antenados de plantão e, principalmente, os fanáticos por Artes Marciais (a propósito, me encaixo nos dois) não comentam outra coisa nos últimos dias a não ser a luta entre Anderson “Aranha” Silva e Victor Belfort. Para os desavisados ou desinteressados no assunto, foi uma luta entre dois dos maiores campeões do UFC e um embate entre dois brasileiros dos mais esperados em todos os tempos.

A luta em si, apesar de ter um monte de gente dizendo o contrário, foi redonda: dois oponentes de altíssima qualidade se estudaram por mais de dois minutos, sem nenhum golpe que comprometesse, até que tomaram iniciativa e, em menos de um minuto, um chute frontal na cara do Belfort definiu a luta. Isso mesmo! Depois de alguns minutos de enrolação (como os leigos chamam essa preliminar), a luta acabou de forma rápida e precisa.

Após o anúncio do campeão, começam as entrevistas e uma das mais esperadas era com Steven Seagal, que treinou Anderson Silva antes da luta. Com todo respeito a Seagal Sensei (sim, o cara coleciona dans em algumas artes marciais), eu não esperaria outra atitude dele na entrevista. Para quem não assistiu, ele literalmente capitalizou com a vitória do Aranha (leia a reportagem). Segundo o ator/mestre/ex-agente da CIA/monge budista, o chute que nocauteou Victor Belfort foi desenvolvido e aperfeiçoado por ele nos últimos 30 anos.

Depois dessa entrevista, muitos praticantes de Artes Marciais e estudiosos do assunto se revoltaram e começou uma enxurrada de emails, posts e tweets em defesa da verdade absoluta. Um grande amigo meu, praticante de Karate, garante que é um Mae-geri. Outro, do Hapki Do, diz que é Ap Tchagui. Um monte de praticantes de Muay Thai diz que é um chute clássico da luta. Mas, vou te falar que até no Judô temos esse chute (dentro da disciplina de Atemi-waza).

E onde eu quero chegar com essa ladainha toda sobre luta? Num ponto que vive assombrando a Publicidade: o plágio.

É claro que nenhuma das lutas citadas acima, em momento algum acusam umas às outras de plágio. Apenas defendem a paternidade do chute ou dizem que o Seagal adaptou um chute tradicional. Bom, na minha modesta opinião, Silva deu um chute que qualquer peladeiro sabe dar, mas que foi eficiente, ah, isso foi! O problema é que nas artes marciais, o chute frontal é praticamente que onipresente em todos os estilos. Por isso, não dá para dizer que os japoneses plagiaram os tailandeses, que por sua vez imitaram os chineses que copiaram a ideia de um manuscrito coreano antigo. Infelizmente, na Publicidade não é bem assim…

Por exemplo, a ilustração abaixo lembra que campanha?

Ponto pra quem lembrou da campanha da Suzuki (“Quem entra, compra”), feita pela Africa:

É claro que a agência negou o plágio. Mas, vale a pena dar uma olhadinha no trabalho do Mico Toledo (ex-Leo Burnett Lisboa).

Há outros casos (muitos outros na verdade) de outras agências. Pequenas, médias ou grandes, não importa o tamanho sempre tem alguma para comprovar o infame ditado que muitos professores meus (principalmente de Sociologia, Filosofia e Psicologia) repetiam: “em Publicidade, nada se cria, tudo se copia”. Eu sempre tive ódio disso e cheguei a me estranhar com um deles mas, infelizmente, começo a achar que alguns deles tinham razão.

É fato que muito do que a gente vê por aí é fruto de muita pesquisa e inspiração em referências. O problema começa quando a referência é literalmente chupada e estampada na criação. Assim não dá! Não é um chute, nem um acorde de música clássica de domínio público!

Outra campanha que me incomodou bastante, já mencionada aqui, é a última do Bradesco. Certo… eu falei sobre a porcaria do jingle, mas a campanha continua me incomodando, principalmente com aquela história dos dedos dos atores desenhando no ar o logo do Bradesco (igualzinho à ação nos filmes do Itaú). E não tem Cristo que me tire da cabeça que não foi proposital!

A Africa e a Young & Rubicam são grandes agências, mas não estão livres desses deslizes, assim como as outras. Mas que isso não se torne uma constante. Infelizmente, os Diretores de Criação não têm o mesmo saco que os professores das faculdades de ficar procurando de onde vieram as brilhantes (por vezes, suspeitas) ideias dos trabalhos de seus alunos. Aliás, para quem não sabe, a fraude acadêmica, nos últimos anos, se tornou uma grande e lucrativa indústria. E já não é de hoje.

Nunca vou me esquecer de um caso, na minha época de graduação, quando uma grande agência fez um processo seletivo para estagiários de Criação. Da minha turma (composta de 4 salas com quarenta e poucos alunos cada), um pouco menos que a metade ficou interessada. Me lembro nitidamente: era preciso desenvolver uma peça para revista com o tema “ecologia”. Eu já trabalhava numa pequena agência, mas não queria perder aquela oportunidade de estagiar numa grande, por isso, fiz o meu melhor. Após algumas semanas, saiu o resultado e, surpreendentemente, levou uma das vagas um colega nosso que não sabia a diferença entre layout e rough, muito menos era bom de Criação. Mas levou. Foi uma festa na faculdade.

Meses depois, o estágio acabou, bem antes do previsto. Segundo o nosso colega, o Diretor de Arte não ia com a cara dele, por isso fez de tudo para queimá-lo. Mas a verdade não tardou a surgir: um outro colega nosso, que já era da Criação de uma grande agência, fez o trabalho para o amigo, para dar uma forcinha na sua carreira. Vira e mexe, eu encontro com o meu ex-colega embusteiro. Ele trabalha numa grande empresa, num departamento qualquer, sabe-se lá como.

A pergunta que fica é: vale a pena trapacear? Bom, pelo jeito, no caso do rapaz acima, infelizmente sim. Ele muito provavelmente usou o nome da grande agência em seu currículo para cavar vagas em outras grandes empresas e se está conseguindo se manter, é porque deve ter aprendido algo com tudo isso, nem que seja a fazer as coisas por si mesmo. No caso das campanhas “inspiradas” nas outras ou em conceitos, rola uma polêmica, o meio publicitário se inflama, mas o restante da população não dá bola, a campanha faz sucesso e, principalmente, faz o seu trabalho: vender.

E no caso do Anderson Silva? Bom, pra começar, não foi plágio, muito menos trapaça. Silva é um excelente lutador e fez uma luta correta, limpa. Se o chute dele foi aprendido com o Steven Seagal, no Muay Thai ou jogando uma pelada com os amigos aos domingos, não importa. Essa paternidade desconhecida do chute teve o mesmo efeito positivo que nos infames casos de plágio e trapaça contados acima: resultou em sucesso.

Mas só em um dos casos a ética não foi chutada.

O que tá acontecendo com a Publicidade?

Tenho feito essa pergunta há alguns meses e ainda não consegui uma resposta satisfatória. Tenho cá minhas desconfianças, mas tudo com base em provas circunstanciais.

Minha bronca dessa semana é com os jingles. Bom, pra falar a verdade, já estou com os jingles atuais me incomodando há alguns meses, principalmente porque passo um tempo razoável no trânsito e, consequentemente, ouço muito rádio (quando não me encho e ponho meus mp3s nas caixas).

O do Bradesco, por exemplo, é uma das piores coisa que já ouvi em toda a minha vida, na categoria jingles. Texto bem pobre, recheado daqueles recursos literários que aprendemos na escola e que nos dão arrepios até hoje só de lembrar suas aplicações. Aliás, tais malabarismos que recheiam as canções de monstros (no mais pejorativo dos sentidos) da MPB, como Ivan Lins, Guilherme Arantes e outros lixos novos, como Maria Gadu. E MPB é a pegada da melodia do jingle do Bradesco:

Outro jingle que me incomoda bicas (como diz meu colega Louis Vidovix, do Letters from Louis), é o do restaurante Praça São Lourenço (onde, por coincidência, almoçarei amanhã). Infelizmente, não achei uma amostra dessa pérola da excrescência publicitária, mas é fartamente veiculado na Bandnews FM. Começa pela letra cheia de rimas pobres, usando termos tão rebuscados que fica cafona. E pra encerrar com chave de ouro, o cantor abusa dos trinados (aqueles tremiliques que as velhinhas de coral adoram fazer nas sílabas mais longas da música).

E, por fim, o jingle mais bizarro dessa nova safra é o da Santil (“Vamos aprender o jingle da Santil? É assim: 3998-…”). Admito que cumpriu o seu papel, pois nem preciso procurar pelo telefone da empresa em lugar nenhum, já que ele ficou grudado no meu córtex cerebral, mas ainda assim é muito ruim! Infelizmente (ou graças a Deus), não achei uma reprodução dessa maravilha.

Aí, me pego pensando: será que eu tou ficando crítico demais? Ou a Publicidade tá abrindo as pernas para o mau gosto dos clientes numa frequência maior?

Ou pior: será que aqueles alunos que eu e meus colegas docentes sentenciamos que o “mercado cuidaria deles” estão colocando à prova as teorias de Darwin?

Já faz um tempo que as criações da Young & Rubicam têm perdido aquele brilho das antigas.

Elas chegam ao leitor/telespectador/ouvinte/etc cada vez mais herméticas, com algum tipo de mensagem implícita que só algumas pessoas poderão entender. Parece que as campanhas são feitas com base em inner jokes, daquelas que todo mundo na Agência ri e acha um absurdo que o resto da humanidade não entenda.

Como por exemplo, essa para Activia, mandada pelo Prof. André Rodrigues:

Legal! O cara confundiu frango com peixe, ofendeu a dona da casa e o namorado dela foi buscar a sobremesa. Gancho pra falar do Activia.

O que???

Como o André levantou, deve ser porque, se você falar merda, tome Activia. Sacou? Merda, Activia, que ajuda a fazer cocô… Hein? Hein?

Pra não falar daquela do novo Fiesta (também lembrada pelo André) em que o cara é produtor musical, por isso ele gosta de aeromodelismo, ou o outro que é dermatologista, por isso ama cinema. Acho que é da JWT, se não me engano…

O que tá acontecendo com a Publicidade?

Como assim? Musica do Coelhinho da Páscoa no comercial de Natal d’O Boticário:

O que é que tá acontecendo na Publicidade?

Faz uns três dias, estava discutindo a regulamentação das profissões com minha esposa e um casal de conhecidos. Só para situar o leitor no contexto, minha esposa é dentista e o casal era formado por uma advogada e um publicitário.

Tudo começou quando falávamos sobre a formação dos profissionais atualmente. A conclusão era que o ensino de base está cada vez pior (#fato) já há uns bons anos, o que fez com que poucos tivessem acesso ao ensino superior. Consequentemente, o Governo, pressionado pela sociedade civil, resolveu mexer nessa situação e facilitar a entrada de todos na Graduação em vez de, claro, tentar consertar a situação do ensino de base (“Aaah… Dá muito mais trabalho e precisamos de uma solução imediata e que acalme a população”).

Como nem todos tinham condições de pagar a altas mensalidades das particulares (já que as públicas são mais difíceis de entrar, mas… noutra hora falo sobre isso), algumas faculdades optaram por reduzirem suas mensalidades para atender a essa nova demanda. Mensalidades mais baixas significam menos dinheiro entrando no caixa, o que dá à mantenedora da Instituição de Ensino Superior (IES) duas opções: aumentar o número de vagas por processo seletivo, criando salas com mais de cem alunos; ou reduzir drasticamente seus custos. Tanto uma solução, como outra, são extremamente prejudiciais à formação do discente de Graduação.

Infelizmente, há dez anos, quando todo esse processo no ensino superior começou, ninguém previu isso (mesmo quando o maldito Murphy gritava de seu caixão). Apenas nos dias atuais é que podemos constatar (e viver) os resultados dessa enorme lambança.

Salas muito cheias significam salas mais difíceis de se ensinar. Os alunos se dispersam com muito mais facilidade e em maior quantidade. Em resumo, ou o professor se estressa, tentando sobrepor a sua voz e ensinamentos à bagunça, ou ele simplesmente desencana e dá uma aula meia-boca. No primeiro caso, o professor sempre pede demissão.

Se a mantenedora de uma IES com mensalidade popular não consegue encher uma sala com mais de 40 alunos, só lhe resta diminuir as despesas. Água, luz e impostos em geral continuam sendo cobrados periodicamente, sem choradeira. Onde reduzir os custos? No material humano. Horas-aula cada vez mais baixas têm sido pagas aos docentes nessas instituições. Alguns até conseguem aguentar, mas, com o tempo, procuram outras IES para dar aulas ou atividades profissionais paralelas. Pode não parecer, mas isso acaba gerando um altíssimo turnover, já que o docente procurará quem paga melhor (e possivelmente, dará prioridade a esse). Isso tudo resulta em diferentes professores dando a mesma disciplina a uma turma no mesmo semestre, professores que aceitam ministrar uma disciplina que não é sua e outras atrocidades que vemos nas salas de aula.

Enfim, voltando ao assunto do início deste post, após contar isso tudo ao casal de conhecidos, todos na mesa (menos minha esposa que conhece a situação de perto) ficaram chocados. Assim, concluí que TODAS as profissões deveriam ser controladas e normatizadas, principalmente aquelas que exigem uma formação superior. O casal e minha esposa concordaram, mas com uma ressalva: nem todas as profissões precisam disso.

De acordo com eles (sim, todos estavam em uníssono tecendo o raciocínio, menos eu, claro!), profissões como medicina, odontologia, farmácia, enfermagem e as demais da área de Biológicas, tinham mesmo que ser regulamentadas, devido à sua importância e ao fato de lidarem com a vida. Um erro qualquer e a vida seria prejudicada. Na hora, me veio a imagem de um quadro na sala de espera de um médico da minha adolescência, em que uma pessoa comum desfalecida era disputada por um esqueleto (representando a morte) e um garboso médico, todo paramentado, de jaleco, máscara e touca (e se não me engano, com o estetoscópio pendurado nos ombros).

Aí, eu perguntei se só as profissões das Biológicas eram tão importantes assim, a ponto de as outras poderem absorver qualquer incauto. A advogada saiu em defesa da classe. O exame da OAB é essencial, pois filtra aqueles que poderão lidar com a justiça, por terem sido bem preparados na academia, daqueles que só colaram na faculdade e jamais poderiam ter em suas mãos a vida de um cliente, que poderia ser preso, perder dinheiro, bens ou a guarda de um filho. Sim, uma gigantesca responsabilidade! Eu mesmo tenho muito a agradecer aos bacharéis em direito, sejam os advogados com OAB, sejam os juízes que foram justos ou os policiais (delegados, no caso) que cumpriram seu dever. (Na hora me veio à cabeça a imagem de um quadro com um advogado gritando, enquanto ampara um cliente desfalecido, com outro advogado. Entre eles, um juíz, garbosamente paramentado, apartando a briga, segurando seu indefectível martelo.)

No decorrer da conversa, lembramos de outras profissões, como Engenheiros, Arquitetos, Administradores, Jornalistas e, pasmem, Professores. Aí, como eu não poderia deixar quieto (e contava com a nobre presença de um irmão de profissão à messa), perguntei: “E os Publicitários? Não precisam de uma regulamentação?”

Claro que todo mundo deu risada. Até o colega de profissão (que depois descobri ser dono de uma Agência, o que explicou tudo). Começou, então o despejo de argumentos do tipo “se o publicitário errar, não mata ninguém, não acaba com uma vida”. Foi aí que eu trouxe a conversa para onde eu queria e que resultou neste post (finalmente, né, porra!).

Vou tentar reproduzir aqui o meu discurso. Tentar, pois já estava com umas duas ou 10 taças de vinho na cabeça.

De fato, nós publicitários não temos o mesmo “poder” de vida ou morte que os valorosos médicos ou o conhecimento necessário do bacharel em Direito para se fazer justiça. Mas, a cada ano, surgem mais e mais pessoas que nos acusam de sermos manipuladores, mentirosos e perigosamente sedutores (ui!). Ou seja, indiretamente, a sociedade como um todo considera a Publicidade (e os responsáveis por ela) um assunto importante e que merece atenção. Quantas campanhas são veiculadas diariamente? Quantas delas realmente cumprem o sua função, que é o de vender uma idéia, imagem, produto, serviço ou empresa? Quantas delas simplesmente fazem o contrário? Pois é. As que não fazem seu trabalho, muitas vezes acabam com o produto, queimam um serviço, sujam a imagem de uma empresa, colocando em risco o emprego de muita gente (inclusive o do Publicitário).

Raciocinem comigo: uma campanha mal executada, para começar, significa dinheiro do cliente jogado fora. Sim! Campanhas são investimento (dinheiro) e investimento significa “estou colocando dinheiro nesse negócio esperando ter algum retorno financeiro futuro”. Se a empresa investiu uma certa soma em Comunicação, ela espera que essa Comunicação a ajude a vender mais e melhor seus produtos ou serviços, por exemplo. Os milhares (ou milhões) investidos, se a Campanha não funcionar, não retornam à empresa, muito menos com lucro. O que significa, no português claro, dinheiro perdido. Por sua vez, dinheiro perdido para a empresa significa “perdi toda a grana economizada”ou, pior, “como vou fazer pra pagar aquele empréstimo?”

Não é preciso ser nenhum Matemático ou Economista para entender o que isso significa para a saúde financeira da empresa. Em suma, a situação aperta, a empresa tem que cortar gastos, demite-se empregados, que por sua vez passam a economizar (ou deixar de gastar); menos dinheiro passa a circular no mercado; outras empresas passam a sofrer com a perda (ou a não entrada) de dinheiro e têm que demitir seus funcionários e cortar gastos… Um ciclo vicioso. Isso porque eu só resumi meu raciocínio.

Viram o que uma simples campanha mal feita pode causar?

Agora, vamos elevar a potência dessa suposta megalomania publicitária. Imaginem um Publicitário incompetente num mundo em que não exista um órgão regulamentador da Publicidade e Propaganda, como o Conar. Ou pior: digamos que tal Publicitário seja extremamente competente, mas sem nenhum escrúpulo (nem mãe). A indústria do tabaco, neste mundo fictício, deseja atingir camadas mais jovens e suscetíveis ao hábito do fumo e contrata esse Publicitário. Se a Campanha dá certo, imaginem o crescimento de casos de câncer, enfisema pulmonar, aneurisma, impotência etc. Imaginem quantos pais passariam a arrancar os cabelos preocupados com o aumento do gasto com cigarros de seus filhos.

Parece piada, mas não é. Uma coisa que faço questão de frisar a todos os meus alunos é a importância da profissão para a qual eles estão estudando. Sempre peço para que eles ajam a vida toda com ética e responsabilidade com todo o conhecimento adquirido na academia.

Mas, como nós Professores não temos controle sobre os egressos, defendo, sim, uma regulamentação das profissões. De todas, inclusive da nossa e da de Publicitário. Não uma regulamentação feita nos moldes frankfurtianos (blargh!), nem com Veterinários da Anvisa achando que entendem de Semiótica. É preciso separar o joio do trigo.

É preciso mudar tudo, desde a formação básica das crianças, moldando cidadãos éticos e responsáveis, mas sem essa merda de febre politicamente correta. A seguir, voltarmos ao modelo de ensino na Graduação da old school e por aí vai. Mais Mestres e Doutores na lida! Mais pesquisadores e mais estímulos a esses! Pasmem, ouvi noutro dia um beócio defendendo a não obrigatoriedade do Mestrado e Doutorado na docência e o fim do Professor de carreira.

Concluindo, se querem regulamentar algo, que comecem pelo profissional responsável pelos profissionais: o Professor.

Outro dia, minha esposa me contou que alguém perguntou se eu estava desempregado, pois eu estava em todas as redes sociais, postando, comentando e lendo.

Confesso que esse meu hábito de trabalhar e ficar online com o mundo através das redes sociais me tira algumas horas de sono. Sim, eu trabalho, estudo (Mestrado), fico com a minha família e amigos, navego pelas redes sociais das quais faço parte e ainda durmo um pouco.

O mais engraçado é que, há alguns anos eu me sentiria ofendido com essa pergunta. Mas quem é da área de Comunicação ou de Marketing sabe que, atualmente, rede social já não é mais sinônimo de vagabundagem. Claro, ninguém é de ferro e, vez ou outra a gente posta algumas bobagens na rede ou tira uns minutos para dar boas risadas. O legal das redes sociais é isso: entretenimento e trabalho num mesmo lugar, em muitos lugares, sem sair do lugar.

E as empresas já sacaram isso. Pelo menos algumas que, além de estarem presentes ativamente nas redes, não bloqueiam o seu uso pelos funcionários. Um bom retrato disso é o infográfico que a Mashable lançou ontem:

 

Alguns dados são muito interessantes, como o fato de as empresas B2B estarem mais presentes nas redes sociais qua as B2C, porém não são tão ativas como essas últimas.

Bom, se isso ainda não convenceu, leia a matéria completa em mashable.com. Melhor: leia todas as matérias disponíveis no site e releia um post antigo do Kickmarketing que já falava sobre isso.

Fonte: Blue Bus

Novo filme para Trident Whitening, da JWT de Porto Rico.

Nem vou comentar muito para não estragar a surpresa (imprescindível manjar um mínimo de inglês, infelizmente…):

Ontem mesmo, durante a minha aula, falei sobre a eterna luta entre Coca e Pepsi travada em seus comerciais.

A Pepsi, principalmente, sempre abusou do bom-humor e criatividade em suas campanhas quando o assunto é comparar.

E não foi diferente nesse último filme (com participação especial de Snoop Doggy Dog):

Fonte: Blue Bus

Realmente, quando eu acho que eu conseguirei me tornar um ser-humano melhor, menos ácido e mais compreensivo, vem alguém e liberta o meu monstrinho interior.

Estava no Facebook, dando uma conferidinha no meu wallpost, quando me deparei com uma mensagem da escolinha da minha filha para que eu visitasse o blog de uma das colaboradoras da instituição. E, claro, como estou tentando ser um ser-humano melhor, fui lá prestigiar o blog. Não entrarei em muitos detalhes, pois a história está apenas começando, mas é um blog de uma jornalista e professora, cujo mote é discutir educação. Os posts mais recentes são bastante sérios e bacanas, como um sobre a educação de crianças com deficiência. Começou ganhando o meu profundo respeito.

Mas, se existem pontos que devem ser tratados comigo com certa delicadeza para não me tirarem do sério, eles são cinco: Deus, família, Exército, Artes Marciais e Publicidade. Se não é pelo amor que sinto por eles, é pelo conhecimento que tenho sobre eles, ou os dois juntos. Enfim, num dos posts, a colega tocou numa ferida aberta que eu teimo em expor: a briga entre Anvisa e a Publicidade.

Em resumo, a colega resolveu noticiar o fato de um grupo de juristas defenderem a competência da Anvisa no controle da Publicidade de alimentos (a infame Resolução n° 24/2010, acertadamente suspensa). Não posso dizer se a ela concorda ou não com a nota pois, como uma boa jornalista, manteve a imparcialidade (mais pontos no meu conceito). Mas a história mexe comigo, contada de maneira imparcial ou não. E, claro, eu tinha que deixar a minha palavra, minha opinião. Ao clicar nos comentários, vi que alguém já havia falado e fui conferir. Era um advogado e professor de Direito Constitucional, que expressava a sua concordância com os nobres colegas, blá-blá-blá…

“Porra!”, pensei eu. No texto do blog, a jornalista cita os artigos constitucionais que fundamentam o texto dos juristas. O que mais me chamou a atenção foi o seguinte:

“Os juristas citam o § 3°, artigo 220 da Constituição Federal: ‘A propaganda comercial de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde estará sujeita a restrições pelos meios que a lei federal estabelecer, que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem dela’.”

Ou seja, restringir a comunicação do produto prejudicial à saúde pode, mas proibir a fabricação e comercialização dos mesmos, nem a pau! Não é uma maravilha? O cigarro, por exemplo: há quanto tempo está proibida qualquer tipo de comunicação nos veículos a respeito de produtos que tenham tabaco na sua composição? Há bastante tempo, não!? E há quanto tempo está proibida sua produção e comercialização? “Hahahaha! Hohohohohoh!”, respondem os executivos da Philip Morris e da Souza Cruz. Isso mesmo! Nunca nem restringiram nada de nada.

“Ah!”, você me responderá, “Mas é proibido vender cigarro a menores!”. E eu respondo: que atire a primeira pedra aquele que nunca viu um menor de idade fumando um cigarrinho com os amiguinhos do colégio.

Na boa? Eu trabalharia sem remorso nenhum para os departamentos de Comunicação de qualquer uma das duas empresas de tabaco acima citadas, nem teria problema nenhum em fazer campanhas lá fora para elas através de uma Agência, pois eu não estaria trabalhando para nenhum segmento ilícito nem para o crime organizado.

Que me desculpem os nobres e valorosos (e quando digo isso, não há nenhuma ironia, juro!) advogados mas, cada macaco no seu galho! A competência da Anvisa é “promover a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.”, de acordo com o próprio site do órgão.

E que me perdoem os juristas (que com certeza cairão matando neste que vos escreve, usando de todo o juridiquês disponível), mas se ainda temos cigarro, remédio controlado, comida estragada ou nada saudável e bebida alcoólica sendo vendidos A QUALQUER CIDADÃO, DE QUALQUER IDADE, a Anvisa não está fazendo o seu trabalho. Está prevaricando!

E, na boa? Ao tentar controlar a Comunicação, além de promover a censura (é sim, basta olhar o conceito), a Anvisa está pura e simplesmente tentando tapar o sol com a peneira da sua incompetência.

Em tempo: meu comentário, até o momento, está sob avaliação. Ele é basicamente um resumo (e bem mais educado) do presente post. Vamos ver no que vai dar…

Quais são os elementos mais recorrentes em campanhas publicitárias? Qualquer estudante de Publicidade sabe responder: humor, sexo, crianças e animais.

Desde a academia, a gente aprende que, além do humor, pessoas sensualmente perfeitas, crianças bonitinhas e bichinhos fofinhos ajudam a fixar a mensagem na mente do público-alvo de maneira mais fácil. Então, tá! A receita de bolo tá aí e é só ser seguida, né!?

Acho que não é bem assim…

Antes que alguns clientes começassem a bater na mesa com um osso em triunfo (como naquela cena de 2001, uma odisséia no espaço), achando que finalmente poderão se livrar das agências, a McCann da Ucrânia criou um aplicativo que combina porcentagens de sexo, crianças e animais, produzindo engraçadíssimos personagens que reproduzem um ser híbrido que representaria a campanha.

Entre no link http://www.think-mccann.com.ua/ e monte a sua campanha, digo, sua personagem. E pense bem antes de soltar alguma ideia brilhante ao seu cliente. Ela pode se parecer com isso:

 

Fonte: Ads of the World

A TDA_Boulder, uma agência de publicidade e design do Colorado (EUA), acaba de criar um dispositivo online que vai ajudar a diminuir as barbeiragens nas redes sociais.

O Social Media Sobriety Test (clique no link ao lado e instale para testar) é um dispositivo simples. Após instalá-lo no seu browser de preferência (no meu caso, o Chrome), todas as vezes que você quiser logar num de seus perfis de redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut etc.), o SMST é acionado e só libera sua entrada se passar no teste. Basta que você acompanhe, com o cursor do mouse, o movimento traçado pelo programa com um círculo (veja o vídeo). Fácil, para quem está sóbrio.

Então, #ficadica: se beber, não tuíte.

A Diesel lançou um vídeo comemorativo de seus 30 anos de vida: XXX.

já tá velhaco, mas não me canso de assistir. Muito bom!

Imagine-se no cinema, assistindo às vinhetas e traillers que antecedem ao filme. Então, vem a vinheta da pipoca (claro, tem que estimular a venda). No princípio, uma vinheta alegre, descontraída, família. Do nada essa vinheta se torna dramática, até assustadora…

Assistam que vale a pena. A ação foi criada pela BBH de Londres para o cliente St. John’s Ambulance, uma instituição que ministra cursos de primeiros socorros e fornece equipamentos para tal fim. Uma intervenção simples, mas que mostra que nem só de mídia tradicional vive a Publicidade e que às vezes, um susto vende melhor que muita musiquinha com refrão grudento.

Fonte: Ad Age.

Começa no dia 20 de setembro de 2010 a 11ª edição da Semana de Publicidade da PUC-SP, realizada pelo Curso de Publicidade e Propaganda da PUC e pela Agência PUC.

Para quem não sabe, a Agência PUC é formada só por alunos do Curso de Publicidade e Propaganda e, não por coincidência, foram premiados há alguns dias na etapa nacional do Intercom com a melhor campanha. Qual campanha? A da 10ª Semana de Publicidade, que foi muito bacana por sinal.

Neste ano, a Semana contará, como sempre, com feras do mercado e representantes de grandes agências como Ogilvy, Leo Burnett, AlmapBBDO, Lew/Lara, DM9DDB, entre outras gigantes. Além disso, teremos clientes-anunciantes falando sobre o outro lado do balcão, figurinhas carimbadas do Meio & Mensagem e algumas oficinas, que costumam ficar cheias (dentro e fora…).

Mais informações:

http://semanapp.wordpress.com/

http://twitter.com/semanapp


Anteontem eu recebi um tweet do M&M Online sobre uma matéria publicada no site.

A chamada era “Crianças reconhecem o papel da Publicidade”. É claro que parei tudo o que estava fazendo para ler o texto, já que uma das minhas maiores brigas no meio acadêmico é sobre esse assunto tão espinhoso e divisor de águas.

Só para situar quem não entende muito bem a encrenca, um grupo bastante significativo de psicólogos e sociólogos (principalmente esses últimos) “descobriram” que a culpa das mazelas e consumos supérfluos desenfreados é da “indústria da comunicação”, comumente representada em seus textos pela famigerada Propaganda. Uma corrente específica realiza estudos que tentam comprovar que as crianças sofrem compulsão consumista pela manipulação inescrupulosa da Propaganda infantil.

Bom, já começa pelo erro crasso cometido por esses leigos no uso da expressão Propaganda. Quem costuma ler o Kick, é ou foi meu aluno ou tem a paciência de aturar meus discursos inflamados em defesa da classe sabe a diferença entre ela e a Publicidade. Mas não vou entrar nesse terreno exaustivamente estudado. Minha bronca hoje é com outra cousa.

De acordo com a reportagem do M&M (Crianças reconhecem o papel da Publicidade), a Turner International do Brasil, responsável pelo canal Cartoon Network, realizou uma pesquisa no primeiro semestre deste ano com crianças e mães, usando métodos como grupos de discussão e tecnologias como o eye-tracking para entender a reação e a relação dessas crianças e suas famílias com as campanhas publicitárias.

O resultado mostrou que as crianças entendem certas sutilezas das mensagens publicitárias e sabem que as mesmas estão ali apenas como um mecanismo atrativo, além de terem a consciência de que não se tornarão mais bonitas, mais fortes ou terão poderes se comprarem o produto anunciado.

Ou seja, começamos a provar que a criança quer o brinquedo, não porque foi seduzida ou teve sua mente manipulada por uma mensagem subliminarmente diabólica, mas porque quer um brinquedo para simplesmente brincar. Crianças querem apenas ser crianças. A fantasia, o lúdico e a diversão já fazem parte do cotidiano das crianças antes mesmo das grandes agências brasileiras se tornarem médias, bem antes do Göebbels e seu Ministério da Propaganda revolucionar a técnica e muito antes de da Igreja Católica oficializar o conceito de propaganda. Isso é coisa daqueles adornianos apocalípticos que acham que a comunicação é nefasta e a causa da extinção da humanidade.

Mesmo o meu bom amigo Vinícius Fel com Limão me dizendo que a pesquisa tem tanta credibilidade quanto uma sobre os efeitos do cigarro encomendada pela Souza Cruz, ainda é válida, sim! Uma pesquisa patrocinada pela Souza Cruz, com certeza não usará fumantes inveterados, com mais de 20 anos de “bronzeamento pulmonar”, ou a família deste. A pesquisa da Turner usou crianças e mães. É claro que esse tipo de dado, o fato de uma empresa do segmento ter feito a pesquisa, dá margem a desconfianças. Mas, se for assim, pesquisas eleitorais patrocinadas pelo Governo também não merecem a menor credibilidade, não?!

Então, meus queridos leitores, vamos parar com essa palhaçada de requentar teorias da década de 1970.

O mundo mudou, o acesso a informações atualmente é facilitado ao extremo e se os pais são bundões a ponto de comprarem tudo o que o pirralho birrento quer, a culpa não é da Publicidade (muito menos da Propaganda).

É falta de tapa na bunda. Dos pais, não da criança.

“QUE A PROTEÇÃO DA CRIANÇA É TAREFA DE GRANDE RESPONSABILIDADE E DE ALTA COMPLEXIDADE E, PORTANTO, DEPLORA AS OPINIÕES SIMPLISTAS QUE PREGAM A CONTEXTUALIZAÇÃO DA PUBLICIDADE, POR DEFINIÇÃO, COMO VILÃ.”

Esse é um trecho da Carta Fortaleza, redigida pela ABAP – Associação Brasileira de Agências de Publicidade, reproduzida no Portal da Propaganda. Nela, a entidade defende, entre outros pontos, a falta de critério em acusar a Publicidade como vilã na persuasão, mais especificamente das crianças.

É um assunto pra lá de esgotado, cuja bandeira foi levantada por sociólogos e psicólogos que, no fundo, têm uma inveja reprimida dos publicitários, que conseguem aplicar suas teorias de uma maneira que eles jamais conseguirão.

A questão é simples:

a. Crianças não podem trabalhar, portanto, não podem ter um dinheiro que possam chamar de seu;

b. O dinheiro que algumas delas recebem vem em forma de mesada ou “dinheirinho pro lanche”;

c. Se os pais compram por ceder às pressões da criança, o problema não é da criança. Os pais são bananas e pronto;

Enfim, eu duvido que alguma criança sequestre a mãe, ligue para o pai no escritório e ameace cortar o pescoço da sua progenitora se o pai não comprar o brinquedo que viu numa campanha.

E não adianta virem com aquele papo de “a Publicidade se aproveita de um mecanismo que supre uma necessidade latente presente na forma de compensação da frustração contida numa repressão da fase oral…”.

Desculpe, não cola.

Tá na literatura, é? Então, me responde uma coisa: quem escreveu? Um Publicitário, um Psicólogo/Psiquiatra ou um Sociólogo?

Leiam o texto na íntegra e tirem suas próprias conclusões:

Carta de Fortaleza

A cada dia que passa eu perco a esperança de um dia ver um mundo em que as pessoas entendam que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

No caso, a minha indignação é com a falta de conhecimento de certas pessoas com relação à diferença entre Publicidade e Propaganda. Eu já escrevi sobre isso algumas vezes, o Filipe (Blog do Crespo) também. Até Jornalista, que teoricamente tá cagando pra essa diferença, ainda mais aqueles que não gostam da gente, já escreveu sobre. E o pior: de maneira acertada.

Mas, como devo ter dado a entender no início deste post, ainda tem gente que não sabe, acha que sabe e, ainda por cima, fica falando bosta (desculpem!) merda (desculpem!) besteira sobre o assunto.

No começo desta semana, uma aluna veio aos prantos me contar que quase foi demitida pelo chefe por discutir sobre os significados de cada termo. O chefe dela insistia numa coisa e ela, no que aprendeu. Bom, para encurtar a história o beócio fez um puta (desculpem!) baita escândalo, bateu na mesa dela, gritou com ela e a fez ler num livro do Kotler os significados das palavras.

Isso mesmo que você leu: KOTLER! O energúmeno usou Kotler para embasar sua teoria sobre Propaganda ser paga, por isso é sobre produto, e Publicidade significar tornar público, ou seja, publicar uma ideologia.

Aí eu me emputeci (desculpem!) descontrolei e resolvi que a mais nova “minha missão pessoal” seria a de tentar enfiar na cabeça do chefe da minha aluna a verdade suprema. Li e reli meus livros sobre o assunto para embasar melhor a resposta para o email que recebi dela pedindo socorro.

Segue abaixo o mesmo na íntegra. Espero que agora, depois dessa, cessem as imbecilidades que leio, ouço e vejo a respeito do assunto.

Boa noite, Carina!

Pois é, não me esqueci.
Lembre-se: a melhor hora de desferir um ataque ou uma retaliação é quando o alvo está desprevenido.
Mas, vamos lá…
Usar Kotler para falar de publicidade é a mesma coisa que você achar que aprender balé pode ser útil numa luta de muay thay.
Kotler (acha que) entende de Marketing. Os mais heterodoxos do Marketing acham que Kotler ainda é o guru do Marketing e acreditam nele como se ele fosse um profeta.
Não podemos reduzir a importância dele para o Marketing em geral, mas até a nova geração da área questiona alguns de seus conceitos.
Assim, não é de se admirar que seu chefe tenha utilizado um livro do Kotler como um muçulmano usa o Corão para justificar a resposta dele.
Os incautos e oriundos de outras áreas (principalmente os das Exatas…) tendem a achar o bom velhinho do Marketing um gênio, pois aprendem sobre a disciplina com ele.
O que os faz a dogmatizarem seus escritos e, aliado à inflexibilidade de sua formação “nativa”, não aceitarem nada de diferente, por considerarem blasfêmias.
Não podemos culpá-los e nem criticá-los por isso. O que dá para fazer é mostrar um pouquinho da coisa certa.
Kotler foi traduzido do inglês por alguém que, provavelmente, entendia no máximo um pouco de administração (se considerarmos que foi um tradutor profissional e não um administrador que fez o serviço). Em inglês, os termos PROPAGANDA, ADVERTISING e PUBLICITY são tratados levianamente, por simples particularidades da língua inglesa. Sabe qual? A mesma que temos por parte de alguns nativos da língua portuguesa: desprezo total pelo significado correto das palavras.
Kotler simplesmente ignorou, ao escrever seus tratados, os significados das palavras acima citadas (se bem que, pelo que me contaram pois não li, no último ele tenta se redimir e coloca os termos associados aos significados corretos). Se pegarmos um dicionário de inglês, não daqueles que traduzem a palavra, mas um de significados mesmo (inglês-inglês), teremos o seguinte (traduzindo):

ADVERTISING – área que produz descrições, em impressos, rádio ou TV, que promovam produtos e serviços.
PROPAGANDA – informação feita pública, especialmente feita por um governo, para persuadir pessoas a respeito de determinado fato ser verdade e necessidade de suporte ao mesmo.
PUBLICITY – informação dada na mídia (TV, jornal etc.), que cria algum interesse e uma pessoa ou produto.
Em traduções, é muito comum, ou por ignorância sobre o assunto, ou por pura preguiça de pesquisar sobre o assunto, cometer o erro crasso do falso cognato. Um exemplo comum disso é achar que REALIZE pode ser traduzido como REALIZAR. O tradutor da obra de Kotler cometeu algumas dessas atrocidades, o que acabou criando uma geração de seguidores equivocados, que por sua vez já ignoravam o uso correto das palavras em português. Prova disso, são os significados das palavras Publicidade e Propaganda em português:

PUBLICIDADE
1    característica do que é público
2    Rubrica: publicidade.
arte, ciência e técnica de tornar (algo ou alguém) conhecido nos seus melhores aspectos, para obter aceitação do público
3    Rubrica: publicidade.
divulgação de matéria jornalística, ger. por encomenda de uma empresa, pessoa, instituição etc., por qualquer veículo de comunicação
Etimologia
público + -i- + -dade, prov. por infl. do fr. publicité (1694) ‘caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido’, (1829) ‘conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial’; ver public-
PROPAGANDA
1    divulgação, propagação de uma idéia, uma crença, uma religião; apostolado, proselitismo, catequese
Ex.: trabalho de p. da Igreja católica
2    ação de exaltar as qualidades de (algo) para um número ger. grande de pessoas; anúncio, reclame
Ex.: <fazer p. de um candidato> <a p. é a alma do negócio>
3    disseminação de idéias, informações (verdadeiras ou falsas), boatos etc., com o fim de ajudar ou prejudicar (outrem); campanha
Etimologia
red. da expr. do lat.ecl. congregatio de propaganda fide ‘congregação para propagação da fé’, instituída pelo papa Gregório XV em 1622, em que propaganda é abl. fem. sing. do adjetivo verbal ou gerundivo propagandus,a,um ‘que deve ser divulgado’, do v.lat. propagáre ‘pôr em mergulhia; multiplicar, propagar; prolongar; estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver’; tratava-se de um colegiado cardinalício encarregado de balizar as normas sobre como devia ser difundido o Evangelho; o t. incorporou-se ao port. já englobando as acp. modernas, prov. por inf. do fr. propagande(1792); ver propag- e pag-
Ou seja, já se pode ver que o próprio Houaiss aponta essa diferença gritante, mas que a gente que é Publicitário tá careca de saber. Inclusive a respeito de quem é quem.
E por falar em Publicitário, vou citar dois deles falando sobre as diferenças entre as duas técnicas:
1. José Benedito Pinho (Publicitário, Professor de Publicidade e autor de diversos livros sobre Publicidade, Propaganda e Comunicação em geral)
De acordo com o J.B. Pinho, em seu livro Comunicação em Marketing, ambos são técnicas ou atividades de comunicação de natureza persuasiva. Mas, a diferença está nos seguintes pontos (citando diversos outros autores, incluve):
a. PROPAGANDA –  “ações que estão voltadas para a difusão de ideias, principalmente políticas”; “é o conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão destinadas a influenciar, num determinado sentido, as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público receptor”; etc. São 10 os tipos de Propaganda: ideológica, política, eleitoral, governamental, partidária, corporativa, religiosa, social e sindical.
b. PUBLICIDADE – “é a disciplina do composto de promoção cuja força provém da sua grande capacidade persuasiva e da sua efetiva contribuição aos esforços para mudar hábitos, recuperar uma economia, criar imagem, promover o consumo, vender produtos e informar o consumidor”; “(…) tem um papel central na construção e manutenção de marcas fortes e duradouras”; “o conjunto de técnicas de ação coletiva utilizadas no sentido de promover o lucro de uma atividade comercial, conquistando, aumentando e mantendo clientes”. Existem 9 tipos de Publicidade: de produto, de serviços, genérica, de varejo, de classificados, comparativa, cooperativa, de promoção e legal.
2. Armando Sant’Anna (Publicitário, Professor de Publicidade e autor de diversos livros sobre Publicidade e Propaganda e Comunicação)
O livro do Armando Sant’Anna, Propaganda: teoria, técnica e prática, é mais técnico e aprofundado. Segundo ele, “PROPAGANDA é definida como a propagação de princípios e teorias. (…) Deriva do latim propagare, que significa reproduzir por meio de mergulhia, ou seja, enterrar o rebento de uma planta no solo. Propagare, por sua vez, deriva de pangere, que quer dizer enterrar, mergulhar, plantar. Seria então a propagação de doutrinas religiosas ou princípios políticos de algum partido. Vemos, pois, que a palavra PUBLICIDADE significa, genericamente, divulgar, tornar público, e PROPAGANDA compreende a ideia de implantar, de incluir uma ideia, uma crença na mente alheia.” “A PUBLICIDADE é uma técnica de comunicação de massa, paga com a finalidade precípua de fornecer informações, desenvolver atitudes e provocar ações benéficas para os anunciantes, geralmente para vender produtos ou serviços.”
Já deu pra notar que os termos que utilizamos e como os utilizamos são de maneira a seguirmos os preceitos de uma língua de raiz latínica. Kotler escreve numa língua de raiz anglo-saxônica. Conclusão: infelizmente, nas traduções, muita coisa se perde e muita coisa se traduz para o literal, o que acaba gerando uma série de equívocos.
Bom, eu poderia ficar aqui citando autores e mais autores decanos da Comunicação e da PP, demonstrando que tal diferença é exatamente aquela que nós, Publicitários, propagamos. Mas, já que eu dei um peso maior nas explicações sobre PUBLICIDADE, vou encerrar o meu primeiro email sobre o assunto dando uma pequena dica sobre essa diferença que assombra os leigos em Publicidade e Propaganda: um dos maiores mitos da Comunicação de Massa, responsável por diversas técnicas de comunicação utilizadas até hoje, foi o Ministério da PROPAGANDA Nazista, dirigido por Joseph Goebbels.
E aí? Ajudou?
Caso ainda seja insuficiente, eu jogo todos os meus autores na mesa para tentar jogar um pouco de luz nessa massa de fariseus incrédulos.
Mas uma coisa é certa: Kotler não serve para falar de Publicidade e Propaganda. E nenhum outro autor de Marketing, a não ser que ele realmente tenha aprendido com um Publicitário de verdade.
Bjs. e boa sorte na empreitada.
Lelo

Sabe qual é a semelhança entre bebida, cigarro e carros?

Uma nova lei regulamentará as campanhas de veículos (carros, motos, caminhões etc.). Assim como em campanhas de cigarros e bebidas, frases de alerta deverão acompanhar as peças. Por exemplo:

– “Respeite a sinalização de trânsito”;
– “Faça revisões em seu veículo regularmente;
– “Cinto de segurança salva vidas”;
– “No trânsito somos todos pedestres”;
– “Capacete é a proteção do motociclista”
– “Transporte com segurança: use a cadeirinha”

Ahhh! Bons tempos em que a publicidade era inocente, insipiente mas, assim mesmo, criativa.

Como esse comercial antigo da Telesp sobre depredação de orelhões:

Tempo tão feliz…

Agradecimento especial ao @Dehhsign por ter momentos de nostalgia contagiante pelo Twitter.

Aliás, um flashezinho do comercial aparece naquela campanha da APP que mostra que a propaganda não manipula.

É oficial, povo!

Será editado aqui no Brasil o guia de episódios de Mad Men, 1ª e 2ª temporadas. A tradução já está em andamento e provavelmente será lançada junto com a exibição da 4ª temporada.

Pra quem não vai conseguir aguentar a espera, na Amazon.com tem o Guia Não-oficial:

Vou usar a minha rede de influências para sugerir a tradução desse também.

Uma coisa é recorrente quando oriento Projetos Experimentais: os alunos nem terminaram o briefing e já estão pensando nas peças, no slogan e tudo mais.

Por mais que eu tente explicar, nenhum deles consegue entender (ou aceitar) que não dá para colocar o carro na frente dos bois e criar uma campanha sem ao menos fazer uma pesquisinha quanti.

Mas, ontem, ao ler a newsletter do Mundo Marketing tive uma agradável surpresa: uma matéria que fala justamente sobre isso. Uma boa ideia vem sempre depois de uma boa estratégia. Tão adequada que um dos exemplos utilizados é da 51 (“uma boa ideia”).

Recomendo muito, principalmente aos meus alunos.

Clique aqui para ler a matéria e entenda de uma vez por todas o porquê de se colocar o carro atrás dos bois.

Que Juicer Walita, que nada! As frases acima abrem os vídeos com um dos aparelhos mais legais que já vi.

Há umas duas semanas assisti a uma palestra de um mídia (Nããão… não vou falar o nome nem a agência) muito da sem vergonha e sem graça. Mas, como de tudo se tira pelo menos 1g de coisa boa, ele falou de um case que, pessoalmente, achei fantástico.

Uma empresa de liquidificadores, a Blendtec queria fazer comunicação, mas tinha uma merreca para investir. Contratou uma agência de publicidade que tinha tanta criatividade quanto coragem.

A grande sacada veio do teste de qualidade: toras de madeira são colocadas no copo do liquidificador. Se liquidificarem, o aparelho vai para a loja.

E por que não qualquer outra coisa, como um iPhone? Sim! O gadget mais desejado do planeta reduzido a pó quase microscópico. O primeiro filme deu origem a famigerada série Will it Blend?, protagonizada por ninguém menos que o presidente da empresa: um senhor de meia idade com uma cara de maluco, daqueles que você jamais colocaria na cadeira do maior cargo de uma empresa. Deu muito certo.

Abaixo, a última do Tom:

Com certeza, o pessoal do Update or Die já deve ter postado há anos. Mas, como não é todo mundo que lê o UoD…

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Em tempo: a segunda palestra da noite (e a palestrante) foi, de longe, a melhor.

Dois paradigmas assombram os setores publicitário e acadêmico da minha mente:

1. Já faz um bom tempo que se alardeia a importância comercial do segmento homossexual. Mas, até então, seu potencial nunca foi bem explorado;

2. O McDonald’s, que sempre foi uma empresa que investiu em comunicação de massa, vez ou outra fala com um público específico, mas sempre amarrado ao quinteto homem-mulher-adulto-adolescente-criança.

Hoje, ao conferir meu Twitter, num tweet do Neil Gaiman vi que os dois estão sendo esmigalhados. O McDonald’s da França veiculou um comercial voltado ao público homossexual. De muito bom gosto e de uma sutileza única:

Saíram do comum sem precisar recorrer ao humor escrachado ou preconceituoso.

Mandaram bem!

Vou abrir duas exceções hoje.

A primeira, é entrar na internet para fazer algo (no caso escrever nesse blog…).

A segunda é falar bem de uma ação de merchandising.

Quem me conhece sabe que, apesar de eu reconhecer sua importância, eu abomino o merchandising em TV. Não dá! Acho simplesmente um horror  a interrupção do programa na melhor parte para uma mensagem estrategicamente colocada no contexto.

OK. Puta idéia, mas eu não curto.

Enfim, hoje, 25 de dezembro (dia do Papai Noel, segundo a minha filha), assistindo ao Pânico na TV, dei de cara com um merchan que eu tive que tirar o chapéu.

No meio do programa (claro!!), todos os integrantes se reuniram no centro do palco para a distribuição de presentes em um amigo secreto patrocinado pela Sawari. Claro que o presente de cada um deles era uma calça da marca. Basicão: “meu amigo secreto é…” e dava o presente, que era exibido efusivamente como um troféu por cada um que o recebia.

Compondo a ação, as caixas amarelas da loja, as calças propriamente ditas e o endereço do site da empresa na tela.

Tenho que dar o braço a torcer. Foi legal bagarái.

Se tem uma coisa que me irrita muito na Publicidade em geral é o povo que insiste em tratar Publicidade e Propaganda como se fosse a mesma coisa.

Um leigo chamar urubu de meu loro, tudo bem. Mas tem profissional com 40 anos de profissão e professor ‘véio de guerra” que ainda acham que é tudo igual.

Em março deste ano, escrevi um artigo sobre a mania dos outros criticarem a Publicidade pelas agruras da humanidade. No começo, fiz um desabafo meia boca (que gerou mais uns artigos raivosos neste mesmo blog meses depois) sobre o fato de as críticas começarem por uma confusão: Propaganda X Publicidade.

Vamos à etimologia das palavras de acordo com o Houaiss…

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Propaganda

“Redução da expressão do latim eclesiástico congregatio de propaganda fide ‘congregação para propagação da fé’, instituída pelo papa Gregório XV em 1622, em que propaganda é ablativo feminino singular do adjetivo verbal ou gerundivo propagandus,a,um ‘que deve ser divulgado’, do verbo latino propagáre ‘pôr em mergulhia; multiplicar, propagar; prolongar; estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver’; tratava-se de um colegiado cardinalício encarregado de balizar as normas sobre como devia ser difundido o Evangelho; o termo incorporou-se ao português já englobando as acepções modernas, provavelmente por influência do francês propagande (1792)”

Publicidade

“público + -i- + -dade, provavelmente por influência do francês publicité (1694) ‘caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido’, (1829) ‘conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial'”

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Ou seja, já nas suas raízes, podemos perceber que as palavras têm conceitos e propósitos diferentes.

Eu costumo, na primeira aula de uma disciplina para o 1º ano, explicar essa diferença. Propaganda faz proselitismo, propaga idéias, ideais, ideologias. Publicidade é uma ferramenta que, através da comunicação, ajuda o cliente-anunciante nos seus esforços de vendas.

Flávio Calazans, no seu livro Propaganda Subliminar Multimídia, define a Publicidade como uma propaganda de produtos. J. B. Pinho, no livro Comunicação em Marketing,  escreve um capítulo para cada termo só para explicar suas diferenças e seus tipos. Muitos outros autores, como Armando Sant’Anna, Zeca Martins, entre outros, apregoam essa diferença.

Então, qual é a dificuldade em entender que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa? Talvez, devido a alguns professores que não fazem questão de considerar essa diferença, alguns profissionais têm saído das academias falando bobagem a torto e a direito. Me arrisco em dizer que isso acaba causando até campanhas ineficientes em alguns casos. Bom, em muitos.

Já não é de hoje que o número de campanhas horrorosas, daquelas que a gente não faz a menor ideia do que elas querem dizer (tipo aquela bosta daquela do Buscapé “já éééé…”).

Tudo bem, vocês vão me dizer que se o cliente aprovou é porque era boa. Mas, se quem deveria entender do riscado, fez a bosta e recomendou ao cliente, não sabe nem a diferença entre dois conceitos básicos, imagine o cliente que o contratou…

Foi publicado o Google Zeitgeist 2009, o relatório com a análise dos bilhões de termos pesquisados pelas pessoas ao redor do mundo no Google.

É um pouco extenso e cansa a maioria das pessoas que não trampam com Publicidade, Comunicação ou mais especificamente com Mídia, mas para o leigo oferece uma divertida dimensão do universo da busca por termos e palavras.

Para os iniciados em PP, uma fonte de informação e referências.

Olha só como funciona a metodologia:

“Para coletar o Zeitgeist do fim do ano de 2009, estudamos a agregação de bilhões de consultas que as pessoas digitaram no Google neste ano. Usamos dados de várias fontes, entre elas o Google Insights para pesquisa, o Google Trends e as ferramentas de dados internas. Também filtramos o que é spam e consultas repetidas para desenvolver listas que melhor reflitam ‘o espírito dos tempos’. Todas as consultas de pesquisa que estudamos são anônimas e nenhuma informação pessoal foi usada.

Exceto quando explicitado, todos esses termos de pesquisa são os mais populares de 2009 e foram classificados na ordem das consultas com o maior volume de pesquisas neste ano. Em alguns casos, listamos as consultas com as ‘maiores subidas’, o que significa que encontramos as pesquisas mais populares feitas em 2009 e, em seguida, classificamos essas pesquisas com base no aumento da popularidade delas em comparação com 2008. De modo inverso, as consultas com as ‘maiores quedas’ eram muito populares em 2008, mas perderam parte da popularidade em 2009.”

Fonte: Google Zeitgeist

Algumas coisas bem interessantes estão por lá. Por exemplo, o gráfico de procura por músicas do Michael Jackson durante o primeiro semestre de 2009, passando pelo final de junho (quando ele morreu) e logo depois:

Aliás, ainda de acordo com o estudo, Michael Jackson foi o termo mais pesquisado (entre os termos emergentes) no ano de 2009, seguido por palavras ou termos relacionados a (a-ha!!) Social Media.  Dêem uma olhada:

  1. michael jackson
  2. facebook
  3. tuenti ¹
  4. twitter
  5. sanalika ²
  6. new moon
  7. lady gaga
  8. windows 7
  9. dantri.com.vn
  10. torpedo gratis³

Aqui em Terra Brasilis, de acordo com o relatório, “os brasileiros interagem via web sobre um tripé: redes sociais (e diversão), serviços e consumo, mas essencialmente por um viés otimista.” Só pra se ter uma idéia, apesar da crise econômica e da gripe suína (no auge da danada, futebol ganhava de goleada do vírus), o brasileiro procurou com mais intensidade (novamente entre os emergentes) pelos seguintes termos:

  1. orkut
  2. youtube
  3. hotmail
  4. baixaki
  5. yahoo
  6. globo
  7. uol
  8. tradutor
  9. jogos
  10. msn

O mais legal é navegar pelas preferências dos outros países e comprará-las, por exemplo, com as nossas.

Enfim, é uma leitura que eu recomendo.

A propósito, repararam a que tipo de segmento a maioria dos primeiros colocados fazem parte?

Observações:

1. Site de relacionamento espanhol (tem páginas até em euskera!!)

2. Um jogo aí. Me perdoem a ignorância, mas tive que googlear pra saber também…

3. Rapaz! Como tem brasileiro querendo se dar bem!

Nem tudo é perfeito. A nova paixão deste blog tem seus defeitos (fuck!).

Enfim, o ilustrador Patrick Moberg mostrou a sua bem-humorada (e nada publicitária) visão sobre as mídias sociais.

Vale a pena conferir. Aliás, o site todo.

Fonte: NSN

Tem gente que ainda torce o nariz quando ouve algum papo sobre Social Media, ou Mídia Social. Pior: tem aluno meu que acha besteira.

Enfim, para aqueles que ainda não botaram uma fé no poder das mídias sociais, fiz questão de traduzir (não sou profissional, por isso fiz algumas adaptações mais ou menos…) um artigo do AdAge, que introduz um vídeo. Para aqueles que estão com o inglês razoável, vale a pena assistir.

Detalhe: é preciso assinar a newsletter para ter acesso. O formulário é um pouco chatinho de preencher, mas dá tudo certo no final.

E agora, o artigo…

Mídias Sociais ‘levantam’ marketing de resorts de ski

NOVA IORQUE (AdAge.com) — As mídias sociais têm desempenhado um papel importante na tomada de decisão dos consumidores que sustentam os resorts de ski. Como resultado, uma das maiores companhias americanas do segmento — a Vail Resorts — abandonou suas antigas estratégias e práticas de publicidade. No lugar delas, a corporação que fatura 1 bilhão de dólares ao ano operando cinco importantes resorts e 20 hotéis, resolveu montar uma nova agência de marketing interna, que usa mídias sociais e outros pontos de encontro digitais para atrair fãs do ski em tempo real.No vídeo de nove minutos, o CEO Rob Katz explica as impressionantes mudanças.”

O vídeo nos mostra um CEO que realmente acredita no poder das mídias sociais e entende do que tá falando.

Não é à toa que a Vail fatura 1 bi por ano.

Depois de uns tempos afastado, este blog volta à ativa…

Durante toda esta última semana rolou a Semana Sant’A de Comunicação na UniSant’Anna.

Quinta-feira, especialmente, foi um dia bem bacana. Após a exibição do excelente Sonho Tcheco (2005) houve um debate em torno do tema do filme e do que chamamos de propagandas fantasmas.

Para quem não assistiu, Sonho Tcheco é um inusitado TCC de dois alunos de cinema. O tema gira em torno da inauguração de um hipermercado fictício numa República Tcheca às vésperas de se decidir, através de plebiscito, se ingressa ou não na União Européia. Repito: um hipermercado fictício.

Durante uma hora e dez minutos (o filme dura 1h16), assistimos aos dois estudantes mobilizando uma verdadeira massa de profissionais de comunicação para realizar a publicidade de lançamento do Sonho Tcheco, um hipermercado cujos produtos são de primeira linha e os preços são absurdamente competitivos.

Vale ressaltar que o filme se passa num país que saiu de um regime socialista há pouco tempo. Seus habitantes, depois de décadas condenados a passar horas em filas para fazer parcas (e caras) compras, após a queda do regime se vêem diante de uma variedade infinita de produtos, marcas, variedades, preços e condições de pagamento mais atraentes. Eis que surge o Sonho Tcheco, com tudo isso e muito mais.

Do começo ao fim, os momentos se revezam entre o hilário e a agonia. Realmente é divertido assistir àqueles dois malucos usando dinheiro público (isso mesmo!) para produzir a campanha e o filme, ao mesmo tempo em que é triste ver a reação de todos no dia da inauguração: velhinhos, crianças, pais de família.

Pra quem odeia (ou inveja) os publicitários, mais alguns argumentos facilmente rebatíveis. Para os estudantes de Publicidade e Propaganda, um alerta e uma lição.

Vale a pena conferir.

vanessa_livro

Adoro ser um profissional de Publicidade e de Marketing. Gosto mais ainda de ser Professor dessas disciplinas.

A cada dia, descubro coisas diferentes e múltiplas possibilidades de exercer os dois ofícios. E este texto do Mundo Marketing me mostrou que tais possibilidades são infinitas. Resumindo: Vanessa de Oliveira, uma ex-garota de programa, e Reinaldo Bim Toigo, Publicitário, escreveram um livro sobre como seduzir clientes, o (duh) Seduzir Clientes.

Calma! Não estou pensando em acrescentar mais uma função ao meu currículo.

Pra quem conhece as duas funções, sabe que isso não é nenhum mistério para nenhuma delas. De fato, as ferramentas que utilizamos são bastante distintas, mas no fundo a metodologia é bem parecida, já que o objetivo é (trocadilhos à parte) a satisfação do cliente. A ideia do livro é muito boa, na carona de outras convergências do gênero (vendedores ambulantes, pipoqueiros, técnicos de vôlei etc.).

Infelizmente, ao ler os comentários sobre o texto do Mundo Marketing, vi que alguns deles eram negativos, preconceituosos e até obtusos. Me entristece ver que ainda tem muito profissional da área, que deveria ser aberto às novas experiências, falando como um burocrata. É o tipo de gente que sai de uma graduação ou pós em Comunicação ou em Marketing e enfrenta problemas de ingerência por ser um profissional by the book.

Eu ainda não comprei, mas com certeza o farei. E recomendo que todos comprem. Afinal, seduzir é uma tarefa nada fácil e ninguém melhor que alguém da profissão mais antiga do mundo para nos ensinar.

Mais uma vez eu escrevo sobre algo que li lá no Blog do Crespo. Daqui a pouco ele vai começar a cobrar direitos, mas enquanto isso…

O texto em questão é do Francisco Gracioso, escrito como editorial da Revista da ESPM – edição de 15 anos. Nele, Gracioso fala sobre os ataques à classe publicitária. Nada que já não tenha sido discutido aqui no Kick, em sala de aula ou nas rodinhas de conversa entre profissionais de comunicação em geral.

O trecho que me chamou realmente a atenção foi sobre a desconfiança mútua que existe entre nós publicitários, veículos, clientes e população. Essa história da desconfiança me cutucou forte, pois é algo que vem me incomodando há tempos, que me faz soltar alguns comentários ácidos a colegas que inconsientemente atacam a classe publicitária. Mas, hoje, ao ler o texto do Francisco, reproduzido no blog do Filipe, percebi que nem aqueles que atacam a Publicidade sabem o porquê de estarem fazendo isso. Eu explico…

Houve uma época, infelizmente bem antes de eu ingressar na profissão, em que havia a tal confiança mútua, uma harmonia mesmo. Jornalistas, publicitários, empresas, veículos e cidadãos, todos falando a mesma língua e buscando os mesmos objetivos.

Mas aí, um bando de teóricos/ideólogos (t/i) começou a se infiltrar em todas essas categorias. Foi bonito, já que essa nova categoria de “seres pensantes” vestia a camisa do time que estava jogando e acrescentava um discurso pautado pela coerência e extremamente articulado. Vestiu com tanta dedicação a camisa que, por um motivo qualquer ou doloso que fosse, passou a enxergar sua classe como a que deveria dominar e reinar sobre todas as outras espécies. Cada classe tinha, agora, sua voz ecoando pelos ares, proclamando sua superioridade e, ao mesmo tempo, a inferioridade funcional das demais. Falavam e gritavam como sabiás demarcando sonoramente o seu território.

Mas um teórico/ideólogo tem um defeito que não transparece à primeira análise: o sujeito acha que sempre tem razão e que o mundo inteiro está errado por pensar diferente das suas premissas. E assim fez-se a merda. Cada um, em seu galho, não satisfeito em ‘piar’ alto sobre si e sua categoria, passou a ‘piar’ sobre o vizinho, explorando suas supostas falhas e transformando-as em defeitos com peso de crime. Tal comportamento contaminou aos outros, que passaram a repetir a melodia sem mesmo saber o porquê ou o quê estavam cantando.

Hoje, o que vemos é um cenário em que as categorias estão em decadência, brigando entre si, quando não estão querendo foder umas às outras, e de quebra um monte de baba-ovo botando pilha na briga, sem perceber que quem sairão perdendo são eles mesmos.

Já faz um tempinho que postei algo sobre tentarem achincalhar a Publicidade já no berço. Sim. Um monte de professores “bem intencionados” que pedem aos alunos um trabalho, de cunho unicamente didático-pedagógico, em que têm que questionar a outros professores (alguns publicitários) sobre o “malévolo poder da manipulação da Propaganda e da Publicidade”. O James também já falou um monte sobre isso.

Com certeza, tudo isso começou com um desses t/i que, chateadinho por algum publicitário t/i falou algo mais bacana que ele. Aí, resolveu começar a sua cruzada pelas bases. O que vemos hoje é um monte de gente saindo das faculdades achando que a Publicidade é o grande mal da humanidade. Complementando o meu post antigo, um dos meus alunos me contou que, enquanto assistia a uma aula com sua noiva no curso de Pedagogia, uma professora de Geografia fazia uma puta apologia contra os Publicitários em específico. Dizia que eles faziam com que as pessoas comprassem tudo aquilo que não queriam, que eles eram a causa de todos quererem vestir roupas bacanas de marca, gostarem de música estrangeira, fumarem cigarro (acho que ela tá um pouco desinformada…) etc. Ele assistiu à aula quieto, sem dar um pio. Depois, veio me contar, com uma ponta de frustração, que perdeu a oportunidade de falar um monte a ela.

Tempos depois, pensando com menos sangue nos olhos, me lembrei que a tal professora veio panfletando ações do sindicato dos professores, com uma conversinha sem vergonha para cima de mim, dizendo que nós Publicitários poderíamos contribuir muito com a nossa prática persuasiva. Eu, da raiva, passei à pena da moça. Ela mesma desconhecia a falha do seu discurso.

Mas, o que leva Jornalistas, Sociólogos, Pedagogos e demais classes a usarem sua influência para queimarem a Publicidade? O que fez com que tivessem tanta raiva, tanto rancor? Por que insistem no discurso “a Propaganda manipula”, mesmo quando têm acesso às provas do contrário?

Eu tenho uma teoria. Mas vou fundamentá-la daqui a alguns anos somente. Por que? Porque tenho certeza que poderei contar com a ajuda dos Jornalistas, que hoje sofrem com ataques do STF e do Governo, e de outras categorias que também sofrerão. Com certeza.

Gosto muito das “campanhas” veiculadas no Desenblog, mas num dos meus passeios pelo blog do Ranzinza me deparei com um post que matou qualquer resquício de humor do blog do Desencannes.

BabyShave

Não sei como o James chegou lá, mas a figura acima é de um post do Retro Comedy sobre as mais bizarras campanhas publicitárias antigas. Essa aí em cima parece mais teaser para “O Curioso Caso de Benjamin Button”. O meu favorito é o de baixo:

GunFamilyRealmente, dependendo do teor alcoólico no dia da festa, com certeza o Natal será memorável.

E como eu estou com uma preguiça temenda em pensar em coisas para postar, vou mais uma vez me apropriar do blog do Ranzinza. O post mais recente do James é sobre uma pesquisa realizada pela paulista GFK sobre a classe profissional mais confiável. Esse tipo de estudo é antigo. Num dos cursos que a empresa pagou para os membros da Coordenação, um dos palestrantes dissertou sobre a imagem dos bombeiros (profissão mais confiável no Brasil e no mundo segundo a GFK). Um estudo desenvolvido há alguns anos pesquisou sobre a imagem positiva e negativa de certos produtos e profissões. O objetivo era provar que por mais que uma marca ou profissão tivesse uma boa imagem, havia sempre algo de negativo em sua imagem. No caso dos bombeiros, nada de negativo.

Mas, enfim, no estudo feito pela GFK, amplamente explorado pelo Jornal Hoje, houve a confirmação da história dos bombeiros, aqui no Brasil seguidos pelos carteiros, médicos, professores (iiiii-ha!) e jornalistas. No mundo em geral, os bombeiros lideram, seguidos por professores (iiiiiiiiiiiiiiiii-haaaaa!!!), carteiros, médicos, militares do Exército (hurra!), religiosos e ONGs. O bicho começa a pegar quando a repórter, logo após um doloroso “grande maioria”, começa a listar os menos confiáveis aqui no Brasil, encabeçados pelos políticos (por que eu não estranhei?), executivos de bancos, policiais, sindicalistas (iiiiiii-haaa!!) e funcionários públicos. No mundo, políticos mais uma vez ganham a contenda pelo posto de menos confiável, segiodos por nós Publicitários, diretores de grandes empresas, executivos de bancos e profissionais de Marketing.

Frase do James, que também é Publicitário: “Pior que eu só os políticos…”

É engraçado como falamos dos mortos. Veja por exemplo o caso do Michael Jackson.

O cara morreu afundado em um poço de notícias e fofocas maldosas sobre pedofilia, esquisitices, dívidas, vícios etc. Depois que morreu, todo mundo falou o quanto ele foi importante, bacana e sensível durante o seu showneral.

Andrew Gombert/Efe

Andrew Gombert/Efe

Pois é. Geralmente é assim: enquanto vivo, um fdp; morreu, com certeza vai pro céu.

Mas, ontem, ao dar a minha passada diária no Advertising Age, me deparei com um texto do Al Ries a respeito de Bill Bernbach. Para quem não conhece, ou não lembra, Bernbach, o ‘B’ da DDB, foi o idealizador do conceito de Dupla de Criação nas Agências de Publicidade, entre outras coisas. Enfim, até então, o que se ouvia e se lia sobre o Sr. B era sobre sua genialidade e suas contribuições para a Publicidade moderna. Até então.

Ries escreveu, mais especificamente, sobre o recém lançado Nobody’s Perfect (Ninguém é Perfeito), da jornalista Doris Willens. Nele, Doris, que trabalhou por 18 anos na DDB, tenta desmistificar (até satanizar) Bernbach. Num dos trechos, cabeludérrimo, ela conta que Bill tirou a idéia para uma de suas mais brilhantes campanhas (Avis) do cesto de lixo de Helmut Krone, um dos redatores da DDB na época, que havia escrito e desistido dela:

“From Helmut Krone’s wastepaper basket, Bernbach fished wads of crumpled papers and beamed upon spreading open a sheet with the words, “We’re only No. 2. So we try harder.”

Agora, por que soltar essa e mais um monte de outras barbaridades vinte e tantos anos depois da morte de Bernbach? Isso tá me cheirando a ressentimento de mulher desprezada…

Com exceção da última semana, em que o assunto da vez tem sido a morte do Michael Jackson, o que mais se tem ouvido nas rodinhas de conversa é o assunto crise.

Desde o Presidente Lula (a “marolinha que não atravessará o Atlântico, lembra?) até o seu tio conversando com o seu pai, ninguém escapa de falar e ouvir pelo menos um pouquinho sobre a crise.

A publicidade também tem dado seus pitacos, através dos seus representantes, campanhas etc.

Mas até agora, a melhor mensagem que vi da nossa classe veio da boa e velha Coca Cola. Essa empresa centenária já passou por poucas e boas durante toda a sua vida. E, por incrível que pareça, não tem dado sinais (pelo menos aparentes) de que está se rendendo à crise atual.

Num misto de recado ao mundo e testemunho velado, a Coca Cola põe no ar (juro que tentei achar a Agência ou a Produtora e não achei… tsc) um vídeo que nos ensina que crise é algo que uma hora passa.

E a gente sobrevive, pode apostar.

Ontem, o meu mentor na Redação Publicitária, Hugo Rodrigues, ganhou um Leão em Cannes na categoria Press.

Comecei a trabalhar com o Hugo em 1995, no meu primeiro trampo na área. Puta doidão, eu vivia colado nele pra aprender tudo o que eu pudesse sobre o caminho que queria seguir na Publicidade: a Redação Publicitária.

Com o tempo, ele me deixava fazer alguns textos, até que ele saiu pra batucar os teclados nas agências grandes, seguindo os passos de um outro Redator que o inspirou, o Fabião.

Nos desencontramos durante esses anos, nos encontrando algumas vezes. E sempre que nos encontrávamos, ou nos falávamos por telefone, ele sempre me ensinava alguma coisa. O maior ensinamento dele, ao contrário do que todos podem pensar, não foi como escrever um corpo de texto eficiente, mas sim uma frase que ele me falou num momento de dificuldade pelo qual eu passava: “Lelo, tu tem que morder a mesa!”

A explicação para essa frase aparentemente sem sentido era que se queremos ter sucesso devemos buscar sempre um algo a mais, não nos contentarmos com o medíocre e trabalhar muito para concretizar o que desejamos.

E, sabem, eu não segui simplesmente porque a frase fazia sentido. Segui pois vi que o cara estava fazendo exatamente o que ele me recomendou.

Prova disso é que, no ano passado, ele assumiu a vicepresidência de Criação da Publicis e, neste ano, ele levou um Leão pela campanha “Escondido” (Oral-B).

Parabéns, mestre, pela conquista!

Continue mordendo sempre a mesa e pegando as mais gatas da balada.

Abaixo, uma palhinha da figuraça que é o Hugo.

Geralmente, eu mesmo cuido, dentro do meu círculo de relacionamentos, de manter em alta a imagem megalomaníaca-egocêntrica dos publicitários (sem nunca perder a humildade e a modéstia, claro). Às vezes, mesmo aqueles que não são da nobre arte, se contaminam com meu discurso e resolvem me ajudar, como foi o caso da minha querida amiga, a Profa. Ana Vasconcelos, jornalista de mão cheia e vegetariana não-ortodoxa praticante.

Ela me mandou uma campanha que não ouso chamar de animal, pois o termo mais adequado para a série é VEGETAL! Esse meu post é um pouco atrasado, pois a campanha para o cliente Hortifruti é de 2007, fruto (aaaaaai!) da criatividade da capixaba MP Publicidade. Eu, se fosse vocês, não ficaria aí plantado (uuuuuui!) e daria uma passadinha no site da agência e conferiria as demais peças e campanhas para o Hortifruti e para os outros clientes. É mais uma prova que existe vida (muito) inteligente na publicidade fora do circuíto São Paulo-Rio de Janeiro.

A propósito, a sequência de outdoors não foi veiculada em Sampa por razões óbvias, mas com certeza deve ter feito milhares de crianças e adolecentes resistentes a uma pratada de rúcula se tornarem fanáticos pela iguaria e demais hortaliças.

Enfim, sem mais delongas, algumas das peças da, como diria Osmar Santos, campanha vegetaaaal!

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Você desce o cacete, mas bem que quer ter um, se já não tem...

 

Se tem uma coisa que realmente me tira do sério é a afirmação “a propaganda manipula”. Por dois motivos: um, porque quem fala isso geralmente ignora os significados das palavras Publicidade e Propaganda; o outro é porque não somos farmacêuticos para manipular nada!

Primeiro, é preciso explicar que Publicidade e Propaganda são, realmente, coisas diferentes (desculpe, Fábio Caim, mas são sim!). Eu sempre começo minhas aulas afirmando que o curso se chama Publicidade E Propaganda e não Publicidade OU Propaganda, afinal os dois termos, apesar de terem o mesmo propósito, têm significados e funções diferentes. Em resumo, Propaganda faz proselitismo (do Houaiss, “… catequese, apostolado”), ou seja, atrair e converter pessoas a uma religião, uma seita, uma doutrina ou um partido, um sistema, uma idéia etc. Torná-los adeptos, sectários, partidários (ainda de acordo com o Houaiss). Já a Publicidade tem como função auxiliar as empresas nos seus esforços de vendas, através de comunicação especializada.

Ambas seduzem, mas não manipulam.

Esse tipo de afirmação geralmente é feita por professores que querem por fogo na cabeça da molecada no 1º semestre, ensiná-los a serem críticos e seres pensantes… bah! Todos os anos sempre tem um aluno de um desses cursos que vem me procurar com um bloquinho de papel na mão e a tal afirmação na ponta da língua, seguida da pergunta “o que o senhor acha?”.

Numa das últimas vezes, quando fizeram a pergunta referente às campanhas de brinquedos e demais produtos para crianças, respondi que discordava da afirmação, dizendo que a manipulação não existia. A partir do momento em que há um mercado formado por pessoas que querem comprar e de empresas que querem vender, nós publicitários apenas os alcovitamos: “Prezado Público Alvo, gostaria de lhe apresentar a srta. Empresa. Sei que você procura algo incomum e essa jovem tem exatamente o que você precisa. Conversem um pouco mais e, tenho certeza, vocês descobrirão que têm muita coisa em comum…” Em seguida, disse que o publicitário faz o seu trabalho como qualquer outro profissional o faz. Um dentista cuida da saúde bucal, um médico busca curar um mal, um engenheiro projeta pontes, um padeiro faz pães e um publicitário ajuda a empresa cliente a vender mais e melhor os seus produtos. Além disso, expliquei a eles que existem um negócio chamado CONAR e outro chamado Código de Defesa do Conumidor e que esses dois cavalheiros norteiam o trabalho feito por nós publicitários. E, finalizando, expliquei que a função da Publicidade voltada às crianças é vender um brinquedo e não torná-lo assustador a ponto de as crianças o temerem. A criança tê-lo ou não, dependeria dos pais, que têm a responsabilidade de orientar as crianças, inclusive no aspecto da educação consumidora.

Os meninos gravaram tudo e sairam da entrevista dizendo que a visão que eles tinham a respeito, depois daquele dia, seria completamente diferente. De fato, eles expuseram à sala e à professora, idealizadora do trabalho “inovador”, a tal nova visão. E não é que a tal professora veio me procurar num intervalo de aula para reclamar da minha resposta?! Ela disse aos alunos que não acreditava que eu tinha dito tal absurdo e que eles estavam confundindo minha resposta. Coitada! Gostaria de ter uma câmera para registrar a cara dela quando repeti cada palavra dita aos alunos…

E a tal da história da proibição da Publicidade de cerveja e demais bebidas alcoólicas? Tem maior estupidez que afirmar que a Publicidade dessas bebidas estimula o aumento do consumo delas em escala cada vez maior e cada vez mais cedo? Quer dizer que o sujeito sai do trabalho às 19h30, louco pra tomar uma gelada porque viu na TV o comercial? Que tal essas pessoas que afirmam esse absurdo apagarem os seus cigarros, sentarem na frente de seus computadores e pesquisarem se houve diminuição no consumo de tabaco desde a proibição de campanhas publicitárias de cigarro? Por favor! Nem entre os adolescentes o consumo caiu!

Se for assim, pelo amor de Deus, não impeçam as campanhas de camisinhas! Eu gostaria de continuar trepando…

Acho que esse povo tem um pouco de inveja da gente. Sério! Eles ficam lá, com sua postura politicamente correta, suas caras sérias e idéias maduras de como o mundo seria melhor se todos os habitantes do planeta concordassem em tudo com eles, enquanto que nós publicitários ficamos o dia inteiro nos drogando e pensando em planos diabólicos para fazê-los comprar algo que está fazendo falta na sua vida.

Faz-me rir…