Arquivo de agosto, 2009

vanessa_livro

Adoro ser um profissional de Publicidade e de Marketing. Gosto mais ainda de ser Professor dessas disciplinas.

A cada dia, descubro coisas diferentes e múltiplas possibilidades de exercer os dois ofícios. E este texto do Mundo Marketing me mostrou que tais possibilidades são infinitas. Resumindo: Vanessa de Oliveira, uma ex-garota de programa, e Reinaldo Bim Toigo, Publicitário, escreveram um livro sobre como seduzir clientes, o (duh) Seduzir Clientes.

Calma! Não estou pensando em acrescentar mais uma função ao meu currículo.

Pra quem conhece as duas funções, sabe que isso não é nenhum mistério para nenhuma delas. De fato, as ferramentas que utilizamos são bastante distintas, mas no fundo a metodologia é bem parecida, já que o objetivo é (trocadilhos à parte) a satisfação do cliente. A ideia do livro é muito boa, na carona de outras convergências do gênero (vendedores ambulantes, pipoqueiros, técnicos de vôlei etc.).

Infelizmente, ao ler os comentários sobre o texto do Mundo Marketing, vi que alguns deles eram negativos, preconceituosos e até obtusos. Me entristece ver que ainda tem muito profissional da área, que deveria ser aberto às novas experiências, falando como um burocrata. É o tipo de gente que sai de uma graduação ou pós em Comunicação ou em Marketing e enfrenta problemas de ingerência por ser um profissional by the book.

Eu ainda não comprei, mas com certeza o farei. E recomendo que todos comprem. Afinal, seduzir é uma tarefa nada fácil e ninguém melhor que alguém da profissão mais antiga do mundo para nos ensinar.

NPMae

Isso sim era jornal! Até suas campanhas eram memoráveis. Uma pena que saiu de circulação.

Tempos depois, quase toda a equipe tava trabalhando no jornalismo da RedeTV!, bem quando entrei lá.

E aí, jornalistas! Que tal fazerem algo bem legal e ressucitarem o NP, hein!?

Excelente tuitada do Vinícius.

Mais uma vez eu escrevo sobre algo que li lá no Blog do Crespo. Daqui a pouco ele vai começar a cobrar direitos, mas enquanto isso…

O texto em questão é do Francisco Gracioso, escrito como editorial da Revista da ESPM – edição de 15 anos. Nele, Gracioso fala sobre os ataques à classe publicitária. Nada que já não tenha sido discutido aqui no Kick, em sala de aula ou nas rodinhas de conversa entre profissionais de comunicação em geral.

O trecho que me chamou realmente a atenção foi sobre a desconfiança mútua que existe entre nós publicitários, veículos, clientes e população. Essa história da desconfiança me cutucou forte, pois é algo que vem me incomodando há tempos, que me faz soltar alguns comentários ácidos a colegas que inconsientemente atacam a classe publicitária. Mas, hoje, ao ler o texto do Francisco, reproduzido no blog do Filipe, percebi que nem aqueles que atacam a Publicidade sabem o porquê de estarem fazendo isso. Eu explico…

Houve uma época, infelizmente bem antes de eu ingressar na profissão, em que havia a tal confiança mútua, uma harmonia mesmo. Jornalistas, publicitários, empresas, veículos e cidadãos, todos falando a mesma língua e buscando os mesmos objetivos.

Mas aí, um bando de teóricos/ideólogos (t/i) começou a se infiltrar em todas essas categorias. Foi bonito, já que essa nova categoria de “seres pensantes” vestia a camisa do time que estava jogando e acrescentava um discurso pautado pela coerência e extremamente articulado. Vestiu com tanta dedicação a camisa que, por um motivo qualquer ou doloso que fosse, passou a enxergar sua classe como a que deveria dominar e reinar sobre todas as outras espécies. Cada classe tinha, agora, sua voz ecoando pelos ares, proclamando sua superioridade e, ao mesmo tempo, a inferioridade funcional das demais. Falavam e gritavam como sabiás demarcando sonoramente o seu território.

Mas um teórico/ideólogo tem um defeito que não transparece à primeira análise: o sujeito acha que sempre tem razão e que o mundo inteiro está errado por pensar diferente das suas premissas. E assim fez-se a merda. Cada um, em seu galho, não satisfeito em ‘piar’ alto sobre si e sua categoria, passou a ‘piar’ sobre o vizinho, explorando suas supostas falhas e transformando-as em defeitos com peso de crime. Tal comportamento contaminou aos outros, que passaram a repetir a melodia sem mesmo saber o porquê ou o quê estavam cantando.

Hoje, o que vemos é um cenário em que as categorias estão em decadência, brigando entre si, quando não estão querendo foder umas às outras, e de quebra um monte de baba-ovo botando pilha na briga, sem perceber que quem sairão perdendo são eles mesmos.

Já faz um tempinho que postei algo sobre tentarem achincalhar a Publicidade já no berço. Sim. Um monte de professores “bem intencionados” que pedem aos alunos um trabalho, de cunho unicamente didático-pedagógico, em que têm que questionar a outros professores (alguns publicitários) sobre o “malévolo poder da manipulação da Propaganda e da Publicidade”. O James também já falou um monte sobre isso.

Com certeza, tudo isso começou com um desses t/i que, chateadinho por algum publicitário t/i falou algo mais bacana que ele. Aí, resolveu começar a sua cruzada pelas bases. O que vemos hoje é um monte de gente saindo das faculdades achando que a Publicidade é o grande mal da humanidade. Complementando o meu post antigo, um dos meus alunos me contou que, enquanto assistia a uma aula com sua noiva no curso de Pedagogia, uma professora de Geografia fazia uma puta apologia contra os Publicitários em específico. Dizia que eles faziam com que as pessoas comprassem tudo aquilo que não queriam, que eles eram a causa de todos quererem vestir roupas bacanas de marca, gostarem de música estrangeira, fumarem cigarro (acho que ela tá um pouco desinformada…) etc. Ele assistiu à aula quieto, sem dar um pio. Depois, veio me contar, com uma ponta de frustração, que perdeu a oportunidade de falar um monte a ela.

Tempos depois, pensando com menos sangue nos olhos, me lembrei que a tal professora veio panfletando ações do sindicato dos professores, com uma conversinha sem vergonha para cima de mim, dizendo que nós Publicitários poderíamos contribuir muito com a nossa prática persuasiva. Eu, da raiva, passei à pena da moça. Ela mesma desconhecia a falha do seu discurso.

Mas, o que leva Jornalistas, Sociólogos, Pedagogos e demais classes a usarem sua influência para queimarem a Publicidade? O que fez com que tivessem tanta raiva, tanto rancor? Por que insistem no discurso “a Propaganda manipula”, mesmo quando têm acesso às provas do contrário?

Eu tenho uma teoria. Mas vou fundamentá-la daqui a alguns anos somente. Por que? Porque tenho certeza que poderei contar com a ajuda dos Jornalistas, que hoje sofrem com ataques do STF e do Governo, e de outras categorias que também sofrerão. Com certeza.

threeframes

Ainda não descobri a utilidade disso. Mas que é muuuuuuito legal, isso é.

Saiba mais em THREE FRAMES.

Fonte: Update or Die

Depois de um tempo exercitando meu lado zen, promovendo um exílio digital espontâneo, voltei a dar uma passeada pelos blogs amigos.

O post que encabeçava o Blog do Crespo hoje pela manhã é o retrato da piada automotiva mais antológica de todos os tempos:

Fuca de Mulher

Pois é. Como foi levantado pelo Filipe (o dono e proprietário do Blog do Crespo), hoje esse anúncio nem sairia da HD do pessoal da Criação, a não ser que fosse enviado pro Desenblog. E se fosse para outro destino, como alguma revista de circulação nacional, o CONAR estaria cheio de reclamações de feministas furiosas (redundância, eu sei…).

Mas, por que isso rola hoje e não naquela época?

Quem gosta de ler Luís Fernando Veríssimo, com certeza já leu o fantástico Analista de Bagé (em breve resenhado aqui no Kick). O psicanalista reichiano dos pampas se dizia uma pessoa moderna, ciente dos direitos das mulheres. Para ele, a mulher tinha o direito de fazer o que quisesse, mas só depois de estender as roupas.

Piadas como essa eram muito comuns na época em que foi escrita. E o engraçado é que tal época foi o auge da luta feminina pelos seus direitos e uma época em que as campanhas publicitárias começaram a adotar um tom menos machista e mais libertário.

Só para embasar a minha teoria, resolvi dar uma passeada pelo acervo eletrônico de anuários do Clube de Criação de São Paulo. Infelizmente, o primeiro é do ano de 1976, bem depois do anúncio acima, assim não sendo possível fazer uma comparação mais profunda. Mas, não tem tu, vai tu mesmo… Peguei só quatro exemplos de anúncios para revista do ano para analisarmos. Os títulos que dei nada têm a ver com os anúncios. Não custa nada avisar…

Anúncio 1: “Macho no volante”

CorrerChevrolet

Pra quem não conhece o tiozinho acima, apresento Chico Landi, uma das maiores lendas do automobilismo brasileiro. A criação do anúncio é de ninguém menos que Washington Olivetto, quando ainda trampava para a DPZ. O ano de 1976 fervilhava de rebeldia sexista, mas ainda assim a iconização do “piloto”, ou de alguém que dirigia bem, era masculina, neste caso o saudoso Chico. Carro ainda era coisa de menino, apesar dos movimentos feministas. Assim, a campanha tinha um público alvo bem segmentado. Naquela época, jamais imaginaríamos uma campanha como a do Meriva Easytronic, de 2007, que foi escancaradamente feita para meninas:

Anúncio 2: “Incomodada é a pqp”

OB

A liberdade feminina começa a dar as caras nas campanhas publicitárias. Com OB… Sim! “Os carros ainda não não para você, mocinha. Nem os cigarros, nem as novidades eletrônicas, nem um estilo de vida moderno e arrojado. Mas você pode usar aquele biquininho cavado que te deixa uma delícia durante os 30 dias do mês. Depois disso, dê uma olhada nas promoções de eletrodomésticos e peça ao seu marido para comprá-los.”

Bom, pelo menos é melhor que aquela bosta daquele comercial do Sym Abas Transparentes (é minha opinião, tá!?). Nunca me conformei com apergunta óbviamente ridícula sobre o líquido azul. O que vocês queriam? Vermelho menstruação?

Anúncio 3: “Até que as jóias os separe”

Joia_HStern

Realmente, naquela época, as mulheres eram seres monstruosos, que só ficavam com seus maridos se fossem constantemente alimentadas com ouro e pedras preciosas.  Brincadeiras à parte, o casamento já começava a ser uma instituição questionável na década de 1970, enquanto outro fenômeno passava a ter um crescimento estatístico vertiginoso: o divórcio. A aliança, que há séculos vinha sendo o símbolo de uma união eterna, que somente a morte poderia separar (como dizia Henrique VIII), foi banalizada como uma simples jóia. No frigir dos ovos, de acordo com o raciocínio da peça, somente uma jóia pode segurar uma mulher. O casamento precisa ser duradouro e, para isso, é preciso manter a mulher te amando. Assim, como a aliança é uma jóia e como as mulheres são seres insensíveis a outras coisas que não jóias, é bom você continuar comprando jóias para ela. Ou então passarás a eternidade gastando uma nota com pensões…

Anúncio 4: “A redenção”

Bombril

Alguém pode me apontar o público-alvo da peça acima? Claro! O que passa pela nossa cabeça é que o anúncio fala com a dona de casa. Atire a primeira pedra quem não pensou isso (e se estiver mentindo tenha vergonha na cara!).

É notório que a Bom Bril sempre falou com esse público. Mas, leiam a peça com atenção. Onde está escrito que é pra dona de casa, ou pra sua esposa, ou pra sua mãe?

Nessa época já tínhamos uma série de homens solteiros ou recém-divorciados que moravam sozinhos e, por razões diversas, cuidavam eles mesmos dos próprios lares. Sem vergonha nenhuma ou constrangimento em fazer a própria comida, lavar a própria roupa e passá-las etc.

Assim, o preconceito desta peça específica, com redação de Ana Clélia Quarto (isso, uma mulher!), da McCann-Erickson, está na cabeça do leitor.

Fica aqui mais uma lição do titio Lelo: a mensagem da peça é composta pela mensagem propriamente dita e pelo repertório e percepção do receptor. Uma coisinha básica que aprendemos na faculdade, mas que tem muito publicitário ruim por aí que não faz questão de lembrar.

A Rede Globo, depois de promover uma verdadeira inquisição midiática, agora busca um aumento na sua audiência com um recurso até então exclusivo das suas concorrentes: a exploração de imagens violentas explícitas.
Infelizmente, poucas coisas além de desgraça, violência e nudez atraem tanto telespectadores para a frente da telinha. Como diz um amigo meu (meus amigos Jornalistas que me perdoem), para o jornal, interessa mais o homem que mordeu o cachorro que o contrário.
Mas, o bom senso pede limites.
Hoje, no SPTV assisti a uma reportagem sinistríssima: na saída de um estacionamento, dois motoristas discutiam uma pequena colisão entre seus veículos, quando um deles entra no carro e atropela o outro. Felizmente, o outro conseguiu subir no carro, que saiu em disparada, carregando e chacoalhanfo o “sortudo”. Tudo filmado por um morador de um prédio em frente ao acidente.
Na sequência da reportagem, vem a chamada do Jornal Hoje, que aproveita o gancho da história para falar de outra imagem impressionante: o atropelamento de um cavalo. Sim, as imagens são impressionantes. Num primeiro take, mostra-se dois cavalos em uma movimentada via do Rio de Janeiro. De repente, um deles começa a passear tranquilamente, quando um carro que vinha em alta velocidade o atinge. Além de impressionante, a imagem beirou o belo. Sim, eu assumo essa minha faceta humana de admirar o bizarro. O cavalo ao ser atingido, levantou vôo, girando graciosamente em sentido anti-horário, uma, duas, três vezes, até cair inerte no chão. A câmera, impressionantemente, conseguiu captar isso e acompanhar o carro ser desviado de sua rota, voar sobre a ilha que separa as pistas, pousar na contramão e parar somente na calçada. Ufa!
Assim que a exibição, com pouco mais de 5 segundos de duração, terminou, os apresentadores apareceram boquiabertos, mas comentando as imagens incansavelmente. E tome mais duas repetições das cenas. Isso porque a história seria contada em detalhes depois no JH.
Depois, o JH retribuiu a gentileza, mostrando o homem atropelado após o cavalo voador. Não é preciso nem dizer que tudo foi acompanhado de estatísticas, dados etc. e nem que as imagens foram repetidas diversas vezes. Ao final dessa importante reportagem, desenterraram a cena de atropelamento de uma vaca, de 2006 se não me engano, que voou graciosamente como seu companheiro equino.
Para suavizar, as imagens e o balanço do show do Criança Esperança (pela primeira vez sem grandes plateias). Dessa vez, atropelando, digo, subestimando minha inteligência e meu bom senso.

sugata

Na primeira vez que entrei num dojô de Judô, aos 7 anos, a primeira coisa que reparei (talvez por estar vazio) foi na foto de um senhor de idade que ficava ao lado de um pequeno altar, ambos pendurados na parede.

Perguntei ao professor quem era aquele “velhinho” e ele me respondeu com reverência na voz: “Este é Jigoro Kano, o criador do Judô.”

Para muitos, essa história que escolhi para introduzir meu texto pode parecer boba, mas quem conhece o Judô entenderá os seus muitos significados. Todos os dojôs que visitei têm a foto de Jigoro Kano nas suas paredes. É a mesma foto, sempre: preto e branca, Kano Sensei usando um kimono preto ornado, em posição marcial, séria. O que mais me chama a atenção na foto é a maneira como ele olha para o dojô (realmente parece que ele, apesar de ter partido há muito tempo, está lá…). Seu olhar, ao mesmo tempo que parece paternal, é duro e severo.

Assim é o Judô: suave e leve, mas ao mesmo tempo forte e perigoso.

O livro desta dica (finalmente!) conta a história da criação dessa relativamente jovem arte marcial. Numa época em que o Japão abria seus portos e cidades à cultura e comércio ocidentais, a própria cultura do país se perdia em meio a adaptações de estilos, bebidas, comidas e entretenimentos.

A sociedade passa a se comportar e vestir-se de acordo com as convenções ocidentais. Os antigos valores passam a ser considerados ultrapassados e inadequados. Assim como as duas artes marciais símbolos da cultura japonesa: o Kenjutsu e o Jujutsu.

Em meio a toda essa revolução, que levava o Japão a deixar de lado seus valores, um professor resolve se opor a esse movimento. Estudioso do Jujutsu, ele passa a aprimorar os movimentos e golpes da luta, transformando-a em algo mais profundo, mais próximo aos valores e à filosofia dos samurais. A “arte” (jutsu), nas mãos de Shogoro Yano (o personagem que representa o mestre Kano) se transformou no “caminho” (do). Um caminho que, com suavidade, levaria o Japão de volta aos tempos em que era uma grande nação, orgulhosa de sua cultura milenar.

Os outros personagens que vão se juntando a Yano durante o livro são fictícios, porém inspirados em pessoas reais, que fizeram o Judô se tornar uma arte marcial poderosa e mundial. O único que foge a essa regra é o personagem título, Sanshiro Sugata. Jovem, rebelde, sangue quente e pavio curto, Sugata, apesar de ser o único personagem 100% fictício, é o perfeito retrato do Judô. No desenrolar da estória, ele vai se tornando maduro, disciplinado e perfeito: o fiel depositário da nobre missão iniciada por Yano.

O livro é uma verdadeira lição de força, perseverança, brio e determinação, ao mesmo tempo que ensina que leveza, pureza e honra são atributos complementares e indissociáveis dos anteriores. Assim como o símbolo escolhido para representar o Kodokan (dojô fundado por Kano na vida real e por Yano no livro).

Agora, algumas curiosidades:

– Foi esse o livro que inspirou ninguém menos que Akira Kurosawa, em 1943, a rodar o seu primeiro filme, o também Sanshiro Sugata;

– Tsuneo Tomita, o autor, é filho do primeiro discípulo de Jigoro Kano;

– O temível yama-arashi não é ficção. É um golpe real, poderosíssimo e atualmente usado com muita restrição;

– O símbolo que representa o Kodokan é… Ah! Leia o livro e, depois, leia o livro escrito pelo próprio Kano Sensei, que resenharei em breve;

– O original foi editado em japonês (claro!) e só foi traduzido para o português;

– O livro não é vendido em qualquer livraria. Um dos lugares que vende é esse aqui. Se não tiver mais e se estiver interessado, passo outros caminhos das pedras. É só me escrever.

Essa dica de leitura é sobre uma porção de outras dicas de leitura.

O blog Canto dos Livros, comandado pelo Rodrigo Casarin, como o próprio nome sugere, fala sobre… LIVROS, claro!

O Rodrigo foi aluno do Curso de Jornalismo da UniSant’Anna e pós-graduando em jornalismo literário. Por isso, não preciso nem dizer que é alguém bem mais competente para resenhar sobre livros do que este que vos escreve.

Das quatro resenhas postadas (até agora), três são do seu antigo blog. A última, sobre o “Elogio da Madrasta”, do Vargas Llosa já dá uma amostra da evolução do texto do Rodrigo, se compararmos aos três primeiros. O que não quer dizer que as antigas não são boas, claro.

Recomendadíssimo, com força e com eco.

Anteontem, no Jornal da Globo, (re)começou a velha guerra Globo X Record.

A matéria iniciou com aquele tom que só o jornalismo da Globo consegue dar aos seus textos: denúncia isenta e imparcial. Aos poucos, à medida em que os nomes “Edir Macedo” e “Igreja Universal do Reino de Deus” começam a ser pronunciados com mais frequência, o tom foi ficando mais, digamos, pessoal. Até determinado momento, o mote era pontuado pelos dois personagens anteriormente citados. De repente, no meio de um organograma (mais especificamente, no final, fechando simbologicamente um ciclo), REDE RECORD.

Nesse momento, quem ainda não tinha sacado que era um ataque à concorrente, se não sacou é porque é gringo ou tava fazendo coisa melhor do que assistir Globo naquele momento. O engraçado é que a emissora não falou nada do que não sabíamos, mas mesmo assim causou impacto. Mesmo quando mostrou cenas das reportagens requentadas sobre o bispo.

No dia seguinte, o Bom Dia Brasil e o Jornal Hoje repetiram, mas após a reportagem emendaram logo uma outra sobre o Criança Esperança…O Filipe, do Blog do Crespo matou a charada na hora. Não assisti, mas tenho certeza que no Jornal Nacional foi igualzinho, já que o Jornal da Globo de ontem deu mais uma martelada no cravo.

A resposta da Record não tardou. Um colega nosso, que trampa lá na emissora do bispo, já tinha lançado que seria às 19h50. Como estou em aula nesse horário, tive que puxar no Youtube (cujo link foi gentilmente tuitado pela gloriosa Paty).

Aliás, a resposta da Record…

Na minha modesta opinião, ficou no nível daquelas briguinhas de colegial: “Que time é o teu?” “O mesmo que te comeu!” Duh!

Enquanto a Globo descascava as falcatruas denunciadas pela Promotoria do Estado de São Paulo, com sustentação da Folha e outros veículos (inclusive de outros países), a Record ficou entoando mantras sobre a relação da Globo com o antigo Governo Militar, seu poder de distorção dos acontecimentos, sobre ela ser a grande manipuladora midiática, além de tentativas de manipular eleições. Assisti à resposta umas três vezes e não consegui identificar um argumento contundente, algo que fizesse a Rede Globo ir aos tribunais exigindo reparação.

Triste. Verdade! Eu gostaria muito mesmo de ver a Globo tomando uma surra moral, igual à que deu na Record. Eu sou louco para ver a Globo tendo possíveis segredos sujos sendo colocados na mesa. Comprovados, claro.

O que a Globo fez foi pegar uma denúncia comprovada e dar a ela tintas midiáticas, comprovando as fontes e embasando cada palavra. A Record simplesmente lançou um monte de historinhas do cancioneiro comunicacional, com um belo tratamento, diga-se de passagem, mas sem fundamento nenhum. Finalizou a “reportagem-denúncia” concluindo que o possível motivo do ataque promovido pela concorrente foi o fato de a Record ser sua principal concorrente, que vem apresentando números crescentes de audiência, com uma também crescente qualidade em suas produções (Huahuahuahuahua! Alguém já assistiu Os Mutantes?). O pior mesmo, foi quando disseram que a Globo fica cada vez mais irritada quando a Record “conquista cada vez mais audiência e FATURAMENTO“… Realmente, é muita inocência dar esse argumento ao inimigo* na própria resposta.

E, garanto, a briga vai continuar. Numa intensidade um pouco menor, mas vai. E sabe quem vai ganhar?

A internet.

* Inimigo é a palavra usada pelos evangélicos e carismáticos para nomear o Diabo.

Piadinha infame

Publicado: 11/08/2009 em NOTÍCIAS POPULARES
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Mensagem inadequada não atinge o público-alvo.

Saiba mais.

Muito nerd

Johnny Walker só perde na minha preferência para o Jack Daniel’s dentro da categoria whisky (eu sei, não são a mesma coisa, mas dane-se).

O que mais curto mesmo das duas bebidas são as histórias (além de bebê-las, claro). E a história do JW é simplesmente muito louca. E ela fica mais louca ainda quando contada de maneira diferente.

Foi o que vi neste vídeo produzido pela BBH de Londres. O excelente Robert Carlyle (Trainspotting, Plunket & McLeane), com seu indefectível sotaque do Reino Unido, conta, andando, a história do criador e da criatura.

Eu vou parar por aqui meus comentários. O vídeo fala por si.

Sensacional.

Chupinhado daqui.

Em tempo

Publicado: 09/08/2009 em NOTÍCIAS POPULARES
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Se não fosse o Twitter e minha querida amiga Paty, teria me esquecido do remake da minissérie.

Promete…

v-finalbattle

Há 24 anos a Rede Globo exibia uma série que ficaria na lembrança eternamente de todos os maiores de 30 que conheço: V – A Batalha Final.

Há 24 anos eu ficava acordado até tarde da noite, chocado com cenas e efeitos especiais muito à frente daquele tempo, morrendo de medo dos alienígenas-lagartos que comiam engoliam ratos como se fossem maria-mole. Mas, deixemos a nostalgia de lado e vamos ao que interessa.

O TCM está reprisando desde o dia 7 de agosto a minissérie. E o que mais tem bombado nos Twitters dos meus amigos trintões são os comentários sobre. A história é mais ou menos a seguinte: alienígenas chegam à Terra cheios de boas intenções. “Queremos ajuda para salvar nosso planeta”, diziam eles, “e em troca, compartilharemos nossa tecnologia com vocês, povo apetitoso, digo, caloroso!”. Sim, a real intenção dos lagartos alienígenas era dominar nosso planeta, sumindo com nossos cientistas e líderes, usando a raça humana como alimento (os ratos eram só um tiragosto), escravos e soldados para colonização de outros planetas. Alguns humanos percebem que há algo de errado com os répteis disfarçados (eles usavam um disfarce para se parecerem conosco) e resolvem tratar o assunto ao melhor estilo americano: no braço!

Mas terão muito trabalho, já que os alienígenas impõem um regime ditatorial à Terra, com a conivência de um monte de seres humanos.

Repito, até a minissérie terminar eu me borrei todo. Não é pra menos.

Os efeitos especiais, como disse antes, eram muito, mas muito mesmo, à frente do nosso tempo na época. E era numa série de TV, não no cinema, em que os efeitos eram mais comuns. Os “visitantes” usam uniformes modernosos, vermelhos, combinando com óculos escuros bem fashion pra época, e fazem uma tremenda propaganda institucional, como quando colam cartazes pelas cidades com os mesmos sorrindo e acenando, acompanhado de dizeres amistosos. Tudo isso, comandados pela sensual (pelo menos até ela engolir um rato) comandante Diana.

Os extraterrestres se utilizavam de símbolos para se comunicar com os terráqueos, bem parecidos com o alfabeto cirílico (russo). Aliás, se repararem bem, o símbolo no uniforme lembra um outro símbolo que aterrorizou o mundo na década de 1940. Dá uma reparada:

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Lá nos EUA, a minissérie foi exibida em duas partes: “V”, em 1983, e “V – The Final Battle”, em 1984. Como eu já disse, a minissérie foi exibida pela primeira vez aqui no Brasil pela Rede Globo, em 1985, com o excelente título traduzido (o que é uma raridade) “V – A Batalha Final”. Em 1985, a TV americana produziu e exibiu (não me perguntem a emissora…) “V – The Series”, um seriado com episódios semanais, com histórias paralelas às dos acontecimentos da minissérie. Em 1988, o SBT exibiu o seriado com o espetacularmente imbecil nome “Os Extraterrestres no Planeta Terra”. Uma judiação…

Em 2006 rolou um boato sobre uma continuação da minissérie/seriado, chamada “V – The Second Generation”, que estrearia em 2007. Eu, sinceramente, andei tão por fora de cinema e TV nos últimos dois anos, que não vi nada a respeito. Mas, fuçando o Youtube, descobri isso:

Circunstancial. Parece que tem um livro com o mesmo título. Por isso, acho que a história do filme é lenda.

Enfim, recomendo com força e com eco essa minissérie, que está sendo reprisada no TCM. Mais informações no site do TCM. Fiquem agora com uma palhinha da bagaça:

Para quem não conhece, uma palhinha da série que foi baseada na Dica de Leitura 4.

Faz parte do meu top 10 de seriados.

Escrito por Eric L. Haney, Força Delta conta como foi criada a unidade (nem tanto) secreta de contraterrorismo do Exército americano. Haney, um sargento dos Rangers, foi um dos fundadores da força de elite, depois de algum tempo em outras unidades também de elite.

A Força Delta, ou 1º Destacamento Operacional das Forças Especiais D, foi criada pela necessidade de os EUA lidarem de maneira mais cirúrgica com um mal que deixava os americanos cada vez mais preocupados pelo seu crescimento acelerado: o terrorismo. Assim, em 21 de novembro de 1977 a Força Delta fixa endereço em Fort Bragg, Carolina do Norte, e passa a dar treinamento especializado a militares selecionados a dedo dentro das fileiras do Exército.

Uma das coisas mais interessantes do livro é saber que, diferente do que é mostrado no cinema, a Força não tem em seus quadros aquelas figuras com corte de cabelo escovinha, queixo quadrado, cara de mau e físico de míster universo. São militares que devem ter todas as características que não os denuncie como militares. É um paradoxo, pois o treinamento é árduo e exaustivo. E por que isso? Como as missões são secretas, na maioria delas os militares seguem incógnitos nos locais, geralmente no Oriente Médio. E como ela foi criada bem no auge da Guerra Fria, algumas das missões também rolavam no Leste Europeu, já que corriam boatos sobre a relação promíscua entre a URSS e os terroristas árabes-palestinos (assunto amplamente explorado em A Hora da Vingança, resenhado anteriormente).

Aliás, as primeiras missões são a tônica do livro, juntamente com o treinamento inusitado.

Informação adicional: o livro deu origem à série The Unit, que passava no canal Fox aqui no Brasil. Sim, a 3ªtemporada já rolou e a emissora nem quis saber.

Para quem gosta do assunto, um livro imperdível. Para quem não curte, uma leitura diferente, pelo menos para ampliar os horizontes.

Da Leo Burnett de Chicago.

Fonte: Update or Die

Quebrando uma promessa

Publicado: 06/08/2009 em NOTÍCIAS POPULARES

Quando criei o Kickmarketing, pensei em escrever algo que não tivesse nada a ver com minha opinião sobre outro assunto que não fosse Comunicação ou Marketing. Pra isso, eu tenho outro blog (que por um acaso está bem sedentário ultimamente).

Mas, ao ouvir ontem o pronunciamento do presidente do Senado, o sr. José Sarney, comecei a repensar esse dogma genérico ao qual me impus. E não foram só as palavras gaguejadas do senador que me fizeram pensar. Por uma razão que desconheço, comecei a pensar em como os meus contatos e amigos reagiriam àquelas palavras. Os petistas de plantão vão dizer que é modinha gritar “Fora Sarney” e que o PSDB também tem seus pecados. Os peessedebistas vão gritar que o PT se alia à escória da política, coisa e tal.

Independente do que eles pensam, continuam sendo meus amigos. Mas é esse um dos pontos que me fez virar um apartidário fervoroso. Não apolítico, pois não sou dado à alienação. Só apartidário. Não consigo enxergar um partido como salvação e nenhuma ideologia pregada por eles tem 100% da minha simpatia. Infelizmente, aqui no Brasil (e em um monte de outros países), o conceito de partido é completamente deturpado.

Partido = Clube/Gangue.

Sim, é isso mesmo. Sinto que serei achincalhado pela minha declaração, mas é o que penso. Só para explicar melhor meu raciocínio, vamos pegar como exemplo o que tá rolando lá no Senado.

O PMDB é um notório aliado do PT no governo. Não me importa o porquê. Se foi pela farta distribuição de cargos e ministérios ou se foi porque o Lula se apaixonou pelos lindos olhos azuis do Sarney, foda-se. Como aliados, jamais veremos um cenário em que um lavará as mãos quando o outro estiver sendo julgado. O PSDB critica o PT por ser conivente com as falcatruas generalizadas e desce o cacete no PMDB por ser o partido responsável pela maioria delas.

Mas alguém se lembra de onde veio o PSDB? Pois é. Um racha “ideológico” dentro do PMDB fez com que figuraças saíssem e fundassem o partido atual opositor do governo. Por sua vez, o PMDB veio do MDB, opositor ao partido do governo militar, o Arena. Do MDB, surgiram também um monte de outros partidos que a gente vê por aí apoiando ou se opondo ao governo. Do Arena, surge o Democratas (que a Marta adora chamar de “Demo”), antigo PFL, mas que atualmente vemos abrigar algumas figurinhas do MDB também.

Ou seja, vem todo mundo do mesmo saco.

Após a eleição que tirou os militares do poder, havia realmente uma necessidade de reformas, de mudanças, de evolução. Sem entrar no mérito daqueles que promoveram essa transição, alguns que lá estavam não tinham intenções muito nobres. Com os anos, aqueles que encabeçaram essa nova fase da democracia brasileira, foram sendo substituídos por aqueles que estavam no segundo escalão. E foi aí que o troço degringolou.

Hoje, o que vemos é uma guerrinha particular, à margem da população geral, em que um partido é acusado e, para se defender, acusa o outro de volta. Abre-se uma CPI, com a mesa que a preside escolhida através de acordos entre as partes e fica tudo por isso mesmo. O corporativismo está bem mais enraizado do que a imprensa tem mostrado através do show que se tornou a crise no Senado.

Infelizmente, os protagonistas desse show são atores que são eleitos por nós, para nos representarem, mas ao chegarem lá, no poder, legislam e governam em causa própria. E nenhum projeto que se faça, eu disse nenhum, está efetivamente sendo benéfico à população. Bolsas esmolas que fazem com que o caboclo coma além do jantar, o almoço, não o fazem sair da condição de subnutrido ou analfabeto. Temos um caboclo menos subnutrido e semianalfabeto, morando, não num barraco, mas numa casinha do mesmo tamanho, um pouco melhor. No mesmo lugar do barraco.

E a galera lá no Planalto continua se acusando, brigando, culpando a imprensa. Às 18h, levantm-se de suas cadeiras, pegam seus carros oficiais e vão para suas casas funcionais (bem maiores que as casinhas dos caboclos que votaram nesles). O jantar estará pronto, servido e farto, acompanhado de um vinho que não brigue com o sabor da comida.

Repito: sei que serei xingado, zoado. Vou escutar um monte. Quer saber? Sem crise.

Essa é a minha opinião. Até aparecer alguém (não um partido) que me mostre através de atos, não de palavras, que tudo pode ser diferente. Não vou nem responder aos comentários (se rolarem). Nem se me chamarem de ‘Alice’, ‘Poliana’, sonhador, alienado etc. Todo mundo tem o direito de pensar como quiser. Só não têm o direito de quererem que eu pense como todo mundo.

Desculpe, galera.

Mais um “Frêise Búqui” e outra campanha ecológica em Dark Adverside.