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Há alguns anos, fiquei impressionado ao ler o Propaganda Subliminar Multimídia, do Flávio Calazans. Algumas coisas são questionáveis, admito, mas o cara fez uma baita pesquisa a respeito. E isso, trocadilhos à parte, eu respeito.

Mas, no Facebook de um amigo meu, vi uma imagem que me fez pensar a respeito de um novo conceito: a Propaganda Sobreliminar:

Que Santa Clara tenha piedade da classe publicitária…

Finalmente assisti ao Operação Valquíria! De fato, um pusta filme e que me deixou com uma vontade de ler os livros sobre o episódio que inspiraram o filme.

Bom, não vou me extender a respeito dos detalhes do filme, nem sobre a sua sinopse. Se quiserem algo do gênero, leiam Letters From Louis (aliás, L.E., por que não rolou uma crítica sobre esse filme?). Vou falar sobre uma reflexão que fiz a respeito do porquê a última operação para matar Hitler deu errado.

A princípio, o plano parecia infalível: o texto do plano Valquíria (que acionava a reserva do Exército no caso de algum problema) recebe algumas algumas alterações, legitimando os conspiradores como governantes interinos e com plenos poderes; elementos-chave para o assassinato são recrutados nos círculos mais próximos ao führer (ou plantados ali); a bomba é plantada no lugar exato e explode na hora certa; as comunicações da Toca do Lobo (local mais seguro para refúgio de Hitler e onde seria executado o plano) com o restante do mundo, são imediatamente cortadas ao se ouvir a explosão; Tom Cruise foge e Valquíria é colocada em prática, já que o comandante supremo estava morto e a SS “estaria tentando tomar o poder”.

A partir daí, tudo se desenrola perfeitamente, até que duas mensagens conflitantes chegam no centro de telégrafos do Reich: uma pedindo a prisão de Goebells, outra pedindo a prisão daqueles que, supostamente, estavam colocando a casa em ordem. E é nesse momento que tudo começa a dar errado: Goebbels fala diretamente com Hitler (wtf!!), as rádios passam a anunciar o golpe e dizer que Hitler está vivo, os rebeldes são presos e executados e fim da bagunça.

Quais foram os erros? Bom, pra começar, a bomba só arranhou Hitler, que saiu imediatamente do local da explosão; as comunicações da Toca do Lobo foram reestabelecidas a tempo de desmentirem os rebeldes; mensagens conflitantes passaram a chegar no centro de telégrafos, tanto da Toca do Lobo, quanto do Governo Interino; o mesmo centro decidiu retransmitir apenas as mensagens que chegavam de onde o führer estava.

Mas, na minha modesta opinião, a grande cagada foi não ter CONTROLADO a Comunicação. Os insurgentes estavam tão preocupados com detalhes bélicos, alianças, legislação e com apenas cortar a comunicação da Toca do Lobo, que esqueceram de um fator-chave para o golpe dar certo: a Alemanha nazista se fez pela Propaganda!

O episódio da central de telégrafos é a maior prova disso, ao lado do fato de terem deixado para prender Goebbels muito tempo depois:

– A central de telégrafos era a grande fonte de informações, inclusive para Propaganda. Apenas isolar a Toca do Lobo não era o suficiente. Hitler não tinha morrido, então, a primeira coisa que faria era abrir as portas do canil e soltar todos os rotweillers para colocar as coisas em ordem, inclusive “a porra deste telefone que está mudo, scheiße!!” O ideal não era ter apenas um homem de confiança nas comunicações da Toca, mas um também na central de telégrafos, que filtraria as mensagens de acordo com os propósitos da insurreição. Deixar as pessoas daquele setor no escuro favoreceu a confusão que, logicamente, seria dissipada com a volta do líder.

– O controle dos meios de comunicação era crucial também. Se as rádios tivesse sido invadidas pelos insurgentes, ou se os responsáveis tivessem sido cooptados antes, somente as notícias “oficiais” seriam veiculadas.

– Sabendo que Goebbels era o terceiro homem do Reich, mas o mais influente, ele deveria ser o primeiro a ser encarcerado. É sabido que o Ministro da Propaganda era um homem muito influente e bastante persuasivo (pudera…). Esquecê-lo foi de um amadorismo cartesiano sem tamanho.

Enfim, controlar a Comunicação como um todo era a chave para o sucesso, mesmo com a bomba tendo falhado. Mesmo com o homem vivo, nada como um bombardeio marcado para o local para resolver a coisa. “Insurgentes tomaram a Toca do Lobo e não houve reféns…” Simples assim. Mas, como sempre, a Comunicação é deixada para segundo plano.

Assim, termino meu texto com mais um exemplo da importância de se fazer uma boa Comunicação, além de alertar para as atuais tentativas de controle das comunicações pelo último governo. Com certeza, se levarem em consideração os lapsos retratados no filme, nesse novo governo a cavalgada das Valquírias está mais que garantida.

Faz uns três dias, estava discutindo a regulamentação das profissões com minha esposa e um casal de conhecidos. Só para situar o leitor no contexto, minha esposa é dentista e o casal era formado por uma advogada e um publicitário.

Tudo começou quando falávamos sobre a formação dos profissionais atualmente. A conclusão era que o ensino de base está cada vez pior (#fato) já há uns bons anos, o que fez com que poucos tivessem acesso ao ensino superior. Consequentemente, o Governo, pressionado pela sociedade civil, resolveu mexer nessa situação e facilitar a entrada de todos na Graduação em vez de, claro, tentar consertar a situação do ensino de base (“Aaah… Dá muito mais trabalho e precisamos de uma solução imediata e que acalme a população”).

Como nem todos tinham condições de pagar a altas mensalidades das particulares (já que as públicas são mais difíceis de entrar, mas… noutra hora falo sobre isso), algumas faculdades optaram por reduzirem suas mensalidades para atender a essa nova demanda. Mensalidades mais baixas significam menos dinheiro entrando no caixa, o que dá à mantenedora da Instituição de Ensino Superior (IES) duas opções: aumentar o número de vagas por processo seletivo, criando salas com mais de cem alunos; ou reduzir drasticamente seus custos. Tanto uma solução, como outra, são extremamente prejudiciais à formação do discente de Graduação.

Infelizmente, há dez anos, quando todo esse processo no ensino superior começou, ninguém previu isso (mesmo quando o maldito Murphy gritava de seu caixão). Apenas nos dias atuais é que podemos constatar (e viver) os resultados dessa enorme lambança.

Salas muito cheias significam salas mais difíceis de se ensinar. Os alunos se dispersam com muito mais facilidade e em maior quantidade. Em resumo, ou o professor se estressa, tentando sobrepor a sua voz e ensinamentos à bagunça, ou ele simplesmente desencana e dá uma aula meia-boca. No primeiro caso, o professor sempre pede demissão.

Se a mantenedora de uma IES com mensalidade popular não consegue encher uma sala com mais de 40 alunos, só lhe resta diminuir as despesas. Água, luz e impostos em geral continuam sendo cobrados periodicamente, sem choradeira. Onde reduzir os custos? No material humano. Horas-aula cada vez mais baixas têm sido pagas aos docentes nessas instituições. Alguns até conseguem aguentar, mas, com o tempo, procuram outras IES para dar aulas ou atividades profissionais paralelas. Pode não parecer, mas isso acaba gerando um altíssimo turnover, já que o docente procurará quem paga melhor (e possivelmente, dará prioridade a esse). Isso tudo resulta em diferentes professores dando a mesma disciplina a uma turma no mesmo semestre, professores que aceitam ministrar uma disciplina que não é sua e outras atrocidades que vemos nas salas de aula.

Enfim, voltando ao assunto do início deste post, após contar isso tudo ao casal de conhecidos, todos na mesa (menos minha esposa que conhece a situação de perto) ficaram chocados. Assim, concluí que TODAS as profissões deveriam ser controladas e normatizadas, principalmente aquelas que exigem uma formação superior. O casal e minha esposa concordaram, mas com uma ressalva: nem todas as profissões precisam disso.

De acordo com eles (sim, todos estavam em uníssono tecendo o raciocínio, menos eu, claro!), profissões como medicina, odontologia, farmácia, enfermagem e as demais da área de Biológicas, tinham mesmo que ser regulamentadas, devido à sua importância e ao fato de lidarem com a vida. Um erro qualquer e a vida seria prejudicada. Na hora, me veio a imagem de um quadro na sala de espera de um médico da minha adolescência, em que uma pessoa comum desfalecida era disputada por um esqueleto (representando a morte) e um garboso médico, todo paramentado, de jaleco, máscara e touca (e se não me engano, com o estetoscópio pendurado nos ombros).

Aí, eu perguntei se só as profissões das Biológicas eram tão importantes assim, a ponto de as outras poderem absorver qualquer incauto. A advogada saiu em defesa da classe. O exame da OAB é essencial, pois filtra aqueles que poderão lidar com a justiça, por terem sido bem preparados na academia, daqueles que só colaram na faculdade e jamais poderiam ter em suas mãos a vida de um cliente, que poderia ser preso, perder dinheiro, bens ou a guarda de um filho. Sim, uma gigantesca responsabilidade! Eu mesmo tenho muito a agradecer aos bacharéis em direito, sejam os advogados com OAB, sejam os juízes que foram justos ou os policiais (delegados, no caso) que cumpriram seu dever. (Na hora me veio à cabeça a imagem de um quadro com um advogado gritando, enquanto ampara um cliente desfalecido, com outro advogado. Entre eles, um juíz, garbosamente paramentado, apartando a briga, segurando seu indefectível martelo.)

No decorrer da conversa, lembramos de outras profissões, como Engenheiros, Arquitetos, Administradores, Jornalistas e, pasmem, Professores. Aí, como eu não poderia deixar quieto (e contava com a nobre presença de um irmão de profissão à messa), perguntei: “E os Publicitários? Não precisam de uma regulamentação?”

Claro que todo mundo deu risada. Até o colega de profissão (que depois descobri ser dono de uma Agência, o que explicou tudo). Começou, então o despejo de argumentos do tipo “se o publicitário errar, não mata ninguém, não acaba com uma vida”. Foi aí que eu trouxe a conversa para onde eu queria e que resultou neste post (finalmente, né, porra!).

Vou tentar reproduzir aqui o meu discurso. Tentar, pois já estava com umas duas ou 10 taças de vinho na cabeça.

De fato, nós publicitários não temos o mesmo “poder” de vida ou morte que os valorosos médicos ou o conhecimento necessário do bacharel em Direito para se fazer justiça. Mas, a cada ano, surgem mais e mais pessoas que nos acusam de sermos manipuladores, mentirosos e perigosamente sedutores (ui!). Ou seja, indiretamente, a sociedade como um todo considera a Publicidade (e os responsáveis por ela) um assunto importante e que merece atenção. Quantas campanhas são veiculadas diariamente? Quantas delas realmente cumprem o sua função, que é o de vender uma idéia, imagem, produto, serviço ou empresa? Quantas delas simplesmente fazem o contrário? Pois é. As que não fazem seu trabalho, muitas vezes acabam com o produto, queimam um serviço, sujam a imagem de uma empresa, colocando em risco o emprego de muita gente (inclusive o do Publicitário).

Raciocinem comigo: uma campanha mal executada, para começar, significa dinheiro do cliente jogado fora. Sim! Campanhas são investimento (dinheiro) e investimento significa “estou colocando dinheiro nesse negócio esperando ter algum retorno financeiro futuro”. Se a empresa investiu uma certa soma em Comunicação, ela espera que essa Comunicação a ajude a vender mais e melhor seus produtos ou serviços, por exemplo. Os milhares (ou milhões) investidos, se a Campanha não funcionar, não retornam à empresa, muito menos com lucro. O que significa, no português claro, dinheiro perdido. Por sua vez, dinheiro perdido para a empresa significa “perdi toda a grana economizada”ou, pior, “como vou fazer pra pagar aquele empréstimo?”

Não é preciso ser nenhum Matemático ou Economista para entender o que isso significa para a saúde financeira da empresa. Em suma, a situação aperta, a empresa tem que cortar gastos, demite-se empregados, que por sua vez passam a economizar (ou deixar de gastar); menos dinheiro passa a circular no mercado; outras empresas passam a sofrer com a perda (ou a não entrada) de dinheiro e têm que demitir seus funcionários e cortar gastos… Um ciclo vicioso. Isso porque eu só resumi meu raciocínio.

Viram o que uma simples campanha mal feita pode causar?

Agora, vamos elevar a potência dessa suposta megalomania publicitária. Imaginem um Publicitário incompetente num mundo em que não exista um órgão regulamentador da Publicidade e Propaganda, como o Conar. Ou pior: digamos que tal Publicitário seja extremamente competente, mas sem nenhum escrúpulo (nem mãe). A indústria do tabaco, neste mundo fictício, deseja atingir camadas mais jovens e suscetíveis ao hábito do fumo e contrata esse Publicitário. Se a Campanha dá certo, imaginem o crescimento de casos de câncer, enfisema pulmonar, aneurisma, impotência etc. Imaginem quantos pais passariam a arrancar os cabelos preocupados com o aumento do gasto com cigarros de seus filhos.

Parece piada, mas não é. Uma coisa que faço questão de frisar a todos os meus alunos é a importância da profissão para a qual eles estão estudando. Sempre peço para que eles ajam a vida toda com ética e responsabilidade com todo o conhecimento adquirido na academia.

Mas, como nós Professores não temos controle sobre os egressos, defendo, sim, uma regulamentação das profissões. De todas, inclusive da nossa e da de Publicitário. Não uma regulamentação feita nos moldes frankfurtianos (blargh!), nem com Veterinários da Anvisa achando que entendem de Semiótica. É preciso separar o joio do trigo.

É preciso mudar tudo, desde a formação básica das crianças, moldando cidadãos éticos e responsáveis, mas sem essa merda de febre politicamente correta. A seguir, voltarmos ao modelo de ensino na Graduação da old school e por aí vai. Mais Mestres e Doutores na lida! Mais pesquisadores e mais estímulos a esses! Pasmem, ouvi noutro dia um beócio defendendo a não obrigatoriedade do Mestrado e Doutorado na docência e o fim do Professor de carreira.

Concluindo, se querem regulamentar algo, que comecem pelo profissional responsável pelos profissionais: o Professor.

Parece incrível, mas imaginem ter que se fazer um comercial que ensinaria como usar o telefone.

Pois é. Quando surgiu, a invenção de A. Graham Bell ainda era um bicho de sete cabeças e usá-lo requeria curso ministrado pela NASA. Brincadeiras à parte, fico imaginando a dificuldade do povo na época, inclusive de entender o conceito de que, por aquele objeto estranho, que você encaixava um de seus lados no ouvido e o outro apontava para a boca, você conseguiria falar com sua mãe na costa oeste, mesmo você estando na costa leste.

O mais interessante foi a personagem escolhida para ilustrar as explicações: uma criança. Já naquela época, eles tinha a preocupação de passar uma mensagem agradável e bem humorada. Se uma criança consegue, qualquer um consegue.

Detalhes como as demonstrações dos sons de chamando e ocupado são impagáveis. Confira abaixo:

 

Fonte: Blue Bus (mas postado no UOL bem antes, em abril de 2010)

Realmente, quando eu acho que eu conseguirei me tornar um ser-humano melhor, menos ácido e mais compreensivo, vem alguém e liberta o meu monstrinho interior.

Estava no Facebook, dando uma conferidinha no meu wallpost, quando me deparei com uma mensagem da escolinha da minha filha para que eu visitasse o blog de uma das colaboradoras da instituição. E, claro, como estou tentando ser um ser-humano melhor, fui lá prestigiar o blog. Não entrarei em muitos detalhes, pois a história está apenas começando, mas é um blog de uma jornalista e professora, cujo mote é discutir educação. Os posts mais recentes são bastante sérios e bacanas, como um sobre a educação de crianças com deficiência. Começou ganhando o meu profundo respeito.

Mas, se existem pontos que devem ser tratados comigo com certa delicadeza para não me tirarem do sério, eles são cinco: Deus, família, Exército, Artes Marciais e Publicidade. Se não é pelo amor que sinto por eles, é pelo conhecimento que tenho sobre eles, ou os dois juntos. Enfim, num dos posts, a colega tocou numa ferida aberta que eu teimo em expor: a briga entre Anvisa e a Publicidade.

Em resumo, a colega resolveu noticiar o fato de um grupo de juristas defenderem a competência da Anvisa no controle da Publicidade de alimentos (a infame Resolução n° 24/2010, acertadamente suspensa). Não posso dizer se a ela concorda ou não com a nota pois, como uma boa jornalista, manteve a imparcialidade (mais pontos no meu conceito). Mas a história mexe comigo, contada de maneira imparcial ou não. E, claro, eu tinha que deixar a minha palavra, minha opinião. Ao clicar nos comentários, vi que alguém já havia falado e fui conferir. Era um advogado e professor de Direito Constitucional, que expressava a sua concordância com os nobres colegas, blá-blá-blá…

“Porra!”, pensei eu. No texto do blog, a jornalista cita os artigos constitucionais que fundamentam o texto dos juristas. O que mais me chamou a atenção foi o seguinte:

“Os juristas citam o § 3°, artigo 220 da Constituição Federal: ‘A propaganda comercial de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde estará sujeita a restrições pelos meios que a lei federal estabelecer, que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem dela’.”

Ou seja, restringir a comunicação do produto prejudicial à saúde pode, mas proibir a fabricação e comercialização dos mesmos, nem a pau! Não é uma maravilha? O cigarro, por exemplo: há quanto tempo está proibida qualquer tipo de comunicação nos veículos a respeito de produtos que tenham tabaco na sua composição? Há bastante tempo, não!? E há quanto tempo está proibida sua produção e comercialização? “Hahahaha! Hohohohohoh!”, respondem os executivos da Philip Morris e da Souza Cruz. Isso mesmo! Nunca nem restringiram nada de nada.

“Ah!”, você me responderá, “Mas é proibido vender cigarro a menores!”. E eu respondo: que atire a primeira pedra aquele que nunca viu um menor de idade fumando um cigarrinho com os amiguinhos do colégio.

Na boa? Eu trabalharia sem remorso nenhum para os departamentos de Comunicação de qualquer uma das duas empresas de tabaco acima citadas, nem teria problema nenhum em fazer campanhas lá fora para elas através de uma Agência, pois eu não estaria trabalhando para nenhum segmento ilícito nem para o crime organizado.

Que me desculpem os nobres e valorosos (e quando digo isso, não há nenhuma ironia, juro!) advogados mas, cada macaco no seu galho! A competência da Anvisa é “promover a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.”, de acordo com o próprio site do órgão.

E que me perdoem os juristas (que com certeza cairão matando neste que vos escreve, usando de todo o juridiquês disponível), mas se ainda temos cigarro, remédio controlado, comida estragada ou nada saudável e bebida alcoólica sendo vendidos A QUALQUER CIDADÃO, DE QUALQUER IDADE, a Anvisa não está fazendo o seu trabalho. Está prevaricando!

E, na boa? Ao tentar controlar a Comunicação, além de promover a censura (é sim, basta olhar o conceito), a Anvisa está pura e simplesmente tentando tapar o sol com a peneira da sua incompetência.

Em tempo: meu comentário, até o momento, está sob avaliação. Ele é basicamente um resumo (e bem mais educado) do presente post. Vamos ver no que vai dar…

Começa no dia 20 de setembro de 2010 a 11ª edição da Semana de Publicidade da PUC-SP, realizada pelo Curso de Publicidade e Propaganda da PUC e pela Agência PUC.

Para quem não sabe, a Agência PUC é formada só por alunos do Curso de Publicidade e Propaganda e, não por coincidência, foram premiados há alguns dias na etapa nacional do Intercom com a melhor campanha. Qual campanha? A da 10ª Semana de Publicidade, que foi muito bacana por sinal.

Neste ano, a Semana contará, como sempre, com feras do mercado e representantes de grandes agências como Ogilvy, Leo Burnett, AlmapBBDO, Lew/Lara, DM9DDB, entre outras gigantes. Além disso, teremos clientes-anunciantes falando sobre o outro lado do balcão, figurinhas carimbadas do Meio & Mensagem e algumas oficinas, que costumam ficar cheias (dentro e fora…).

Mais informações:

http://semanapp.wordpress.com/

http://twitter.com/semanapp


Anteontem eu recebi um tweet do M&M Online sobre uma matéria publicada no site.

A chamada era “Crianças reconhecem o papel da Publicidade”. É claro que parei tudo o que estava fazendo para ler o texto, já que uma das minhas maiores brigas no meio acadêmico é sobre esse assunto tão espinhoso e divisor de águas.

Só para situar quem não entende muito bem a encrenca, um grupo bastante significativo de psicólogos e sociólogos (principalmente esses últimos) “descobriram” que a culpa das mazelas e consumos supérfluos desenfreados é da “indústria da comunicação”, comumente representada em seus textos pela famigerada Propaganda. Uma corrente específica realiza estudos que tentam comprovar que as crianças sofrem compulsão consumista pela manipulação inescrupulosa da Propaganda infantil.

Bom, já começa pelo erro crasso cometido por esses leigos no uso da expressão Propaganda. Quem costuma ler o Kick, é ou foi meu aluno ou tem a paciência de aturar meus discursos inflamados em defesa da classe sabe a diferença entre ela e a Publicidade. Mas não vou entrar nesse terreno exaustivamente estudado. Minha bronca hoje é com outra cousa.

De acordo com a reportagem do M&M (Crianças reconhecem o papel da Publicidade), a Turner International do Brasil, responsável pelo canal Cartoon Network, realizou uma pesquisa no primeiro semestre deste ano com crianças e mães, usando métodos como grupos de discussão e tecnologias como o eye-tracking para entender a reação e a relação dessas crianças e suas famílias com as campanhas publicitárias.

O resultado mostrou que as crianças entendem certas sutilezas das mensagens publicitárias e sabem que as mesmas estão ali apenas como um mecanismo atrativo, além de terem a consciência de que não se tornarão mais bonitas, mais fortes ou terão poderes se comprarem o produto anunciado.

Ou seja, começamos a provar que a criança quer o brinquedo, não porque foi seduzida ou teve sua mente manipulada por uma mensagem subliminarmente diabólica, mas porque quer um brinquedo para simplesmente brincar. Crianças querem apenas ser crianças. A fantasia, o lúdico e a diversão já fazem parte do cotidiano das crianças antes mesmo das grandes agências brasileiras se tornarem médias, bem antes do Göebbels e seu Ministério da Propaganda revolucionar a técnica e muito antes de da Igreja Católica oficializar o conceito de propaganda. Isso é coisa daqueles adornianos apocalípticos que acham que a comunicação é nefasta e a causa da extinção da humanidade.

Mesmo o meu bom amigo Vinícius Fel com Limão me dizendo que a pesquisa tem tanta credibilidade quanto uma sobre os efeitos do cigarro encomendada pela Souza Cruz, ainda é válida, sim! Uma pesquisa patrocinada pela Souza Cruz, com certeza não usará fumantes inveterados, com mais de 20 anos de “bronzeamento pulmonar”, ou a família deste. A pesquisa da Turner usou crianças e mães. É claro que esse tipo de dado, o fato de uma empresa do segmento ter feito a pesquisa, dá margem a desconfianças. Mas, se for assim, pesquisas eleitorais patrocinadas pelo Governo também não merecem a menor credibilidade, não?!

Então, meus queridos leitores, vamos parar com essa palhaçada de requentar teorias da década de 1970.

O mundo mudou, o acesso a informações atualmente é facilitado ao extremo e se os pais são bundões a ponto de comprarem tudo o que o pirralho birrento quer, a culpa não é da Publicidade (muito menos da Propaganda).

É falta de tapa na bunda. Dos pais, não da criança.

A cada dia que passa eu perco a esperança de um dia ver um mundo em que as pessoas entendam que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

No caso, a minha indignação é com a falta de conhecimento de certas pessoas com relação à diferença entre Publicidade e Propaganda. Eu já escrevi sobre isso algumas vezes, o Filipe (Blog do Crespo) também. Até Jornalista, que teoricamente tá cagando pra essa diferença, ainda mais aqueles que não gostam da gente, já escreveu sobre. E o pior: de maneira acertada.

Mas, como devo ter dado a entender no início deste post, ainda tem gente que não sabe, acha que sabe e, ainda por cima, fica falando bosta (desculpem!) merda (desculpem!) besteira sobre o assunto.

No começo desta semana, uma aluna veio aos prantos me contar que quase foi demitida pelo chefe por discutir sobre os significados de cada termo. O chefe dela insistia numa coisa e ela, no que aprendeu. Bom, para encurtar a história o beócio fez um puta (desculpem!) baita escândalo, bateu na mesa dela, gritou com ela e a fez ler num livro do Kotler os significados das palavras.

Isso mesmo que você leu: KOTLER! O energúmeno usou Kotler para embasar sua teoria sobre Propaganda ser paga, por isso é sobre produto, e Publicidade significar tornar público, ou seja, publicar uma ideologia.

Aí eu me emputeci (desculpem!) descontrolei e resolvi que a mais nova “minha missão pessoal” seria a de tentar enfiar na cabeça do chefe da minha aluna a verdade suprema. Li e reli meus livros sobre o assunto para embasar melhor a resposta para o email que recebi dela pedindo socorro.

Segue abaixo o mesmo na íntegra. Espero que agora, depois dessa, cessem as imbecilidades que leio, ouço e vejo a respeito do assunto.

Boa noite, Carina!

Pois é, não me esqueci.
Lembre-se: a melhor hora de desferir um ataque ou uma retaliação é quando o alvo está desprevenido.
Mas, vamos lá…
Usar Kotler para falar de publicidade é a mesma coisa que você achar que aprender balé pode ser útil numa luta de muay thay.
Kotler (acha que) entende de Marketing. Os mais heterodoxos do Marketing acham que Kotler ainda é o guru do Marketing e acreditam nele como se ele fosse um profeta.
Não podemos reduzir a importância dele para o Marketing em geral, mas até a nova geração da área questiona alguns de seus conceitos.
Assim, não é de se admirar que seu chefe tenha utilizado um livro do Kotler como um muçulmano usa o Corão para justificar a resposta dele.
Os incautos e oriundos de outras áreas (principalmente os das Exatas…) tendem a achar o bom velhinho do Marketing um gênio, pois aprendem sobre a disciplina com ele.
O que os faz a dogmatizarem seus escritos e, aliado à inflexibilidade de sua formação “nativa”, não aceitarem nada de diferente, por considerarem blasfêmias.
Não podemos culpá-los e nem criticá-los por isso. O que dá para fazer é mostrar um pouquinho da coisa certa.
Kotler foi traduzido do inglês por alguém que, provavelmente, entendia no máximo um pouco de administração (se considerarmos que foi um tradutor profissional e não um administrador que fez o serviço). Em inglês, os termos PROPAGANDA, ADVERTISING e PUBLICITY são tratados levianamente, por simples particularidades da língua inglesa. Sabe qual? A mesma que temos por parte de alguns nativos da língua portuguesa: desprezo total pelo significado correto das palavras.
Kotler simplesmente ignorou, ao escrever seus tratados, os significados das palavras acima citadas (se bem que, pelo que me contaram pois não li, no último ele tenta se redimir e coloca os termos associados aos significados corretos). Se pegarmos um dicionário de inglês, não daqueles que traduzem a palavra, mas um de significados mesmo (inglês-inglês), teremos o seguinte (traduzindo):

ADVERTISING – área que produz descrições, em impressos, rádio ou TV, que promovam produtos e serviços.
PROPAGANDA – informação feita pública, especialmente feita por um governo, para persuadir pessoas a respeito de determinado fato ser verdade e necessidade de suporte ao mesmo.
PUBLICITY – informação dada na mídia (TV, jornal etc.), que cria algum interesse e uma pessoa ou produto.
Em traduções, é muito comum, ou por ignorância sobre o assunto, ou por pura preguiça de pesquisar sobre o assunto, cometer o erro crasso do falso cognato. Um exemplo comum disso é achar que REALIZE pode ser traduzido como REALIZAR. O tradutor da obra de Kotler cometeu algumas dessas atrocidades, o que acabou criando uma geração de seguidores equivocados, que por sua vez já ignoravam o uso correto das palavras em português. Prova disso, são os significados das palavras Publicidade e Propaganda em português:

PUBLICIDADE
1    característica do que é público
2    Rubrica: publicidade.
arte, ciência e técnica de tornar (algo ou alguém) conhecido nos seus melhores aspectos, para obter aceitação do público
3    Rubrica: publicidade.
divulgação de matéria jornalística, ger. por encomenda de uma empresa, pessoa, instituição etc., por qualquer veículo de comunicação
Etimologia
público + -i- + -dade, prov. por infl. do fr. publicité (1694) ‘caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido’, (1829) ‘conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial’; ver public-
PROPAGANDA
1    divulgação, propagação de uma idéia, uma crença, uma religião; apostolado, proselitismo, catequese
Ex.: trabalho de p. da Igreja católica
2    ação de exaltar as qualidades de (algo) para um número ger. grande de pessoas; anúncio, reclame
Ex.: <fazer p. de um candidato> <a p. é a alma do negócio>
3    disseminação de idéias, informações (verdadeiras ou falsas), boatos etc., com o fim de ajudar ou prejudicar (outrem); campanha
Etimologia
red. da expr. do lat.ecl. congregatio de propaganda fide ‘congregação para propagação da fé’, instituída pelo papa Gregório XV em 1622, em que propaganda é abl. fem. sing. do adjetivo verbal ou gerundivo propagandus,a,um ‘que deve ser divulgado’, do v.lat. propagáre ‘pôr em mergulhia; multiplicar, propagar; prolongar; estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver’; tratava-se de um colegiado cardinalício encarregado de balizar as normas sobre como devia ser difundido o Evangelho; o t. incorporou-se ao port. já englobando as acp. modernas, prov. por inf. do fr. propagande(1792); ver propag- e pag-
Ou seja, já se pode ver que o próprio Houaiss aponta essa diferença gritante, mas que a gente que é Publicitário tá careca de saber. Inclusive a respeito de quem é quem.
E por falar em Publicitário, vou citar dois deles falando sobre as diferenças entre as duas técnicas:
1. José Benedito Pinho (Publicitário, Professor de Publicidade e autor de diversos livros sobre Publicidade, Propaganda e Comunicação em geral)
De acordo com o J.B. Pinho, em seu livro Comunicação em Marketing, ambos são técnicas ou atividades de comunicação de natureza persuasiva. Mas, a diferença está nos seguintes pontos (citando diversos outros autores, incluve):
a. PROPAGANDA –  “ações que estão voltadas para a difusão de ideias, principalmente políticas”; “é o conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão destinadas a influenciar, num determinado sentido, as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público receptor”; etc. São 10 os tipos de Propaganda: ideológica, política, eleitoral, governamental, partidária, corporativa, religiosa, social e sindical.
b. PUBLICIDADE – “é a disciplina do composto de promoção cuja força provém da sua grande capacidade persuasiva e da sua efetiva contribuição aos esforços para mudar hábitos, recuperar uma economia, criar imagem, promover o consumo, vender produtos e informar o consumidor”; “(…) tem um papel central na construção e manutenção de marcas fortes e duradouras”; “o conjunto de técnicas de ação coletiva utilizadas no sentido de promover o lucro de uma atividade comercial, conquistando, aumentando e mantendo clientes”. Existem 9 tipos de Publicidade: de produto, de serviços, genérica, de varejo, de classificados, comparativa, cooperativa, de promoção e legal.
2. Armando Sant’Anna (Publicitário, Professor de Publicidade e autor de diversos livros sobre Publicidade e Propaganda e Comunicação)
O livro do Armando Sant’Anna, Propaganda: teoria, técnica e prática, é mais técnico e aprofundado. Segundo ele, “PROPAGANDA é definida como a propagação de princípios e teorias. (…) Deriva do latim propagare, que significa reproduzir por meio de mergulhia, ou seja, enterrar o rebento de uma planta no solo. Propagare, por sua vez, deriva de pangere, que quer dizer enterrar, mergulhar, plantar. Seria então a propagação de doutrinas religiosas ou princípios políticos de algum partido. Vemos, pois, que a palavra PUBLICIDADE significa, genericamente, divulgar, tornar público, e PROPAGANDA compreende a ideia de implantar, de incluir uma ideia, uma crença na mente alheia.” “A PUBLICIDADE é uma técnica de comunicação de massa, paga com a finalidade precípua de fornecer informações, desenvolver atitudes e provocar ações benéficas para os anunciantes, geralmente para vender produtos ou serviços.”
Já deu pra notar que os termos que utilizamos e como os utilizamos são de maneira a seguirmos os preceitos de uma língua de raiz latínica. Kotler escreve numa língua de raiz anglo-saxônica. Conclusão: infelizmente, nas traduções, muita coisa se perde e muita coisa se traduz para o literal, o que acaba gerando uma série de equívocos.
Bom, eu poderia ficar aqui citando autores e mais autores decanos da Comunicação e da PP, demonstrando que tal diferença é exatamente aquela que nós, Publicitários, propagamos. Mas, já que eu dei um peso maior nas explicações sobre PUBLICIDADE, vou encerrar o meu primeiro email sobre o assunto dando uma pequena dica sobre essa diferença que assombra os leigos em Publicidade e Propaganda: um dos maiores mitos da Comunicação de Massa, responsável por diversas técnicas de comunicação utilizadas até hoje, foi o Ministério da PROPAGANDA Nazista, dirigido por Joseph Goebbels.
E aí? Ajudou?
Caso ainda seja insuficiente, eu jogo todos os meus autores na mesa para tentar jogar um pouco de luz nessa massa de fariseus incrédulos.
Mas uma coisa é certa: Kotler não serve para falar de Publicidade e Propaganda. E nenhum outro autor de Marketing, a não ser que ele realmente tenha aprendido com um Publicitário de verdade.
Bjs. e boa sorte na empreitada.
Lelo

Se tem uma coisa que me irrita muito na Publicidade em geral é o povo que insiste em tratar Publicidade e Propaganda como se fosse a mesma coisa.

Um leigo chamar urubu de meu loro, tudo bem. Mas tem profissional com 40 anos de profissão e professor ‘véio de guerra” que ainda acham que é tudo igual.

Em março deste ano, escrevi um artigo sobre a mania dos outros criticarem a Publicidade pelas agruras da humanidade. No começo, fiz um desabafo meia boca (que gerou mais uns artigos raivosos neste mesmo blog meses depois) sobre o fato de as críticas começarem por uma confusão: Propaganda X Publicidade.

Vamos à etimologia das palavras de acordo com o Houaiss…

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Propaganda

“Redução da expressão do latim eclesiástico congregatio de propaganda fide ‘congregação para propagação da fé’, instituída pelo papa Gregório XV em 1622, em que propaganda é ablativo feminino singular do adjetivo verbal ou gerundivo propagandus,a,um ‘que deve ser divulgado’, do verbo latino propagáre ‘pôr em mergulhia; multiplicar, propagar; prolongar; estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver’; tratava-se de um colegiado cardinalício encarregado de balizar as normas sobre como devia ser difundido o Evangelho; o termo incorporou-se ao português já englobando as acepções modernas, provavelmente por influência do francês propagande (1792)”

Publicidade

“público + -i- + -dade, provavelmente por influência do francês publicité (1694) ‘caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido’, (1829) ‘conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial'”

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Ou seja, já nas suas raízes, podemos perceber que as palavras têm conceitos e propósitos diferentes.

Eu costumo, na primeira aula de uma disciplina para o 1º ano, explicar essa diferença. Propaganda faz proselitismo, propaga idéias, ideais, ideologias. Publicidade é uma ferramenta que, através da comunicação, ajuda o cliente-anunciante nos seus esforços de vendas.

Flávio Calazans, no seu livro Propaganda Subliminar Multimídia, define a Publicidade como uma propaganda de produtos. J. B. Pinho, no livro Comunicação em Marketing,  escreve um capítulo para cada termo só para explicar suas diferenças e seus tipos. Muitos outros autores, como Armando Sant’Anna, Zeca Martins, entre outros, apregoam essa diferença.

Então, qual é a dificuldade em entender que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa? Talvez, devido a alguns professores que não fazem questão de considerar essa diferença, alguns profissionais têm saído das academias falando bobagem a torto e a direito. Me arrisco em dizer que isso acaba causando até campanhas ineficientes em alguns casos. Bom, em muitos.

Já não é de hoje que o número de campanhas horrorosas, daquelas que a gente não faz a menor ideia do que elas querem dizer (tipo aquela bosta daquela do Buscapé “já éééé…”).

Tudo bem, vocês vão me dizer que se o cliente aprovou é porque era boa. Mas, se quem deveria entender do riscado, fez a bosta e recomendou ao cliente, não sabe nem a diferença entre dois conceitos básicos, imagine o cliente que o contratou…

Mais uma vez eu escrevo sobre algo que li lá no Blog do Crespo. Daqui a pouco ele vai começar a cobrar direitos, mas enquanto isso…

O texto em questão é do Francisco Gracioso, escrito como editorial da Revista da ESPM – edição de 15 anos. Nele, Gracioso fala sobre os ataques à classe publicitária. Nada que já não tenha sido discutido aqui no Kick, em sala de aula ou nas rodinhas de conversa entre profissionais de comunicação em geral.

O trecho que me chamou realmente a atenção foi sobre a desconfiança mútua que existe entre nós publicitários, veículos, clientes e população. Essa história da desconfiança me cutucou forte, pois é algo que vem me incomodando há tempos, que me faz soltar alguns comentários ácidos a colegas que inconsientemente atacam a classe publicitária. Mas, hoje, ao ler o texto do Francisco, reproduzido no blog do Filipe, percebi que nem aqueles que atacam a Publicidade sabem o porquê de estarem fazendo isso. Eu explico…

Houve uma época, infelizmente bem antes de eu ingressar na profissão, em que havia a tal confiança mútua, uma harmonia mesmo. Jornalistas, publicitários, empresas, veículos e cidadãos, todos falando a mesma língua e buscando os mesmos objetivos.

Mas aí, um bando de teóricos/ideólogos (t/i) começou a se infiltrar em todas essas categorias. Foi bonito, já que essa nova categoria de “seres pensantes” vestia a camisa do time que estava jogando e acrescentava um discurso pautado pela coerência e extremamente articulado. Vestiu com tanta dedicação a camisa que, por um motivo qualquer ou doloso que fosse, passou a enxergar sua classe como a que deveria dominar e reinar sobre todas as outras espécies. Cada classe tinha, agora, sua voz ecoando pelos ares, proclamando sua superioridade e, ao mesmo tempo, a inferioridade funcional das demais. Falavam e gritavam como sabiás demarcando sonoramente o seu território.

Mas um teórico/ideólogo tem um defeito que não transparece à primeira análise: o sujeito acha que sempre tem razão e que o mundo inteiro está errado por pensar diferente das suas premissas. E assim fez-se a merda. Cada um, em seu galho, não satisfeito em ‘piar’ alto sobre si e sua categoria, passou a ‘piar’ sobre o vizinho, explorando suas supostas falhas e transformando-as em defeitos com peso de crime. Tal comportamento contaminou aos outros, que passaram a repetir a melodia sem mesmo saber o porquê ou o quê estavam cantando.

Hoje, o que vemos é um cenário em que as categorias estão em decadência, brigando entre si, quando não estão querendo foder umas às outras, e de quebra um monte de baba-ovo botando pilha na briga, sem perceber que quem sairão perdendo são eles mesmos.

Já faz um tempinho que postei algo sobre tentarem achincalhar a Publicidade já no berço. Sim. Um monte de professores “bem intencionados” que pedem aos alunos um trabalho, de cunho unicamente didático-pedagógico, em que têm que questionar a outros professores (alguns publicitários) sobre o “malévolo poder da manipulação da Propaganda e da Publicidade”. O James também já falou um monte sobre isso.

Com certeza, tudo isso começou com um desses t/i que, chateadinho por algum publicitário t/i falou algo mais bacana que ele. Aí, resolveu começar a sua cruzada pelas bases. O que vemos hoje é um monte de gente saindo das faculdades achando que a Publicidade é o grande mal da humanidade. Complementando o meu post antigo, um dos meus alunos me contou que, enquanto assistia a uma aula com sua noiva no curso de Pedagogia, uma professora de Geografia fazia uma puta apologia contra os Publicitários em específico. Dizia que eles faziam com que as pessoas comprassem tudo aquilo que não queriam, que eles eram a causa de todos quererem vestir roupas bacanas de marca, gostarem de música estrangeira, fumarem cigarro (acho que ela tá um pouco desinformada…) etc. Ele assistiu à aula quieto, sem dar um pio. Depois, veio me contar, com uma ponta de frustração, que perdeu a oportunidade de falar um monte a ela.

Tempos depois, pensando com menos sangue nos olhos, me lembrei que a tal professora veio panfletando ações do sindicato dos professores, com uma conversinha sem vergonha para cima de mim, dizendo que nós Publicitários poderíamos contribuir muito com a nossa prática persuasiva. Eu, da raiva, passei à pena da moça. Ela mesma desconhecia a falha do seu discurso.

Mas, o que leva Jornalistas, Sociólogos, Pedagogos e demais classes a usarem sua influência para queimarem a Publicidade? O que fez com que tivessem tanta raiva, tanto rancor? Por que insistem no discurso “a Propaganda manipula”, mesmo quando têm acesso às provas do contrário?

Eu tenho uma teoria. Mas vou fundamentá-la daqui a alguns anos somente. Por que? Porque tenho certeza que poderei contar com a ajuda dos Jornalistas, que hoje sofrem com ataques do STF e do Governo, e de outras categorias que também sofrerão. Com certeza.

O NSN nessa semana publicou um artigo de altíssimo interesse pessoal deste que vos escreve: Propaganda e Guerra Fria.

A dica foi da blogueira Daiane Santana, do Vivo Verde, que viu no The Inquisitr. E eu, bebi de todas as fontes anteriores.

De qualquer maneira, achei bem legal, já que a Propaganda Comunista, depois da queda do Muro de Berlin, ficou restrita às batidas camisetas do Che Guevara. E essa sequência encontrada pelo pessoal do Inquisitr, repassada pela Vivo Verde ao povo do NSN (ufa!) dá uma amostrinha do que está por vir do que eu chamo do descongelamento da Guerra Fria. Mas essa nova Guerra Fria, se rolar mesmo, será um pouco diferente da anterior. Há novos atores em cena, como Irã e Coréia do Norte. Além disso, será uma Guerra Fria (como eu disse antes, se rolar) com conflitos armados paralelos mais constantes, desta vez protagonizados quase que exclusivamente pelos palestinos e simpatizantes contra Israel e ocidente (leia-se EUA). Nada de muito novo…

Mas, voltando à Propaganda Norte-coreana, as peças chagam a ser até inocentes aos olhos ocidentais, acostumados a Hollywood e seus efeitos especiais e à internet livre, cujo maior obstáculo, na pior das hipóteses, pode ser o Speedy. Dá uma olhada:

north-korean-art-4[4]

Se fosse aqui, diria que é coisa de algum adolescente que acabou de assistir ao Diários de Motocicleta, ou que assistiu a alguma palestra na UNE. MAs levando-se em consideração o fato de que o povo lá vive completamente isolado de todas as referências artístico-culturais do Ocidente, dá até pra relevar.

São imagens até engraçadas, mas que lidas no contexto dos acontecimentos que envolvem o país e seu miniditador são bem sérias. Até então, só os países do Oriente Médio faziam ameaças desse nipe. Uma delas até se concretizou em 11/09/2001. Aliás, as imagens dizem exatamente que o país deseja fazer o mesmo que a Al Qaeda fez com os EUA naquele ano.

O site americano que lançou primeiro minimalizou o fato como se os norte-coreanos considerassem os americanos fracos. Por mais inocentes que sejam, duvido que tenha sido essa a intenção. Apenas uma das fotos aparenta mostrar isso. Outras duas (uma delas acima), mostram símbolos americanos sendo destruídos. Já a última mostra soldados americanos (com uniformes da 2ª Guerra Mundial?!) ameaçando jogar um bebê norte-coreano num poço, enquanto a mãe aflita suplica piedade. Reparem na cobertura estilo soviética do militar à esquerda da imagem. Realmente, intrigante. Essa é só para demonizar o país ocidental.

Para ver as outras imagens, clique aqui ou aqui. Deixo vocês com a mais desconcertante delas:

north-korean-art-1[3]

Você desce o cacete, mas bem que quer ter um, se já não tem...

 

Se tem uma coisa que realmente me tira do sério é a afirmação “a propaganda manipula”. Por dois motivos: um, porque quem fala isso geralmente ignora os significados das palavras Publicidade e Propaganda; o outro é porque não somos farmacêuticos para manipular nada!

Primeiro, é preciso explicar que Publicidade e Propaganda são, realmente, coisas diferentes (desculpe, Fábio Caim, mas são sim!). Eu sempre começo minhas aulas afirmando que o curso se chama Publicidade E Propaganda e não Publicidade OU Propaganda, afinal os dois termos, apesar de terem o mesmo propósito, têm significados e funções diferentes. Em resumo, Propaganda faz proselitismo (do Houaiss, “… catequese, apostolado”), ou seja, atrair e converter pessoas a uma religião, uma seita, uma doutrina ou um partido, um sistema, uma idéia etc. Torná-los adeptos, sectários, partidários (ainda de acordo com o Houaiss). Já a Publicidade tem como função auxiliar as empresas nos seus esforços de vendas, através de comunicação especializada.

Ambas seduzem, mas não manipulam.

Esse tipo de afirmação geralmente é feita por professores que querem por fogo na cabeça da molecada no 1º semestre, ensiná-los a serem críticos e seres pensantes… bah! Todos os anos sempre tem um aluno de um desses cursos que vem me procurar com um bloquinho de papel na mão e a tal afirmação na ponta da língua, seguida da pergunta “o que o senhor acha?”.

Numa das últimas vezes, quando fizeram a pergunta referente às campanhas de brinquedos e demais produtos para crianças, respondi que discordava da afirmação, dizendo que a manipulação não existia. A partir do momento em que há um mercado formado por pessoas que querem comprar e de empresas que querem vender, nós publicitários apenas os alcovitamos: “Prezado Público Alvo, gostaria de lhe apresentar a srta. Empresa. Sei que você procura algo incomum e essa jovem tem exatamente o que você precisa. Conversem um pouco mais e, tenho certeza, vocês descobrirão que têm muita coisa em comum…” Em seguida, disse que o publicitário faz o seu trabalho como qualquer outro profissional o faz. Um dentista cuida da saúde bucal, um médico busca curar um mal, um engenheiro projeta pontes, um padeiro faz pães e um publicitário ajuda a empresa cliente a vender mais e melhor os seus produtos. Além disso, expliquei a eles que existem um negócio chamado CONAR e outro chamado Código de Defesa do Conumidor e que esses dois cavalheiros norteiam o trabalho feito por nós publicitários. E, finalizando, expliquei que a função da Publicidade voltada às crianças é vender um brinquedo e não torná-lo assustador a ponto de as crianças o temerem. A criança tê-lo ou não, dependeria dos pais, que têm a responsabilidade de orientar as crianças, inclusive no aspecto da educação consumidora.

Os meninos gravaram tudo e sairam da entrevista dizendo que a visão que eles tinham a respeito, depois daquele dia, seria completamente diferente. De fato, eles expuseram à sala e à professora, idealizadora do trabalho “inovador”, a tal nova visão. E não é que a tal professora veio me procurar num intervalo de aula para reclamar da minha resposta?! Ela disse aos alunos que não acreditava que eu tinha dito tal absurdo e que eles estavam confundindo minha resposta. Coitada! Gostaria de ter uma câmera para registrar a cara dela quando repeti cada palavra dita aos alunos…

E a tal da história da proibição da Publicidade de cerveja e demais bebidas alcoólicas? Tem maior estupidez que afirmar que a Publicidade dessas bebidas estimula o aumento do consumo delas em escala cada vez maior e cada vez mais cedo? Quer dizer que o sujeito sai do trabalho às 19h30, louco pra tomar uma gelada porque viu na TV o comercial? Que tal essas pessoas que afirmam esse absurdo apagarem os seus cigarros, sentarem na frente de seus computadores e pesquisarem se houve diminuição no consumo de tabaco desde a proibição de campanhas publicitárias de cigarro? Por favor! Nem entre os adolescentes o consumo caiu!

Se for assim, pelo amor de Deus, não impeçam as campanhas de camisinhas! Eu gostaria de continuar trepando…

Acho que esse povo tem um pouco de inveja da gente. Sério! Eles ficam lá, com sua postura politicamente correta, suas caras sérias e idéias maduras de como o mundo seria melhor se todos os habitantes do planeta concordassem em tudo com eles, enquanto que nós publicitários ficamos o dia inteiro nos drogando e pensando em planos diabólicos para fazê-los comprar algo que está fazendo falta na sua vida.

Faz-me rir…