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Todas as vezes em que se fala em ensino a distância (EAD) numa das instituições que dou aulas, todos se arrepiam. Desde os docentes, coordenadores, corpo administrativo e, principalmente, os alunos. Apesar de ser uma tendência relativamente antiga no meio acadêmico, aqui no Brasil ainda engatinha, por isso ainda há alguns contratempos, sejam eles técnicos, sejam por parte dos alunos, que ainda têm dificuldade em assimilar a proposta.

Independente do culpado, o processo pode até não andar a uma velocidade desejada, mas tem que andar. Assim, os professores (não me cabe falar dos outros envolvidos no processo) fazem das tripas coração para que a coisa saia do melhor jeito. Em algumas instituições, usa-se algum tipo de plataforma acadêmica para reunir todas as ferramentas necessárias a uma “aula não-presencial”, que pode ser através de textos para serem baixados, vídeo-aulas, fóruns, chats etc. Acho, realmente, uma coisa muito legal mas, como disse, ainda precisa de muitos ajustes para funcionar bem. Alguns até dizem que o EAD não tem futuro, como li numa reportagem dessas revistas do segmento educacional.

Mas, seja contra ou a favor, o EAD é uma realidade e os professores, de fato, se esforçam bastante, inclusive lançando mão, para os alunos que não conseguem se adaptar ao sistema, de artifícios tão conhecidos da era pré-EAD, como xerox na pasta, atendimento no corredor na hora do cafezinho e email.

Eu, por questão de tempo (pretendo concluir meu Mestrado até setembro deste ano), estou sem disciplinas EAD há algum tempo. Mas, de certa forma, continuo a dar os meus tiros na modalidade. Uma das coisas que mais faço quando estou conectado à internet é responder aos emails dos alunos, seja para assuntos da Coordenação, ou mesmo para matar dúvidas de aula. E vou te contar: alguns dos emails saem melhor que muita aula que ministro.

Por exemplo, um email que reproduzo abaixo, sobre qual estratégia meus orientados deveriam utilizar no seu Projeto Experimental. A aula sobre o assunto, foi ministrada (por mim mesmo) no semestre passado:

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From: Tiago Efectus
Date: 14 de fevereiro de 2011 09:49:49
To: “Prof. Lelo Brito”
Subject: Dúvida: posicionamento

Bom dia, Lelo, tudo bem?

Estamos com dúvidas quanto ao posicionamento. Aqui vai uma:
Podemos utilizar mais um tipo de posicionamento? É que, pelo que analisamos aqui, o Itaucard pode ter posicionamento por benefícios, mente, foco e escala.
Podemos trabalhar estes tipos ou é melhor “escolher” um e trabalhar mais pesado em cima dele?
Abraço!

Tiago Vieira Silva de Jesus

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From: “Prof. Lelo Brito”
Date: 14 de fevereiro de 2011 10:39:29
To: Tiago Efectus
Subject: Re: Dúvida: posicionamento

Bom dia, Tiago!
Não. É preciso escolher apenas uma estratégia de posicionamento.
Posicionamento é criado para se estabelecer a maneira como a marca será reconhecida/lembrada/associada pela mente do consumidor.
Se opta-se por mais de uma estratégia, corre-se o risco de se criar um posicionamento confuso na mente dele, resultando ou em rejeição, ou em dispersão.
Pessoalmente, optaria pela estratégia de benefícios, já que esse é u dos grandes diferenciais do cartão.
Primeiramente, listem todos os atributos do cartão. Num segundo momento, listem os benefícios. Feito isso, releiam a lista de atributos e determinem em que tipos de benefícios cada um deles pode se converter e completem a lista de benefícios.
Me tragam essas duas listas nesta quarta-feira para estudarmos juntos.

Por que não os outros?
Por mente, ou lembrança, pelo simples fato de que a marca Itaú já faz isso pelo cartão, assim como por todos os seus produtos. Assim, seria arriscado apenas contar com os valores agregados da marca, que poderia resultar até em um futuro problema.
O posicionamento por foco é uma estratégia difícil e complicada de se aplicar. Há um risco enorme em se utilizar o conceito equivocado. Por isso, é necessário, antes de tudo, fazer uma pesquisa profunda, mais quali, para tentarmos identificar o conceito que o PA mais se identifica e fazer alguns testes. Aquele case da Skol que usei como exemplo dá a entender que foi fácil. Mas só deu essa impressão porque está pronto e mastigado pelo Prof. Lelo. O conceito do “redondo” não surgiu da noite pro dia. Infelizmente, não temos tanto tempo para aplicar uma pesquisa decente para tal propósito.
O por ESCADA (não escala), definitivamente, não é o caso. A marca Itaú pode não ser a líder no market share nem share of mind, mas, com certeza, a diretoria e os acionista não acham atraente a ideia de se trabalhar com o conceito “o segundo melhor cartão”, ou “a marca que está entre as 5 mais respeitáveis de cartão de crédito”. Uma instituição bancária da envergadura do Itaú, jamais poderia se dar ao desfrute de se posicionar dessa maneira. Afinal, em se tratando de dinheiro (principalmente o nosso e não do banco), confiabilidade vem agregada apenas a conceitos como “melhor”, “maior”, “mais sólido” etc.

Ajudei?
Qualquer coisa, grite novamente!

Abração,

Lelo

Uma coisa é recorrente quando oriento Projetos Experimentais: os alunos nem terminaram o briefing e já estão pensando nas peças, no slogan e tudo mais.

Por mais que eu tente explicar, nenhum deles consegue entender (ou aceitar) que não dá para colocar o carro na frente dos bois e criar uma campanha sem ao menos fazer uma pesquisinha quanti.

Mas, ontem, ao ler a newsletter do Mundo Marketing tive uma agradável surpresa: uma matéria que fala justamente sobre isso. Uma boa ideia vem sempre depois de uma boa estratégia. Tão adequada que um dos exemplos utilizados é da 51 (“uma boa ideia”).

Recomendo muito, principalmente aos meus alunos.

Clique aqui para ler a matéria e entenda de uma vez por todas o porquê de se colocar o carro atrás dos bois.