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Levante a mão quem não viu o vídeo de um cidadão comum ao lado do seu refrigerador Brastemp, reclamando da assistência técnica, do refrigerador, da Brastemp. Se você é da área de Comunicação ou de Marketing e não levantou, receio que você esteja um pouco desatualizado ou ainda tem preconceito quando se fala em Mídias Sociais. Para os demais (que não são obrigados a terem um olhar mais profissional em relação à Comunicação ou Marketing), sem problemas. Vou resumir a história.

O sr. Oswaldo Boreli comprou um refrigerador Brastemp que, após três anos de uso, passou a apresentar um defeito difícil de ser diagnosticado. Quando descobriram a causa, apresentaram um orçamento equivalente ao preço de um produto novo. Contactada, a Brastemp se comprometeu a trocar o aparelho por um novo, recebendo o defeituoso como forma de pagamento. Como a empresa demorou para efetuar a troca, o sr. Boreli fez uma vídeoreclamação e postou no Youtube.

Só que as Mídias Sociais têm um funcionamento completamente diferente das suas antecessoras. O vídeo extrapolou as fronteiras do Youtube e foi parar nos emails, perfis do Facebook e Orkut e sabe lá Deus onde mais. Um desses programas matinais de variedades, na mesma semana, fez uma oportuna(ista) reportagem sobre os direitos do consumidor, em que o ponto alto era o vídeo do sr. Boreli. E o assunto morreu por aí.

Bom, pelo menos para a imprensa.

Ontem eu recebi, semanas depois de o caso ter sido resolvido, o tal vídeo por email. Pois é, o caso já foi resolvido, o cidadão já está usufruindo do refrigerador novo e a Brastemp já soltou uma nota explicativa há um bom tempo (em 29/1/2011, pra ser mais preciso).

Mas é aquela história: a Internet, na maioria das vezes, é madrasta, não mãe. As coisas bizarras e denúncias proliferam e se multiplicam a uma velocidade espantosa. Isso é fantástico. Mas, como eu disse, a rede não é mãe. Alguém aí, daqueles que levantaram a mão por terem visto o vídeo em algum lugar, soube da resposta da Brastemp, ou que o problema foi resolvido? Pois é. Eu, por exemplo, só fiquei sabendo que o problema foi resolvido rapidamente após o vídeo porque acompanho os eventos desse tipo em todos os detalhes. E o pior: só fiquei sabendo da REPOSTA da Brastemp porque conheço uma pessoa que trabalha lá, num almoço de fim de semana.

Esse é o lado cruel da web, que já não é muita novidade para os estudiosos do mercado, que conhecem bem aquela regra de que um cliente satisfeito fala sobre isso com três pessoas, enquanto que o insatisfeito fala com 30 (ou 300, ou 3000, depende do autor do livro…).

Mas, o que é justo, é justo. Por isso, reproduzirei abaixo a mensagem-resposta da Brastemp a todos os consumidores ou curiosos que entram em contato com a empresa recebem e que, inclusive, está publicada permanentemente no seu site:

“A satisfação dos nossos consumidores é nossa principal motivação. Cada um dos donos das dezenas de milhões de produtos que temos no mercado é, para nós, um cliente especial, que deve ser tratado de maneira individual.

A Brastemp se tornou uma marca respeitada porque investe continuamente em ouvir nossos consumidores e desenvolver tecnologias para entregar a eles a qualidade esperada e surpreendê-los com inovação. E fazemos isso por acreditar que a satisfação do consumidor é a nossa maior conquista.

É por tudo isso que nós, as pessoas que estão por trás da Brastemp, nos sentimos muito frustrados quando uma falha como a cometida com o Sr. Oswaldo acontece, porque todos os nossos consumidores são igualmente importantes. Erros desse tipo fogem do nosso padrão de atendimento, mas não por isso são menos importantes para nós. Sempre que detectada uma falha no processo de atendimento, agimos prontamente. Foi o que aconteceu neste caso, resolvido no dia 24 de janeiro.

Para o consumidor, o problema está resolvido. Para nós, ele é parte de um aprendizado, que transformaremos em ações de melhoria nos nossos processos de atendimento, nos ajudando a eliminar casos como esse.

Assim, os nossos canais de atendimento ao consumidor, identificados abaixo, continuam à disposição de cada um dos nossos consumidores.

Telefones:3003 0099  capitais e regiões metropolitanas0800 97 00 999  para as demais localidades2ª a Sábado das 7h30 às 22h00.

Internet:www.brastemp.com.br”

Finalmente assisti ao Operação Valquíria! De fato, um pusta filme e que me deixou com uma vontade de ler os livros sobre o episódio que inspiraram o filme.

Bom, não vou me extender a respeito dos detalhes do filme, nem sobre a sua sinopse. Se quiserem algo do gênero, leiam Letters From Louis (aliás, L.E., por que não rolou uma crítica sobre esse filme?). Vou falar sobre uma reflexão que fiz a respeito do porquê a última operação para matar Hitler deu errado.

A princípio, o plano parecia infalível: o texto do plano Valquíria (que acionava a reserva do Exército no caso de algum problema) recebe algumas algumas alterações, legitimando os conspiradores como governantes interinos e com plenos poderes; elementos-chave para o assassinato são recrutados nos círculos mais próximos ao führer (ou plantados ali); a bomba é plantada no lugar exato e explode na hora certa; as comunicações da Toca do Lobo (local mais seguro para refúgio de Hitler e onde seria executado o plano) com o restante do mundo, são imediatamente cortadas ao se ouvir a explosão; Tom Cruise foge e Valquíria é colocada em prática, já que o comandante supremo estava morto e a SS “estaria tentando tomar o poder”.

A partir daí, tudo se desenrola perfeitamente, até que duas mensagens conflitantes chegam no centro de telégrafos do Reich: uma pedindo a prisão de Goebells, outra pedindo a prisão daqueles que, supostamente, estavam colocando a casa em ordem. E é nesse momento que tudo começa a dar errado: Goebbels fala diretamente com Hitler (wtf!!), as rádios passam a anunciar o golpe e dizer que Hitler está vivo, os rebeldes são presos e executados e fim da bagunça.

Quais foram os erros? Bom, pra começar, a bomba só arranhou Hitler, que saiu imediatamente do local da explosão; as comunicações da Toca do Lobo foram reestabelecidas a tempo de desmentirem os rebeldes; mensagens conflitantes passaram a chegar no centro de telégrafos, tanto da Toca do Lobo, quanto do Governo Interino; o mesmo centro decidiu retransmitir apenas as mensagens que chegavam de onde o führer estava.

Mas, na minha modesta opinião, a grande cagada foi não ter CONTROLADO a Comunicação. Os insurgentes estavam tão preocupados com detalhes bélicos, alianças, legislação e com apenas cortar a comunicação da Toca do Lobo, que esqueceram de um fator-chave para o golpe dar certo: a Alemanha nazista se fez pela Propaganda!

O episódio da central de telégrafos é a maior prova disso, ao lado do fato de terem deixado para prender Goebbels muito tempo depois:

– A central de telégrafos era a grande fonte de informações, inclusive para Propaganda. Apenas isolar a Toca do Lobo não era o suficiente. Hitler não tinha morrido, então, a primeira coisa que faria era abrir as portas do canil e soltar todos os rotweillers para colocar as coisas em ordem, inclusive “a porra deste telefone que está mudo, scheiße!!” O ideal não era ter apenas um homem de confiança nas comunicações da Toca, mas um também na central de telégrafos, que filtraria as mensagens de acordo com os propósitos da insurreição. Deixar as pessoas daquele setor no escuro favoreceu a confusão que, logicamente, seria dissipada com a volta do líder.

– O controle dos meios de comunicação era crucial também. Se as rádios tivesse sido invadidas pelos insurgentes, ou se os responsáveis tivessem sido cooptados antes, somente as notícias “oficiais” seriam veiculadas.

– Sabendo que Goebbels era o terceiro homem do Reich, mas o mais influente, ele deveria ser o primeiro a ser encarcerado. É sabido que o Ministro da Propaganda era um homem muito influente e bastante persuasivo (pudera…). Esquecê-lo foi de um amadorismo cartesiano sem tamanho.

Enfim, controlar a Comunicação como um todo era a chave para o sucesso, mesmo com a bomba tendo falhado. Mesmo com o homem vivo, nada como um bombardeio marcado para o local para resolver a coisa. “Insurgentes tomaram a Toca do Lobo e não houve reféns…” Simples assim. Mas, como sempre, a Comunicação é deixada para segundo plano.

Assim, termino meu texto com mais um exemplo da importância de se fazer uma boa Comunicação, além de alertar para as atuais tentativas de controle das comunicações pelo último governo. Com certeza, se levarem em consideração os lapsos retratados no filme, nesse novo governo a cavalgada das Valquírias está mais que garantida.

Outro dia, minha esposa me contou que alguém perguntou se eu estava desempregado, pois eu estava em todas as redes sociais, postando, comentando e lendo.

Confesso que esse meu hábito de trabalhar e ficar online com o mundo através das redes sociais me tira algumas horas de sono. Sim, eu trabalho, estudo (Mestrado), fico com a minha família e amigos, navego pelas redes sociais das quais faço parte e ainda durmo um pouco.

O mais engraçado é que, há alguns anos eu me sentiria ofendido com essa pergunta. Mas quem é da área de Comunicação ou de Marketing sabe que, atualmente, rede social já não é mais sinônimo de vagabundagem. Claro, ninguém é de ferro e, vez ou outra a gente posta algumas bobagens na rede ou tira uns minutos para dar boas risadas. O legal das redes sociais é isso: entretenimento e trabalho num mesmo lugar, em muitos lugares, sem sair do lugar.

E as empresas já sacaram isso. Pelo menos algumas que, além de estarem presentes ativamente nas redes, não bloqueiam o seu uso pelos funcionários. Um bom retrato disso é o infográfico que a Mashable lançou ontem:

 

Alguns dados são muito interessantes, como o fato de as empresas B2B estarem mais presentes nas redes sociais qua as B2C, porém não são tão ativas como essas últimas.

Bom, se isso ainda não convenceu, leia a matéria completa em mashable.com. Melhor: leia todas as matérias disponíveis no site e releia um post antigo do Kickmarketing que já falava sobre isso.

Fonte: Blue Bus

Terminando mais um fichamento para o Mestrado: A Cultura de Massas no Século XX, de Edgar Morin.

É meio apocalíptico.

Sempre tem algum sociólogo, filosofo ou frustrado em geral que quer colocar a culpa das mazelas da humanidade na Indústria da Cultura de Massas.

Para mim, numa época em que já descobriram que a segmentação na Comunicação é necessária e que as marcas têm um apelo que faz com que tenham fãs em vez de consumidores, Cultura de Massas é um conceito cada vez ligado a roteiro gastronômico no Bixiga.

Morram lenta e dolorosamente, frankfurtianos!

A cada dia que passa eu perco a esperança de um dia ver um mundo em que as pessoas entendam que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

No caso, a minha indignação é com a falta de conhecimento de certas pessoas com relação à diferença entre Publicidade e Propaganda. Eu já escrevi sobre isso algumas vezes, o Filipe (Blog do Crespo) também. Até Jornalista, que teoricamente tá cagando pra essa diferença, ainda mais aqueles que não gostam da gente, já escreveu sobre. E o pior: de maneira acertada.

Mas, como devo ter dado a entender no início deste post, ainda tem gente que não sabe, acha que sabe e, ainda por cima, fica falando bosta (desculpem!) merda (desculpem!) besteira sobre o assunto.

No começo desta semana, uma aluna veio aos prantos me contar que quase foi demitida pelo chefe por discutir sobre os significados de cada termo. O chefe dela insistia numa coisa e ela, no que aprendeu. Bom, para encurtar a história o beócio fez um puta (desculpem!) baita escândalo, bateu na mesa dela, gritou com ela e a fez ler num livro do Kotler os significados das palavras.

Isso mesmo que você leu: KOTLER! O energúmeno usou Kotler para embasar sua teoria sobre Propaganda ser paga, por isso é sobre produto, e Publicidade significar tornar público, ou seja, publicar uma ideologia.

Aí eu me emputeci (desculpem!) descontrolei e resolvi que a mais nova “minha missão pessoal” seria a de tentar enfiar na cabeça do chefe da minha aluna a verdade suprema. Li e reli meus livros sobre o assunto para embasar melhor a resposta para o email que recebi dela pedindo socorro.

Segue abaixo o mesmo na íntegra. Espero que agora, depois dessa, cessem as imbecilidades que leio, ouço e vejo a respeito do assunto.

Boa noite, Carina!

Pois é, não me esqueci.
Lembre-se: a melhor hora de desferir um ataque ou uma retaliação é quando o alvo está desprevenido.
Mas, vamos lá…
Usar Kotler para falar de publicidade é a mesma coisa que você achar que aprender balé pode ser útil numa luta de muay thay.
Kotler (acha que) entende de Marketing. Os mais heterodoxos do Marketing acham que Kotler ainda é o guru do Marketing e acreditam nele como se ele fosse um profeta.
Não podemos reduzir a importância dele para o Marketing em geral, mas até a nova geração da área questiona alguns de seus conceitos.
Assim, não é de se admirar que seu chefe tenha utilizado um livro do Kotler como um muçulmano usa o Corão para justificar a resposta dele.
Os incautos e oriundos de outras áreas (principalmente os das Exatas…) tendem a achar o bom velhinho do Marketing um gênio, pois aprendem sobre a disciplina com ele.
O que os faz a dogmatizarem seus escritos e, aliado à inflexibilidade de sua formação “nativa”, não aceitarem nada de diferente, por considerarem blasfêmias.
Não podemos culpá-los e nem criticá-los por isso. O que dá para fazer é mostrar um pouquinho da coisa certa.
Kotler foi traduzido do inglês por alguém que, provavelmente, entendia no máximo um pouco de administração (se considerarmos que foi um tradutor profissional e não um administrador que fez o serviço). Em inglês, os termos PROPAGANDA, ADVERTISING e PUBLICITY são tratados levianamente, por simples particularidades da língua inglesa. Sabe qual? A mesma que temos por parte de alguns nativos da língua portuguesa: desprezo total pelo significado correto das palavras.
Kotler simplesmente ignorou, ao escrever seus tratados, os significados das palavras acima citadas (se bem que, pelo que me contaram pois não li, no último ele tenta se redimir e coloca os termos associados aos significados corretos). Se pegarmos um dicionário de inglês, não daqueles que traduzem a palavra, mas um de significados mesmo (inglês-inglês), teremos o seguinte (traduzindo):

ADVERTISING – área que produz descrições, em impressos, rádio ou TV, que promovam produtos e serviços.
PROPAGANDA – informação feita pública, especialmente feita por um governo, para persuadir pessoas a respeito de determinado fato ser verdade e necessidade de suporte ao mesmo.
PUBLICITY – informação dada na mídia (TV, jornal etc.), que cria algum interesse e uma pessoa ou produto.
Em traduções, é muito comum, ou por ignorância sobre o assunto, ou por pura preguiça de pesquisar sobre o assunto, cometer o erro crasso do falso cognato. Um exemplo comum disso é achar que REALIZE pode ser traduzido como REALIZAR. O tradutor da obra de Kotler cometeu algumas dessas atrocidades, o que acabou criando uma geração de seguidores equivocados, que por sua vez já ignoravam o uso correto das palavras em português. Prova disso, são os significados das palavras Publicidade e Propaganda em português:

PUBLICIDADE
1    característica do que é público
2    Rubrica: publicidade.
arte, ciência e técnica de tornar (algo ou alguém) conhecido nos seus melhores aspectos, para obter aceitação do público
3    Rubrica: publicidade.
divulgação de matéria jornalística, ger. por encomenda de uma empresa, pessoa, instituição etc., por qualquer veículo de comunicação
Etimologia
público + -i- + -dade, prov. por infl. do fr. publicité (1694) ‘caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido’, (1829) ‘conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial’; ver public-
PROPAGANDA
1    divulgação, propagação de uma idéia, uma crença, uma religião; apostolado, proselitismo, catequese
Ex.: trabalho de p. da Igreja católica
2    ação de exaltar as qualidades de (algo) para um número ger. grande de pessoas; anúncio, reclame
Ex.: <fazer p. de um candidato> <a p. é a alma do negócio>
3    disseminação de idéias, informações (verdadeiras ou falsas), boatos etc., com o fim de ajudar ou prejudicar (outrem); campanha
Etimologia
red. da expr. do lat.ecl. congregatio de propaganda fide ‘congregação para propagação da fé’, instituída pelo papa Gregório XV em 1622, em que propaganda é abl. fem. sing. do adjetivo verbal ou gerundivo propagandus,a,um ‘que deve ser divulgado’, do v.lat. propagáre ‘pôr em mergulhia; multiplicar, propagar; prolongar; estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver’; tratava-se de um colegiado cardinalício encarregado de balizar as normas sobre como devia ser difundido o Evangelho; o t. incorporou-se ao port. já englobando as acp. modernas, prov. por inf. do fr. propagande(1792); ver propag- e pag-
Ou seja, já se pode ver que o próprio Houaiss aponta essa diferença gritante, mas que a gente que é Publicitário tá careca de saber. Inclusive a respeito de quem é quem.
E por falar em Publicitário, vou citar dois deles falando sobre as diferenças entre as duas técnicas:
1. José Benedito Pinho (Publicitário, Professor de Publicidade e autor de diversos livros sobre Publicidade, Propaganda e Comunicação em geral)
De acordo com o J.B. Pinho, em seu livro Comunicação em Marketing, ambos são técnicas ou atividades de comunicação de natureza persuasiva. Mas, a diferença está nos seguintes pontos (citando diversos outros autores, incluve):
a. PROPAGANDA –  “ações que estão voltadas para a difusão de ideias, principalmente políticas”; “é o conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão destinadas a influenciar, num determinado sentido, as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público receptor”; etc. São 10 os tipos de Propaganda: ideológica, política, eleitoral, governamental, partidária, corporativa, religiosa, social e sindical.
b. PUBLICIDADE – “é a disciplina do composto de promoção cuja força provém da sua grande capacidade persuasiva e da sua efetiva contribuição aos esforços para mudar hábitos, recuperar uma economia, criar imagem, promover o consumo, vender produtos e informar o consumidor”; “(…) tem um papel central na construção e manutenção de marcas fortes e duradouras”; “o conjunto de técnicas de ação coletiva utilizadas no sentido de promover o lucro de uma atividade comercial, conquistando, aumentando e mantendo clientes”. Existem 9 tipos de Publicidade: de produto, de serviços, genérica, de varejo, de classificados, comparativa, cooperativa, de promoção e legal.
2. Armando Sant’Anna (Publicitário, Professor de Publicidade e autor de diversos livros sobre Publicidade e Propaganda e Comunicação)
O livro do Armando Sant’Anna, Propaganda: teoria, técnica e prática, é mais técnico e aprofundado. Segundo ele, “PROPAGANDA é definida como a propagação de princípios e teorias. (…) Deriva do latim propagare, que significa reproduzir por meio de mergulhia, ou seja, enterrar o rebento de uma planta no solo. Propagare, por sua vez, deriva de pangere, que quer dizer enterrar, mergulhar, plantar. Seria então a propagação de doutrinas religiosas ou princípios políticos de algum partido. Vemos, pois, que a palavra PUBLICIDADE significa, genericamente, divulgar, tornar público, e PROPAGANDA compreende a ideia de implantar, de incluir uma ideia, uma crença na mente alheia.” “A PUBLICIDADE é uma técnica de comunicação de massa, paga com a finalidade precípua de fornecer informações, desenvolver atitudes e provocar ações benéficas para os anunciantes, geralmente para vender produtos ou serviços.”
Já deu pra notar que os termos que utilizamos e como os utilizamos são de maneira a seguirmos os preceitos de uma língua de raiz latínica. Kotler escreve numa língua de raiz anglo-saxônica. Conclusão: infelizmente, nas traduções, muita coisa se perde e muita coisa se traduz para o literal, o que acaba gerando uma série de equívocos.
Bom, eu poderia ficar aqui citando autores e mais autores decanos da Comunicação e da PP, demonstrando que tal diferença é exatamente aquela que nós, Publicitários, propagamos. Mas, já que eu dei um peso maior nas explicações sobre PUBLICIDADE, vou encerrar o meu primeiro email sobre o assunto dando uma pequena dica sobre essa diferença que assombra os leigos em Publicidade e Propaganda: um dos maiores mitos da Comunicação de Massa, responsável por diversas técnicas de comunicação utilizadas até hoje, foi o Ministério da PROPAGANDA Nazista, dirigido por Joseph Goebbels.
E aí? Ajudou?
Caso ainda seja insuficiente, eu jogo todos os meus autores na mesa para tentar jogar um pouco de luz nessa massa de fariseus incrédulos.
Mas uma coisa é certa: Kotler não serve para falar de Publicidade e Propaganda. E nenhum outro autor de Marketing, a não ser que ele realmente tenha aprendido com um Publicitário de verdade.
Bjs. e boa sorte na empreitada.
Lelo

Ontem na PUC me deparei com algo realmente assustador: cartazes espalhados anunciando o ERECOM.

Calma! Apesar do nome infeliz, na verdade uma sigla, não tem nada a ver com remédio para impotência ou filme pornô-épico. Erecom (não consigo me conformar com esse nome/sigla) é o Encontro Regional de Estudantes de Comunicação Social.

A princípio, parece ser algo válido. Talvez eu tive essa impressão pelo fato de o Juca (Jogos Universitários de Comunicação e Artes) ter ocorrido na semana passada. O Juca é um evento bem legal (bons tempos…) em que os estudantes da maioria das faculdades de  Comunicação se reúnem e confraternizam-se em jogos e competições.

Agora, esse Erecom (já estou com medo da palavra) é uma desfeita ao bom senso, a começar pelo nome. A maioria da galera que vai lá é daqueles saudosistas dos anos 1960/70, que ainda acha que o poder deve ser tomado na marra pelo povo, que defende a estatização da empresa do pai e que acha bonito dividir a fazenda alheia entre famílias de sem-terra, mas quando vai embora da faculdade, fecha os vidros do carro, conecta seu iPod pelo bluetooth no sistema de som e sai acelerando, escutando Chiclete com Banana no talo, lembrando das frases cheias de verve (e rimas) nos debates acalorados.

Falo isso pois já fui estudante e fui a esses encontros (sempre atrás de alguma ‘mina’ que, quando descobria como era curto o meu repertório frases marxistas, não queria mais me dar) que são a mesma coisa desde então. Claro, com a exceção do iPod e do bluetooth. Mas eram sempre a mesma coisa:

– O ensino está decadente! (ninguém largava a faculdade);

– O governo é corrupto! (ninguém estudara história pelo jeito);

– Acabem com o embargo a Cuba! (realmente, bastante pertinente);

– Legalizem a maconha! (nem falo nada…).

E por aí vai. Atualmente é a mesma coisa. Outro dia ouvi uma conversinha entre alunos que falava sobre o fato de as elites sempre estarem no poder e que isso nunca iria mudar. Uai!? Mas não é o Lula que tá lá agora? Não é ele que prega a eterna luta de classes (que ainda, insisto, para mim é uma briga entre o 8º B e o 8º A) e que desce o cacete na ‘zelite’?

Enfim, não entendo. Bom, até entendo, mas o universo blogueiro é bastante severo com quem não veste camiseta do Che ou lê Veja (nem que seja para acompanhar a Copa…).

O phoda é que a rapaziada vai lá, grita versinhos, punheta alguns conceitos e não se resolve nada de útil. Não se chega a conclusão nenhuma.

O ensino está decadente? Pode até ser. Algumas instituições ainda se orgulham de poderem manter a qualidade que vem praticando a décadas. Outras porém, criam sistemas em que fica mais ‘fácil de entrar e mais ainda de sair’ com o canudo na mão, às vezes até com o sacrifício da qualidade, frente a uma mensalidade que ‘cabe no seu bolso’.

Mas, o que se esquece é de fazer uma análise ‘à lupa’ (como dizem meus patrícios). No papel de advogado do diabo, sou obrigado a registrar que as instituições que implementam tais sistemas facilitadores se beneficiam de mecanismos estabelecidos pelo Governo e seu Ministério da Educação e que há um nivelamento por baixo no ensino em alguns lugares pois há uma massa cada vez maior de alunos mal preparados no ensino fundamental ingressando no ensino superior.

Assim, ou a instituição de ensino superior dá um jeito de ajudar aquele aluno fraco a entender, ou ela fecha, o que causaria um outro tipo de dor de cabeça ao aluno fraco. É uma tendência antiga de o aluno sentir dificuldade em determinada escola pedir transferência para outra que ele tem certeza que facilitará a vida dele. Assim, algumas escolas não tão tradicionais acabam baixando o nível e a mensalidade, o que atrairá cada vez mais alunos carentes que, infelizmente, tiveram minado o seu sonho de ingressar numa universidade pública por terem tido um ensino fundamental sofrível em qualidade.

Então, conclui-se que o assunto qualidade no ensino é bem mais complexo que simplesmente culpar as instituições de ensino ou os professores.

Mas, recomendo assim mesmo que o estudante de Comunicação vá ao evento. Mas sem essa contaminação ultrapassada de que a culpa é dos donos dos meios de produção, dos latifundiários, dos EUA ou de Israel.

Numa discussão sem recalques ideológicos, com certeza, o Erecom produzirá conclusões e resultados.

Ou pelo menos, piadinhas infames: “Erecom. Levanta sua audiência.”

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As Forças Armadas são protagonistas de um dos exemplos mais recorrentes que uso em aula para explicar o fenômeno da demanda negativa. Aprendi sobre tal fenômeno e outros relacionados a demandas num livro de Michael Kamins, o Marketing e Vendas, da coleção Publifolha (2002). O próprio Kamins usa as Forças Armadas (americanas) como exemplo. Porém, para a nossa realidade (e para evitar ser repetitivo), as Forças Armadas Brasileiras são mais adequadas.

Em Marketing e Vendas, Kamins fala do caso do Corpo de Fuzileiros Navais americano, que tentou uma campanha vitoriosa, cujos temas eram a glória, o desafio e a emoção de integrar a Instituição. Se procurarmos no Youtube vamos achar uma infinidade de campanhas americanas sobre o ingresso em suas Forças Armadas (eu coloquei alguns links, no final do texto, das que achei mais interessantes). Mas o Pentágono não tem se utilizado apenas da Propaganda convencional (TV, folhetos, palestra em escolas e Universidades etc.). Os gamemaníacos já devem, pelo menos, ter ouvido falar do America’s Army: um jogo que leva a pessoa a participar dos treinamentos, em meio a um monte de lições sobre honra, lealdade etc., se especializar em alguma área marcial, ser promovido e participar de uma batalha contra os inimigos da liberdade. O site do jogo tem um link para a página do Exército Americano, com depoimentos, dicas e informações de recrutamento. Ou seja, as próprias Forças Armadas (e de um país onde o alistamento é voluntário) já se rendem às técnicas não-convencionais de Marketing e Comunicação, deixando de lado o bom e velho “Jovem, aliste-se!”.

Isso é fruto da chamada Doutrina Rumsfeld. Donald Rumsfeld já havia sido Secretário da Defesa entre 1975 e 1977, durante o governo do Presidente Gerald Ford, e posteriormente fora chamado a assumir o cargo novamente durante a gestão de George W. Bush, a partir de 2001. O seu discurso de posse falava sobre um inimigo interno, que corroia a democracia e era pior que qualquer ditador combatido durante a história das campanhas militares dos EUA. Esse inimigo se chamava burocracia do Pentágono. Alguns analistas apontam essa fala como a senha que indicava o início da implementação do outsorcing na defesa americana. O livro Blackwater (Cia das Letras, 2008), do escritor Jeremy Scahill, faz uma coletânea de algumas ações de Rumsfeld nesse campo, que vão desde a contratação de empresas de segurança, cujos efetivos são oriundos das próprias Forças Armadas americanas, até a iniciativa em transformar os funcionários públicos da área de Defesa em “capitalistas empreendedores”. Após o 11 de setembro, no mesmo ano, ele encontraria o argumento supremo para colocar em prática o plano anunciado em sua posse, e que é aplicado até os dias atuais (vamos ver o que o Obama vai fazer…).

Sou um defensor ferrenho das nossas Forças Armadas. Tanto por ser egresso de uma Escola de Oficiais do Exército, como por entender a necessidade de termos uma força que garanta nossa segurança e soberania. Mas, como profissional de Marketing e Comunicação, além de docente nessas áreas, acho que estamos um pouco estagnados nesse campo. Se compararmos as campanhas realizadas até agora pelas Forças Armadas Brasileiras e as dos EUA, podemos notar uma diferença gritante. Uma das últimas feitas para o Exército Brasileiro já flerta com a qualidade americana (Dia do Soldado – 2008), mas ainda tem muito o que melhorar.

Aqui no Brasil temos um dos maiores índices de demanda negativa para as Forças Armadas. Tudo bem que estamos (peço licença ao pessoal da ativapara me incluir nessa, afinal, uma vez militar…) passando por algumas dificuldades, coisa e tal. Mas, tenho certeza, que se nos inspirarmos no exemplo (mas somente no quesito Comunicação) americano, me perdoem os que não gostam deles, poderemos ter uma procura maior e, posteriormente, ter uma seleção mais criteriosa, recrutando um material humano mais qualificado e adequado.

Ah! Como havia prometido, os links para as campanhas americanas para as Forças Armadas:

Campanha 1

Campanha 2

Campanha 3

Campanha 4

Campanha 5