Arquivo de dezembro, 2010

O que tá acontecendo com a Publicidade?

Tenho feito essa pergunta há alguns meses e ainda não consegui uma resposta satisfatória. Tenho cá minhas desconfianças, mas tudo com base em provas circunstanciais.

Minha bronca dessa semana é com os jingles. Bom, pra falar a verdade, já estou com os jingles atuais me incomodando há alguns meses, principalmente porque passo um tempo razoável no trânsito e, consequentemente, ouço muito rádio (quando não me encho e ponho meus mp3s nas caixas).

O do Bradesco, por exemplo, é uma das piores coisa que já ouvi em toda a minha vida, na categoria jingles. Texto bem pobre, recheado daqueles recursos literários que aprendemos na escola e que nos dão arrepios até hoje só de lembrar suas aplicações. Aliás, tais malabarismos que recheiam as canções de monstros (no mais pejorativo dos sentidos) da MPB, como Ivan Lins, Guilherme Arantes e outros lixos novos, como Maria Gadu. E MPB é a pegada da melodia do jingle do Bradesco:

Outro jingle que me incomoda bicas (como diz meu colega Louis Vidovix, do Letters from Louis), é o do restaurante Praça São Lourenço (onde, por coincidência, almoçarei amanhã). Infelizmente, não achei uma amostra dessa pérola da excrescência publicitária, mas é fartamente veiculado na Bandnews FM. Começa pela letra cheia de rimas pobres, usando termos tão rebuscados que fica cafona. E pra encerrar com chave de ouro, o cantor abusa dos trinados (aqueles tremiliques que as velhinhas de coral adoram fazer nas sílabas mais longas da música).

E, por fim, o jingle mais bizarro dessa nova safra é o da Santil (“Vamos aprender o jingle da Santil? É assim: 3998-…”). Admito que cumpriu o seu papel, pois nem preciso procurar pelo telefone da empresa em lugar nenhum, já que ele ficou grudado no meu córtex cerebral, mas ainda assim é muito ruim! Infelizmente (ou graças a Deus), não achei uma reprodução dessa maravilha.

Aí, me pego pensando: será que eu tou ficando crítico demais? Ou a Publicidade tá abrindo as pernas para o mau gosto dos clientes numa frequência maior?

Ou pior: será que aqueles alunos que eu e meus colegas docentes sentenciamos que o “mercado cuidaria deles” estão colocando à prova as teorias de Darwin?

Mathias feelings

Publicado: 20/12/2010 em EDUCACIONAL
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Eu estava um pouco afastado do Kick nos últimos dias. Final de semestre para professores é um inferno, principalmente para aqueles que dão aulas em mais de uma faculdade. Na verdade, é uma realidade para quase que 80% dos docentes no território nacional.

E esse fato me leva a escrever um post que eu estava me esforçando para não escrever, mas que meu pavio curto me impele a soltá-lo (o que, tenho certeza, vai me custar caro).

Semana passada era uma semana crítica para os professores da maioria das faculdades do Brasil. Para quem não sabe, é quando, por acordo sindical, são demitidos aqueles docentes que não são mais necessários à Instituição de Ensino Superior (IES), ou que por um motivo ou outro, não são mais desejados por ela.

Enfim,  dois colegas meus (e grandes amigos) foram dispensados na última quinta-feira. E não estou puto só porque são meus amigos. Já há uns 5 anos, eu e os professores do Curso de Publicidade e Propaganda da IES em questão, juntamente com o Coordenador Geral da Área de Comunicação (que foi pego de calças curtas nessa também), temos lutado para montar um curso de qualidade, que faça com que os egressos saiam com o conhecimento mínimo para bater de frente com o egresso de qualquer outra IES de ponta. Todos os professores do curso levam a sério a missão e exigem de seus alunos nada menos que o melhor, apesar dos protestos e choradeira daqueles que, infelizmente, não têm condições de acompanhar o conteúdo (ou por deficiência na formação básica ou porque simplesmente não servem para serem Publicitários).

E esses meus dois amigos/colegas eram, no curso, dois dos meus quatro maiores parceiros, dentro e fora das salas de aula. São duas pessoas que nunca fugiram de seus compromissos, muito menos dos desafios que lhes eram lançados, muitas vezes fazendo além do que lhes era pedido. E para a IES não foi o suficiente. São dois professores de áreas extremamente técnicas e, respectivamente, são grandes feras nessas áreas. Um deles tem a sua própria agência, o outro trabalha para um dos maiores grupos de Comunicação do mundo. Mas para a IES não é o suficiente.

Aí, vocês me perguntam: e o que é que pegou para eles? Titulação. Pois é. Eles podem ser os fodas em suas especializações, mas não têm uma pós-graduação.

Bom, é fato que eu realmente ache (e defenda) que o cara para ser docente TEM que ter pelo menos uma pós-graduação. Eu mesmo, só consegui ingressar na docência após concluir meu MBA. Mas, eles, por sua excelência em suas funções e larga experiência, puderam ser contratados para ministrar as tais disciplinas técnicas ao quadrado. Mas, de repente, sem o menor aviso, foram dispensados.

Qualquer empresa, com profissionais de ponta como esses, daria a chance a eles para se adaptarem à nova postura em relação aos seus funcionários. Já vi isso acontecer! Chamam o camarada e dão a real a ele: “Olha, Fulano, você é um profissional da nossa maior confiança. Porém, as novas regras da empresa exigem que tenhamos funcionários com aderência à função. Assim, pedimos que você se matricule num curso/pós-graduação em no máximo seis meses.” Já aconteceu comigo!

Mas no caso deles, nem esse tiro de advertência foi dado.

Enfim, o curso agora ficou mais do que desfalcado. Eu e os outros professores não teremos como assumir as disciplinas deles. Na área, NENHUM outro professor tem as competências necessárias para tal, quanto mais nos outros cursos das outras áreas. E assim, o Curso que a gente demorou anos para colocá-lo em um nível de excelência acima da média das demais “unis da vida” vai definhando.

Mas, eu prometo: enquanto eu estiver lá, não deixo a peteca cair.

Pelos meus dois amigos.