O que tá acontecendo com a Publicidade?
Tenho feito essa pergunta há alguns meses e ainda não consegui uma resposta satisfatória. Tenho cá minhas desconfianças, mas tudo com base em provas circunstanciais.
Minha bronca dessa semana é com os jingles. Bom, pra falar a verdade, já estou com os jingles atuais me incomodando há alguns meses, principalmente porque passo um tempo razoável no trânsito e, consequentemente, ouço muito rádio (quando não me encho e ponho meus mp3s nas caixas).
O do Bradesco, por exemplo, é uma das piores coisa que já ouvi em toda a minha vida, na categoria jingles. Texto bem pobre, recheado daqueles recursos literários que aprendemos na escola e que nos dão arrepios até hoje só de lembrar suas aplicações. Aliás, tais malabarismos que recheiam as canções de monstros (no mais pejorativo dos sentidos) da MPB, como Ivan Lins, Guilherme Arantes e outros lixos novos, como Maria Gadu. E MPB é a pegada da melodia do jingle do Bradesco:
Outro jingle que me incomoda bicas (como diz meu colega Louis Vidovix, do Letters from Louis), é o do restaurante Praça São Lourenço (onde, por coincidência, almoçarei amanhã). Infelizmente, não achei uma amostra dessa pérola da excrescência publicitária, mas é fartamente veiculado na Bandnews FM. Começa pela letra cheia de rimas pobres, usando termos tão rebuscados que fica cafona. E pra encerrar com chave de ouro, o cantor abusa dos trinados (aqueles tremiliques que as velhinhas de coral adoram fazer nas sílabas mais longas da música).
E, por fim, o jingle mais bizarro dessa nova safra é o da Santil (“Vamos aprender o jingle da Santil? É assim: 3998-…”). Admito que cumpriu o seu papel, pois nem preciso procurar pelo telefone da empresa em lugar nenhum, já que ele ficou grudado no meu córtex cerebral, mas ainda assim é muito ruim! Infelizmente (ou graças a Deus), não achei uma reprodução dessa maravilha.
Aí, me pego pensando: será que eu tou ficando crítico demais? Ou a Publicidade tá abrindo as pernas para o mau gosto dos clientes numa frequência maior?
Ou pior: será que aqueles alunos que eu e meus colegas docentes sentenciamos que o “mercado cuidaria deles” estão colocando à prova as teorias de Darwin?