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Há alguns anos, fiquei impressionado ao ler o Propaganda Subliminar Multimídia, do Flávio Calazans. Algumas coisas são questionáveis, admito, mas o cara fez uma baita pesquisa a respeito. E isso, trocadilhos à parte, eu respeito.

Mas, no Facebook de um amigo meu, vi uma imagem que me fez pensar a respeito de um novo conceito: a Propaganda Sobreliminar:

Que Santa Clara tenha piedade da classe publicitária…

Se tem uma coisa que me irrita muito na Publicidade em geral é o povo que insiste em tratar Publicidade e Propaganda como se fosse a mesma coisa.

Um leigo chamar urubu de meu loro, tudo bem. Mas tem profissional com 40 anos de profissão e professor ‘véio de guerra” que ainda acham que é tudo igual.

Em março deste ano, escrevi um artigo sobre a mania dos outros criticarem a Publicidade pelas agruras da humanidade. No começo, fiz um desabafo meia boca (que gerou mais uns artigos raivosos neste mesmo blog meses depois) sobre o fato de as críticas começarem por uma confusão: Propaganda X Publicidade.

Vamos à etimologia das palavras de acordo com o Houaiss…

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Propaganda

“Redução da expressão do latim eclesiástico congregatio de propaganda fide ‘congregação para propagação da fé’, instituída pelo papa Gregório XV em 1622, em que propaganda é ablativo feminino singular do adjetivo verbal ou gerundivo propagandus,a,um ‘que deve ser divulgado’, do verbo latino propagáre ‘pôr em mergulhia; multiplicar, propagar; prolongar; estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver’; tratava-se de um colegiado cardinalício encarregado de balizar as normas sobre como devia ser difundido o Evangelho; o termo incorporou-se ao português já englobando as acepções modernas, provavelmente por influência do francês propagande (1792)”

Publicidade

“público + -i- + -dade, provavelmente por influência do francês publicité (1694) ‘caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido’, (1829) ‘conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial'”

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Ou seja, já nas suas raízes, podemos perceber que as palavras têm conceitos e propósitos diferentes.

Eu costumo, na primeira aula de uma disciplina para o 1º ano, explicar essa diferença. Propaganda faz proselitismo, propaga idéias, ideais, ideologias. Publicidade é uma ferramenta que, através da comunicação, ajuda o cliente-anunciante nos seus esforços de vendas.

Flávio Calazans, no seu livro Propaganda Subliminar Multimídia, define a Publicidade como uma propaganda de produtos. J. B. Pinho, no livro Comunicação em Marketing,  escreve um capítulo para cada termo só para explicar suas diferenças e seus tipos. Muitos outros autores, como Armando Sant’Anna, Zeca Martins, entre outros, apregoam essa diferença.

Então, qual é a dificuldade em entender que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa? Talvez, devido a alguns professores que não fazem questão de considerar essa diferença, alguns profissionais têm saído das academias falando bobagem a torto e a direito. Me arrisco em dizer que isso acaba causando até campanhas ineficientes em alguns casos. Bom, em muitos.

Já não é de hoje que o número de campanhas horrorosas, daquelas que a gente não faz a menor ideia do que elas querem dizer (tipo aquela bosta daquela do Buscapé “já éééé…”).

Tudo bem, vocês vão me dizer que se o cliente aprovou é porque era boa. Mas, se quem deveria entender do riscado, fez a bosta e recomendou ao cliente, não sabe nem a diferença entre dois conceitos básicos, imagine o cliente que o contratou…