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Tá aí um dos livros que me inspirou na adolescência.

Pode parecer loucura, mas li Rubem Fonseca pela primeira vez aos 17 anos. Digo isso, pois nenhum dos meus alunos dos últimos primeiros semestres tinha ouvido falar nele. Justo ele.

Rubem Fonseca tem um estilo literário complexo, ao mesmo tempo professoral. A escrita dele é impecável, com um português que dá gosto de ler. Correto, direto e contundente.

E é assim que é contada a misteriosa estória em que o protagonista Mandrake, um advogado criminalista, se envolve. Uma fita VHS, prostitutas assasinadas, personagens estranhíssimos. Mandrake passeia por diversas localidades, sempre amarrado por esses detalhes, sofrendo atentados, perseguindo bandidos e buscando a solução para mistérios que, por sua vez, são unidos pela arte do Percor (perfurar e cortar) e seus praticantes.

O livro alterna sua velocidade da intensamente alucinante para a letárgica introspectiva, sem nunca cansar o leitor, que a cada página anseia por mais detalhes da trama e dos seus personagens. O livro tem um final surpreendente, apesar de a gente pegar muitos detalhes no decorrer da história, que acabam deixando um gostinho de “eu já sabia”.

Mandrake é um show à parte. Sempre achei que eu tinha muito em comum com ele, mas depois dos 30 descobri que quase todo mundo tem. Mas, mesmo depois dessa conclusão, continuo me identificando muito com o personagem em muitos aspectos.

Aliás, em 2005 a HBO Brasil produziu e exibiu uma série homônima, cujo protagonista é o advogado d’A Grande Arte. Foram duas temporadas,se não me engano e, apesar de não gostar do Marcos Palmeira como ator, até que ele se saiu bem.

A Grande Arte, bem como toda a obra do Rubem Fonseca, é uma leitura obrigatória para quem quer escrever bem. Aliás, é o tipo de escritor que facilita seguir a velha máxima que diz que, para se escrever bem, é preciso ler muito.

As Olimpíadas de Munique, em 1972, eram para ser conhecidas como as Olimpíadas da Paz.

Mas, em uma noite na vila olímpica, terroristas do Setembro Negro invadem os dormitórios dos atletas israelenses e os sequestram. O desfecho foi um dos episódios mais marcantes e tenebrosos do terrorismo moderno, que inclusive, segundo especialistas, colocou a causa palestina sob os holofotes.

Mas pouco se falou, durante um bom tempo, sobre a retaliação promovida por Israel às mortes de seus atletas naquele episódio fatídico. E é disso que fala a minha segunda dica no Letreria: A Hora da Vingança, de George Jonas. Esse livro inspirou Steven Spielberg ao filmar Munique e, antes dele, uma produção para a TV chamada Sword of Gideon.

Tanto o filme de Spielberg quanto o livro de George Jonas foram duramente criticados pela comunidade judaica, por proporem o que podemos chamar de “equivalência moral”, ou seja, palestinos e israelenses estão certos e errados, e ambos têm os seus motivos para fazerem o que fazem.

Mas, voltando ao livro em si, A Hora da Vingança conta como supostamente foi a ação de um grupo de extermínio, cujos elementos eram todos egressos da Mossad, cujo objetivo era eliminar 11 líderes terroristas (um para cada atleta israelense morto no episódio de Munique) espalhados pela Europa.

No desenrolar da estória, num mundo assombrado pela Guerra Fria e sua bipolaridade, a equipe passa a agir de maneira cada vez mais autônoma, sem deixar o foco da missão de lado, mas causando efeitos colaterais imprevisíveis.

Um dos pontos criticados no livro (e no filme Munique também) é a maneira como Avner, o líder do esquadrão de morte, é retratado. Muitos membros das forças de defesa israelenses discordam que ao realizar aquele tipo de missão, um agente israelense pudesse passar por crises existenciais e arrependimentos.

A quem se interessar, sugiro que leia (ao mesmo tempo ou depois, tanto faz) também Contra Ataque, de Aaron Klein. Esse livro foi escrito como um contraponto ao livro de Jonas. Klein é oficial israelense (provavelmente Mossad também) e foi um dos mais duros críticos ao Hora da Vingança. Vale a pena também dar uma sapeada complementar no documentário ganhador de um Oscar Um Dia em Setembro, para entender um pouco melhor o que aconteceu.

Tanto os dois livros, quanto os dois filmes são excelente para quem gosta de história e causos de guerra e espionagem, principalmente sobre o conflito árabe-israelense. Além de ajudarem a dissipar alguns conceitos equivocados.

Vou inaugurar o Letreria com o último livro que li. Na verdade, acabei anteontem de lê-lo.

Tomando um café na Livraria Nobel em Ribeirão Pires, acompanhado da patroa, minha herdeira e os padrinhos dela, comecei a fuçar os lançamentos. De repente, um título me chamou a atenção: A Besta.

Tem gente que vai falar que foi uma espécie de identificação, mas não. Alguma coisa no livro me dizia que iria ser uma puta viagem de se ler.

Escrito pelo jornalista Anders Roslund e pelo ex-criminoso (!!!) Börge Hellström, esse romance sueco editado aqui no Brasil pela Editora Planeta é uma montanha russa daquelas que só se vê no Bush Gardens. Ao terminar o livro (e quase todos os capítulos dele) senti que minhas tripas demorariam a voltar ao lugar.

Numa narrativa que mistura primeira e terceira pessoas, o livro conta o caso de um assassino/estuprador de crianças que escapa da prisão e continua sua trilha doentia. O pai de uma das vítimas resolve fazer justiça com as próprias mãos, criando uma bola de neve que desce a ribanceira vertiginosamente, cada vez maior, enquanto dois policiais fazem malabarismos para acompanhar os acontecimentos e desvendá-los.

O livro é frenético, intenso assustador e, em muitos momentos, até enjoativo. Mas vale cada página lida. Um livro que é leitura obrigatória para quem gosta de histórias policiais, mas que está de saco cheio das mesmas tramas.

Aviso aos navegantes: o livro assusta mesmo. Vou deixar um petisquinho pra vocês:

“- Duas meninas, nove anos. Ele as amarrou, masturbou-se em cima delas, estuprou-as, cortou-as. Exatamente como já fizera antes. (…) O médico-legista disse que elas ainda estavam vivas quando foram dilaceradas, com objetos de metal na xoxota e no ânus. Eu não acredito.”

Como eu disse, não é uma leitura leve. Se tiver estômago, vale a pena encarar.

Meu bom amigo Rodrigo Motta é uma pessoa pra lá de culta.Nosso mestre, o Max, até o chama carinhosamente de “Cabeção”, devido a sua grande inteligência.

Entre outros predicados, o Motta inaugurou no seu círculo de amizades uma série de e-mails denominados Dica de Leitura. No seu blog, o A Guerra do Fim do Mundo, ele transcreve esses e-mails, falando sobre livros que leu e sobre sua importância na sua formação.

Inspirado por ele, e ciente que esse blog é lido por muitos estudantes, resolvi seguir seu exemplo e trazer à tona alguns dos livros que são responsáveis pela minha (de)formação. Alguns deles o Motta já escreveu sobre, assim, sugiro que consultem as dicas dele também.

Ultimamente tenho lido muitos livros sobre Comunicação, Publicidade e Propaganda, Marketing e infantis (sou pai, porra!). Mas colocarei aqui, também, livros sobre outros temas, senão fica chato demais.

Assim, declaro inaugurada a categoria Letreria, um tapão na nuca para estimular você a ler.

Espero que esses posts que em breve publicarei sejam de alguma valia.