Arquivo de dezembro, 2009

Vou abrir duas exceções hoje.

A primeira, é entrar na internet para fazer algo (no caso escrever nesse blog…).

A segunda é falar bem de uma ação de merchandising.

Quem me conhece sabe que, apesar de eu reconhecer sua importância, eu abomino o merchandising em TV. Não dá! Acho simplesmente um horror  a interrupção do programa na melhor parte para uma mensagem estrategicamente colocada no contexto.

OK. Puta idéia, mas eu não curto.

Enfim, hoje, 25 de dezembro (dia do Papai Noel, segundo a minha filha), assistindo ao Pânico na TV, dei de cara com um merchan que eu tive que tirar o chapéu.

No meio do programa (claro!!), todos os integrantes se reuniram no centro do palco para a distribuição de presentes em um amigo secreto patrocinado pela Sawari. Claro que o presente de cada um deles era uma calça da marca. Basicão: “meu amigo secreto é…” e dava o presente, que era exibido efusivamente como um troféu por cada um que o recebia.

Compondo a ação, as caixas amarelas da loja, as calças propriamente ditas e o endereço do site da empresa na tela.

Tenho que dar o braço a torcer. Foi legal bagarái.

Se tem uma coisa que me irrita muito na Publicidade em geral é o povo que insiste em tratar Publicidade e Propaganda como se fosse a mesma coisa.

Um leigo chamar urubu de meu loro, tudo bem. Mas tem profissional com 40 anos de profissão e professor ‘véio de guerra” que ainda acham que é tudo igual.

Em março deste ano, escrevi um artigo sobre a mania dos outros criticarem a Publicidade pelas agruras da humanidade. No começo, fiz um desabafo meia boca (que gerou mais uns artigos raivosos neste mesmo blog meses depois) sobre o fato de as críticas começarem por uma confusão: Propaganda X Publicidade.

Vamos à etimologia das palavras de acordo com o Houaiss…

<><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><>

Propaganda

“Redução da expressão do latim eclesiástico congregatio de propaganda fide ‘congregação para propagação da fé’, instituída pelo papa Gregório XV em 1622, em que propaganda é ablativo feminino singular do adjetivo verbal ou gerundivo propagandus,a,um ‘que deve ser divulgado’, do verbo latino propagáre ‘pôr em mergulhia; multiplicar, propagar; prolongar; estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver’; tratava-se de um colegiado cardinalício encarregado de balizar as normas sobre como devia ser difundido o Evangelho; o termo incorporou-se ao português já englobando as acepções modernas, provavelmente por influência do francês propagande (1792)”

Publicidade

“público + -i- + -dade, provavelmente por influência do francês publicité (1694) ‘caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido’, (1829) ‘conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial'”

<><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><>

Ou seja, já nas suas raízes, podemos perceber que as palavras têm conceitos e propósitos diferentes.

Eu costumo, na primeira aula de uma disciplina para o 1º ano, explicar essa diferença. Propaganda faz proselitismo, propaga idéias, ideais, ideologias. Publicidade é uma ferramenta que, através da comunicação, ajuda o cliente-anunciante nos seus esforços de vendas.

Flávio Calazans, no seu livro Propaganda Subliminar Multimídia, define a Publicidade como uma propaganda de produtos. J. B. Pinho, no livro Comunicação em Marketing,  escreve um capítulo para cada termo só para explicar suas diferenças e seus tipos. Muitos outros autores, como Armando Sant’Anna, Zeca Martins, entre outros, apregoam essa diferença.

Então, qual é a dificuldade em entender que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa? Talvez, devido a alguns professores que não fazem questão de considerar essa diferença, alguns profissionais têm saído das academias falando bobagem a torto e a direito. Me arrisco em dizer que isso acaba causando até campanhas ineficientes em alguns casos. Bom, em muitos.

Já não é de hoje que o número de campanhas horrorosas, daquelas que a gente não faz a menor ideia do que elas querem dizer (tipo aquela bosta daquela do Buscapé “já éééé…”).

Tudo bem, vocês vão me dizer que se o cliente aprovou é porque era boa. Mas, se quem deveria entender do riscado, fez a bosta e recomendou ao cliente, não sabe nem a diferença entre dois conceitos básicos, imagine o cliente que o contratou…

Foi publicado o Google Zeitgeist 2009, o relatório com a análise dos bilhões de termos pesquisados pelas pessoas ao redor do mundo no Google.

É um pouco extenso e cansa a maioria das pessoas que não trampam com Publicidade, Comunicação ou mais especificamente com Mídia, mas para o leigo oferece uma divertida dimensão do universo da busca por termos e palavras.

Para os iniciados em PP, uma fonte de informação e referências.

Olha só como funciona a metodologia:

“Para coletar o Zeitgeist do fim do ano de 2009, estudamos a agregação de bilhões de consultas que as pessoas digitaram no Google neste ano. Usamos dados de várias fontes, entre elas o Google Insights para pesquisa, o Google Trends e as ferramentas de dados internas. Também filtramos o que é spam e consultas repetidas para desenvolver listas que melhor reflitam ‘o espírito dos tempos’. Todas as consultas de pesquisa que estudamos são anônimas e nenhuma informação pessoal foi usada.

Exceto quando explicitado, todos esses termos de pesquisa são os mais populares de 2009 e foram classificados na ordem das consultas com o maior volume de pesquisas neste ano. Em alguns casos, listamos as consultas com as ‘maiores subidas’, o que significa que encontramos as pesquisas mais populares feitas em 2009 e, em seguida, classificamos essas pesquisas com base no aumento da popularidade delas em comparação com 2008. De modo inverso, as consultas com as ‘maiores quedas’ eram muito populares em 2008, mas perderam parte da popularidade em 2009.”

Fonte: Google Zeitgeist

Algumas coisas bem interessantes estão por lá. Por exemplo, o gráfico de procura por músicas do Michael Jackson durante o primeiro semestre de 2009, passando pelo final de junho (quando ele morreu) e logo depois:

Aliás, ainda de acordo com o estudo, Michael Jackson foi o termo mais pesquisado (entre os termos emergentes) no ano de 2009, seguido por palavras ou termos relacionados a (a-ha!!) Social Media.  Dêem uma olhada:

  1. michael jackson
  2. facebook
  3. tuenti ¹
  4. twitter
  5. sanalika ²
  6. new moon
  7. lady gaga
  8. windows 7
  9. dantri.com.vn
  10. torpedo gratis³

Aqui em Terra Brasilis, de acordo com o relatório, “os brasileiros interagem via web sobre um tripé: redes sociais (e diversão), serviços e consumo, mas essencialmente por um viés otimista.” Só pra se ter uma idéia, apesar da crise econômica e da gripe suína (no auge da danada, futebol ganhava de goleada do vírus), o brasileiro procurou com mais intensidade (novamente entre os emergentes) pelos seguintes termos:

  1. orkut
  2. youtube
  3. hotmail
  4. baixaki
  5. yahoo
  6. globo
  7. uol
  8. tradutor
  9. jogos
  10. msn

O mais legal é navegar pelas preferências dos outros países e comprará-las, por exemplo, com as nossas.

Enfim, é uma leitura que eu recomendo.

A propósito, repararam a que tipo de segmento a maioria dos primeiros colocados fazem parte?

Observações:

1. Site de relacionamento espanhol (tem páginas até em euskera!!)

2. Um jogo aí. Me perdoem a ignorância, mas tive que googlear pra saber também…

3. Rapaz! Como tem brasileiro querendo se dar bem!

Quem não sabe quem é o sujeito da foto acima é porque nunca usou o Google direito.

Assim que a internet começou a disponibilizar imagens a torto e a direito, uma das primeiras que tive curiosidade de procurar foi a do Lombardi (“Aloooou, patrãoumm…”), a indefectível voz que pontuava os programas do Sílvio Santos.

Pontuava.

Acabo de ler no Twitter do Vinícius uma notícia pra lá de chata.

O Lombardi morreu.

Lacônico assim, afinal, a voz se calou.

Nunca vou me esquecer do mistério que pairava em torno da voz do Lombardi (sim, a voz era praticamente um ser com vida própria que as pessoas se esqueciam pertencer a alguém). A misteriosa voz que marcava a cadência do programa, servia de escada para as piadinhas do Sílvio, dizia os nomes dos vencedores dos concursos, ‘cantava’ de hora em hora os números da Telesena etc., sem nunca dar as caras.

Quando eu era moleque, juro, cheguei a pensar que o Lombardi não existia! Não me lembro muito bem da teoria, mas era bastante plausível para a minha idade.

Mas eu cresci, o Lombardi envelheceu, sua voz foi perdendo a potência e ele foi ‘aparecendo’ mais.

Mas ele nunca deixou de ser ‘o’ locutor do Silvio.

Adeus, Lombardi. A Telesena nunca mais será a mesma sem você.

Nem tudo é perfeito. A nova paixão deste blog tem seus defeitos (fuck!).

Enfim, o ilustrador Patrick Moberg mostrou a sua bem-humorada (e nada publicitária) visão sobre as mídias sociais.

Vale a pena conferir. Aliás, o site todo.

Fonte: NSN

Tem gente que ainda torce o nariz quando ouve algum papo sobre Social Media, ou Mídia Social. Pior: tem aluno meu que acha besteira.

Enfim, para aqueles que ainda não botaram uma fé no poder das mídias sociais, fiz questão de traduzir (não sou profissional, por isso fiz algumas adaptações mais ou menos…) um artigo do AdAge, que introduz um vídeo. Para aqueles que estão com o inglês razoável, vale a pena assistir.

Detalhe: é preciso assinar a newsletter para ter acesso. O formulário é um pouco chatinho de preencher, mas dá tudo certo no final.

E agora, o artigo…

Mídias Sociais ‘levantam’ marketing de resorts de ski

NOVA IORQUE (AdAge.com) — As mídias sociais têm desempenhado um papel importante na tomada de decisão dos consumidores que sustentam os resorts de ski. Como resultado, uma das maiores companhias americanas do segmento — a Vail Resorts — abandonou suas antigas estratégias e práticas de publicidade. No lugar delas, a corporação que fatura 1 bilhão de dólares ao ano operando cinco importantes resorts e 20 hotéis, resolveu montar uma nova agência de marketing interna, que usa mídias sociais e outros pontos de encontro digitais para atrair fãs do ski em tempo real.No vídeo de nove minutos, o CEO Rob Katz explica as impressionantes mudanças.”

O vídeo nos mostra um CEO que realmente acredita no poder das mídias sociais e entende do que tá falando.

Não é à toa que a Vail fatura 1 bi por ano.