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Anteontem eu recebi um tweet do M&M Online sobre uma matéria publicada no site.

A chamada era “Crianças reconhecem o papel da Publicidade”. É claro que parei tudo o que estava fazendo para ler o texto, já que uma das minhas maiores brigas no meio acadêmico é sobre esse assunto tão espinhoso e divisor de águas.

Só para situar quem não entende muito bem a encrenca, um grupo bastante significativo de psicólogos e sociólogos (principalmente esses últimos) “descobriram” que a culpa das mazelas e consumos supérfluos desenfreados é da “indústria da comunicação”, comumente representada em seus textos pela famigerada Propaganda. Uma corrente específica realiza estudos que tentam comprovar que as crianças sofrem compulsão consumista pela manipulação inescrupulosa da Propaganda infantil.

Bom, já começa pelo erro crasso cometido por esses leigos no uso da expressão Propaganda. Quem costuma ler o Kick, é ou foi meu aluno ou tem a paciência de aturar meus discursos inflamados em defesa da classe sabe a diferença entre ela e a Publicidade. Mas não vou entrar nesse terreno exaustivamente estudado. Minha bronca hoje é com outra cousa.

De acordo com a reportagem do M&M (Crianças reconhecem o papel da Publicidade), a Turner International do Brasil, responsável pelo canal Cartoon Network, realizou uma pesquisa no primeiro semestre deste ano com crianças e mães, usando métodos como grupos de discussão e tecnologias como o eye-tracking para entender a reação e a relação dessas crianças e suas famílias com as campanhas publicitárias.

O resultado mostrou que as crianças entendem certas sutilezas das mensagens publicitárias e sabem que as mesmas estão ali apenas como um mecanismo atrativo, além de terem a consciência de que não se tornarão mais bonitas, mais fortes ou terão poderes se comprarem o produto anunciado.

Ou seja, começamos a provar que a criança quer o brinquedo, não porque foi seduzida ou teve sua mente manipulada por uma mensagem subliminarmente diabólica, mas porque quer um brinquedo para simplesmente brincar. Crianças querem apenas ser crianças. A fantasia, o lúdico e a diversão já fazem parte do cotidiano das crianças antes mesmo das grandes agências brasileiras se tornarem médias, bem antes do Göebbels e seu Ministério da Propaganda revolucionar a técnica e muito antes de da Igreja Católica oficializar o conceito de propaganda. Isso é coisa daqueles adornianos apocalípticos que acham que a comunicação é nefasta e a causa da extinção da humanidade.

Mesmo o meu bom amigo Vinícius Fel com Limão me dizendo que a pesquisa tem tanta credibilidade quanto uma sobre os efeitos do cigarro encomendada pela Souza Cruz, ainda é válida, sim! Uma pesquisa patrocinada pela Souza Cruz, com certeza não usará fumantes inveterados, com mais de 20 anos de “bronzeamento pulmonar”, ou a família deste. A pesquisa da Turner usou crianças e mães. É claro que esse tipo de dado, o fato de uma empresa do segmento ter feito a pesquisa, dá margem a desconfianças. Mas, se for assim, pesquisas eleitorais patrocinadas pelo Governo também não merecem a menor credibilidade, não?!

Então, meus queridos leitores, vamos parar com essa palhaçada de requentar teorias da década de 1970.

O mundo mudou, o acesso a informações atualmente é facilitado ao extremo e se os pais são bundões a ponto de comprarem tudo o que o pirralho birrento quer, a culpa não é da Publicidade (muito menos da Propaganda).

É falta de tapa na bunda. Dos pais, não da criança.

Uma das grandes iniciativas nas empresas dos últimos tempos é a TV corporativa.

Para quem nunca ouviu falar, TV corporativa é uma das melhores maneiras encontrada pelas empresas para preservação de sua cultura.  Através de um canal de TV exclusivo, transmitido via satélite para os setores ou lojas, esse meio ainda possiblita, de acordo com o site da SubWay Link, a realização de reuniões interativas, teleconferências, convenções, campanhas de endomarketing e lançamento de produtos, programas de integração, treinamento, motivação e incentivo.

A estrutura é praticamente a de uma emissora de TV convencional e o resultado final fica bem próximo ao das produções que assistimos diariamente na telinha. Claro que não podemos comparar os “atores” com uma Fernanda Montenegro ou um Tony Ramos. São os executivos da empresa, falando do cotidiano da companhia e, de maneira corporativa, dando uma nova cara (até mais agradável) ao propósito da empresa a ser dividido com os funcionários e colaboradores.

Em resumo, uma maneira eficaz de facilitar e estreitar a comunicação entre matriz e filiais, algo cada vez mais complicado de se obter atualmente, principalmente em grandes empresas.

Essa SubWay Link, empresa com quase 20 anos no segmento de Comunicação Corporativa, tem no seu portfólio clientes como Wal-Mart, Magazine Luiza, Pernambucanas, Multibrás (Brastemp e Consul), Tigre, e Ri Happy Brinquedos. E foi essa última empresa que me levou a escrever este artigo.

Pra quem não sabe, a Ri Happy foi a melhor empresa em que trabalhei, por inúmeros motivos. Primeiro, porque brinquedo é a coisa mais legal do mundo de se trabalhar. Depois, o ambiente lá, talvez por influência do segmento e dos sócios, é extremamente aberto à criatividade, companherismo e desenvolvimento profissional. E mesmo depois de ter saído de lá há um bom tempo, ainda tenho um carinho especial por aquela empresa.

Mas, vamos ao que interessa. Numa de minhas passeadas pelo Meio & Mensagem, caí numa notícia bastante intrigante: Cartoon terá canal nas lojas Ri Happy.

Pelo que sei e coletei em minhas pesquisas, a Ri Happy trabalha com a SubWay desde 2006 nessa ferramenta corporativa. E, creio eu, como o Dr. Ricardo não dá ponto sem nó, a tal ferramenta deve estar funcionando bem dentro do seu propósito. Tão bem que agora vai transmitir conteúdo comercial.

Após uma googleada rápida sobre a notícia, parece que o Canal Cartoon Network produzirá um conteúdo exclusivo para ser exibido nas lojas da rede (e não “cadeia”, Dr. Ricardo, eu lembro…) a partir de hoje, dia 19 de maio. E, pelo que entendi, ainda serão exibidos conteúdos comerciais, ou como diria vovô, reclames. Ou seja, de um canal corporativo, com o objetivo de unificar a língua falada pela empresa e todos os seus funcionários, a uma TV com conteúdo diferenciado, altamente segmentado e com potencial comercial (ok, excesso de rimas, sorry).

Esse caso é só um dos exemplos de como a Publicidade ainda tem muito o que mudar. O site Vitrine Publicitária publicou um artigo sobre as faculdades de publicidade e a sua falta de renovação. Concordo com o texto em partes, pois isso é reflexo do mercado. Ainda precisamos de mais gente no mercado com sede de inovação e que contamine as novas gerações que, juntamente com os professores dentro das academias, tenta fazer Projetos Experimentais criativos, mas muitas vezes sem o apoio do mercado.

Chega de chorar pelo outdoor. Como vocês podem ver, ainda há vida (e oportunidades) no mercado publicitário.