Acabo de assistir na Band News ao comercial do colégio J. Piaget.
O foco é no sistema de ensino (claro!), que usa material didático próprio. Como sempre, assisti com aquela curiosidade e olhar crítico publicitários. E, claro, pesquei um problema.
Sou pai de uma menina de 3 para 4 anos e já estou naquela fase de procurar um colégio para ela estudar, já que a escolinha vai até o jardim “alguma coisa”. Eu já estava assistindo aos comerciais quando surgiu o do J. Piaget na tela. Opa, pensei, vamos ver o que esse colégio pode oferecer à minha menina.
A primeira frase me incomodou muito (sou redator, lembra?!), mas fui assistindo ao resto. Nas últimas frases me liguei no que estava pegando: um maldito vício de linguagem repetido pela coordenadora pedagógica do colégio. Vamos lá…
O filme começa com a seguinte frase: “O produto do J. Piaget Sistema de Ensino, ele é um material didático…” Argh! Essa é uma das encrencas que mais me incomoda a respeito da língua portuguesa (ou no total desrespeito à ela). Se o sujeito já foi empregado na frase, por que raios tem que repetí-lo, ou usar um pronome para “reforçá-lo”? E o massacre continua. “Porque nós sabemos que, hoje, o aluno, ele é multimídia.”
No decorrer do filme, mais nenhum problema. Assistindo mais algumas vezes pelo Youtube (cuja versão é a mesma da TV e que fiz questão de colar no fim do post), percebi que a moça só pisa na bola quando ela é mostrada falando com um interlocutor oculto. Quando a voz dela fica na locução em off, o texto é interpretado, sinal de que ela estava lendo o que falava naquele momento.
Enfim, minha dúvida é: a equipe responsável pela execução do filme e da Campanha como um todo deixou passar essa, ou a escola faz questão de nadar a favor da corrente que prega que devemos combater o “preconceito linguístico”?
Fico preocupado com isso, pois independente de qual seja o caso, eu estou ferrado. Como professor de Publicidade, devo ensinar aos meus alunos que na Publicidade, agora, devemos nos render deliberadamente às aberrações linguísticas, destratando a nossa pobre “flor do Lácio” nas nossas campanhas? Ou, pior, devo me preocupar com o futuro da minha pequena, que sentirá uma confusão ao chegar da escola, falando errado porque a professora ensinou assim, e eu, pobre Publicitário, tendo que corrigí-la, ensinando o certo e explicando que a nossa língua deve obedecer à evolução?
Estou esperando o dia em que Pedagogos e Linguistas promoverão uma versão pocket da Reichskristallnacht, esculhambando os nefastos “preconceituosos linguísticos”.