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Tá aí um dos livros que me inspirou na adolescência.

Pode parecer loucura, mas li Rubem Fonseca pela primeira vez aos 17 anos. Digo isso, pois nenhum dos meus alunos dos últimos primeiros semestres tinha ouvido falar nele. Justo ele.

Rubem Fonseca tem um estilo literário complexo, ao mesmo tempo professoral. A escrita dele é impecável, com um português que dá gosto de ler. Correto, direto e contundente.

E é assim que é contada a misteriosa estória em que o protagonista Mandrake, um advogado criminalista, se envolve. Uma fita VHS, prostitutas assasinadas, personagens estranhíssimos. Mandrake passeia por diversas localidades, sempre amarrado por esses detalhes, sofrendo atentados, perseguindo bandidos e buscando a solução para mistérios que, por sua vez, são unidos pela arte do Percor (perfurar e cortar) e seus praticantes.

O livro alterna sua velocidade da intensamente alucinante para a letárgica introspectiva, sem nunca cansar o leitor, que a cada página anseia por mais detalhes da trama e dos seus personagens. O livro tem um final surpreendente, apesar de a gente pegar muitos detalhes no decorrer da história, que acabam deixando um gostinho de “eu já sabia”.

Mandrake é um show à parte. Sempre achei que eu tinha muito em comum com ele, mas depois dos 30 descobri que quase todo mundo tem. Mas, mesmo depois dessa conclusão, continuo me identificando muito com o personagem em muitos aspectos.

Aliás, em 2005 a HBO Brasil produziu e exibiu uma série homônima, cujo protagonista é o advogado d’A Grande Arte. Foram duas temporadas,se não me engano e, apesar de não gostar do Marcos Palmeira como ator, até que ele se saiu bem.

A Grande Arte, bem como toda a obra do Rubem Fonseca, é uma leitura obrigatória para quem quer escrever bem. Aliás, é o tipo de escritor que facilita seguir a velha máxima que diz que, para se escrever bem, é preciso ler muito.