“Poblema” ou “Pobrema”? Um problema sem solução

Publicado: 18/04/2011 em BRAINSTORM, EDUCACIONAL
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Ontem, minha irmã me contou uma história que me deixou de cabelos em pé, como professor e educador.

Uma de suas amigas estava no ônibus, não sei se num coletivo ou se num desses de viagem, e ouviu o seguinte diálogo:

– Sabe que até hoje não sei quando se usa ‘poblema’ e ‘pobrema’!? *

– Ah, mas isso é fácil. ‘Poblema’ é quando é uma coisa geral, um ‘poblema’ coletivo. Por exemplo, o ônibus tá demorando. Isso prejudica todo mundo, por isso é um ‘poblema’.”

 E a moça continua…

 – Já o ‘pobrema’ é uma coisa só sua. Exemplo: ‘Você vai chegar atrasada ao trabalho porque o ônibus atrasou. Isso é um pobrema SEU.

O que mais me espanta é que é uma teoria ricamente formulada, embasada em porra nenhuma, multiplicada de maneira quase que virótica.

E o que mais me emputece (com o perdão do uso exagerado até agora das palavras de baixo calão), é que tem sempre um linguista de plantão que vem em defesa da capivara que proferiu tal teoria, dizendo que “Devemos respeitar essas mutações benéficas do nosso vernáculo, que são pura e simplesmente uma expressão regionalista da língua portuguesa, que por sua vez está em constante transformação. Essas mudanças são o reflexo da fluidez contínua da miscelânea tropical que se tornou o nosso idioma…”.

Agora, pergunto: será que esse beócio releva quando o filho escreve “nóis” na redação, ou solta no meio do diálogo um “pra mim fazer”? O moleque deve levar uma saraivada de broncas, recheadas por expressões do tipo “nem parece filho de professor de Português”!

Tá na hora de pararmos com essa mania de passar a mão na cabeça de quem quer ser incluído e os incluirmos de verdade. É direito deles falarem corretamente. O ensino deve ser encarado como um desafio, não apenas como um papel chamado “diproma”, que supostamente resolverá seus PROBLEMAS.

* O diálogo foi escrito na norma culta (ou pelo menos, na tentativa de). Não faço a menor ideia das exatas palavras ou expressões usadas pelas duas moças.

comentários
  1. Michel disse:

    Uma história como essa é de frustar qualquer cidadão… Um redator, então!… rs
    Passo 3 horas do meu dia dentro de ônibus e também “OVO” várias coisas do tipo… “Nimim, táuba, vrido”… “Mortandela”… :-S
    Amigos e colegas próximos até faço questão de corrigir, mas estranhos e desconhecidos, não me sinto a vontade…

  2. Carina disse:

    Olá…. Em questão a justificada mudança do nosso idioma, como o srº mesmo diz uma “miscelânea tropical “, na realidade dependerá do ponto de vista. Se este “poblema” afetará a todos nós em um período de tempo em que não se saberá mais o que é certo e errado, ou se será apenas o “pobrema” de cada individuo que marginaliza a educação. Eu por exemplo, prefiro ficar onde o problema é individual e a mesmo responsabiliza a todos. Bjs, até mais…

  3. Tiago Efectus disse:

    Pelo jeito, só a Matemática vai ficar com os verdadeiros problemas.

  4. Lauro Lacorte disse:

    Realmente, é de doer no fundo do coração ouvir diálogo de ‘busão’.
    A educação no Brasil ta nivelada por baixa já faz um tempo.

  5. ANDREA FRANÇA disse:

    É caçou achou um p. problema, poblema ou será pobrema?

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